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Promessa cumprida: o cabelão se foi… ajudar alguém

Habituada a acordar 15 minutos mais cedo só para pentear o cabelo do filho, dona Rosinei Guedes vai ter que se acostumar com uma novidade. Está dispensada da tarefa diária, mas agora precisa encarar a ausência das madeixas. “É do que eu vou sentir mais falta. Desse momento que era tão nosso. Mas é hora de o cabelo ajudar alguém”, disse. Depois de dois anos e meio sem sequer aparar as pontas, Erik Alejandro de Andrade, 13 anos, decidiu, no dia no aniversário, encerrar um ciclo. Cortou a cabeleira na tarde de ontem e já separou as mechas para que sejam encaminhadas ao Centro de Oncologia Integrado (COI) do Hospital Ana Nery. “Ao invés de ganhar um presente, estarei dando um presente para alguém.”

O desejo do jovem foi relatado pela Gazeta do Sul em agosto do ano passado. O aluno do 8º ano da Escola Estadual Nossa Senhora do Rosário deixou as madeixas crescerem para doá-las, a fim de que sejam transformadas em peruca.  A iniciativa foi espontânea. “Nunca tive alguém com câncer na família, mas acho que meu cabelo pode ajudar as pessoas que perdem os fios por causa do tratamento. Só quero que elas sintam alegria”, disse ele, minutos antes de encarar a tesoura.

Erik foi ao salão acompanhado da mãe, com um ar de serenidade. “Parece que eu estou mais nervosa que ele”, brincava Rosinei. O estudante só tinha uma preocupação. “Vou sentir falta do cabelão no inverno. É bom para esquentar as orelhas.”

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Segundo a análise do cabeleireiro da família, Celso Luz, o Bugre, as mechas do garoto devem servir para até duas perucas. Foram 50 centímetros de cabelo “puro” sem química ou qualquer aparência de estar quebradiço. Uma relíquia para a elaboração das perucas. 

“Já ofereceram dinheiro para ele, mas a intenção sempre foi outra. Ele nunca cogitou vender”, acrescentou a mãe enquanto tocava nas mechas já cortadas. “Olha aqui, tem até o cheirinho dele”, disse, enquanto disfarçava um bocadinho para não chorar.

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Cabelo curto, mas por pouco tempo

Erik foi mesmo contagiado. Pelo bem. Nem bem tinha cortado o cabelo e já planejava ingressar em um novo ciclo. “Enquanto eu puder vai ser assim: deixo crescer, corto, deixo crescer, corto…” E a determinação em cuidar das madeixas é tanta que, agora, até a mãe vai aderir à moda cabelão. “O meu cresce devagar, mas quero fazer como ele. Cortar e doar”, promete Rosinei. E assim a tarde passou. Erik satisfeito, Rosinei emocionada e o resto da família ansiosa pela chegada do garoto. 

Depois do corte, Erik voltou para casa e comemorou a segunda etapa do aniversário. A primeira já estava cumprida. O garoto solidário, enfim, cumpriu a promessa. Só está na dúvida se os apelidos na escola vão continuar. “Eu nem me importava”, brincou já de cabelinho ralo, olhando-se no espelho. Feliz.

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Doação vai para o Ana Nery

Os santa-cruzenses interessados em doar mechas de cabelo podem levá-las ao banco de perucas do Centro de Oncologia Integrado (COI) do Ana Nery, Segundo a analista de Comunicação do Ana Nery, Lilian Rodrigues, o projeto Fios de Esperança, que tem apoio do Lions Clube Centro, recebe mechas e organiza o envio dos fios para que cabeleireiras produzam as perucas. 

“A única restrição é que o cabelo seja cortado seco e chegue até nós amarrado e dentro de um saquinho”, explica. Depois da produção, elas retornam ao hospital, onde são concedidas às pacientes que demonstram interesse em ganhar novas madeixas. Caso não haja fila de espera, são enviadas para outras instituições que trabalham com pessoas que fazem tratamento contra o câncer. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (51) 2106 4421. 

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