Campanhas políticas não são algo novo na vida de Fabiano Dupont. Desde que participou, ainda jovem, da refundação do PSB em Santa Cruz, no início da década passada, trabalhou em todas as eleições. A novidade é que, desta vez, é o seu nome que estará na urna. Pela primeira vez.
Fabiano cresceu na região do Bairro Universitário. À época, porém, o campus da Unisc, onde mais tarde trabalharia e se formaria em Direito, ainda não existia. O pai era funcionário da Tabacos Boettcher Wartchow e depois tornou-se sócio de uma loja de máquinas. A mãe era professora.
Foi pelas mãos de quem considera o “segundo pai” que a política apareceu como oportunidade: o advogado Ademar Antunes da Costa, que casou-se com a mãe de Fabiano há 36 anos. Veterano da política local, Costa – que chegou a dar aulas de Criminologia para Fabiano na faculdade – aproximou-se do PSB em 2001, por intermédio de Heitor Schuch, e levou junto o enteado.
Publicidade
Foi após a primeira eleição de Schuch para deputado estadual que teve início a carreira de Fabiano na Assembleia, onde permaneceu até poucos meses atrás, quando se exonerou para concorrer. Na maior parte do tempo, prestou assessoria a comissões de mérito, fazendo análises técnicas e políticas que embasavam pareceres sobre projetos de lei. “São pouquíssimos os não concursados que estavam lá quando eu entrei e que ainda continuam. Tanto que, quando eu me demiti, chorei boa parte do caminho entre Porto Alegre e Santa Cruz, pensando se tinha feito a coisa certa”, lembra.
RAIO X DE FABIANO
Um livro: “Getúlio, de Lira Neto. Não conseguia parar de ler, queria saber como continuava. Gostei muito também de Seu Arno, do Benno Bernardo Kist. Para mim, Arno Frantz foi o melhor prefeito que Santa Cruz já teve”
Publicidade
Uma música: “Sou apaixonado por ABBA. Sou jovem, mas com a mente um pouco de velho.”
Um filme: “O Juiz.”
Time do coração: “Internacional.”
Publicidade
Um ídolo: “Uma inspiração que vou levar para o resto da vida é o Eduardo Campos. Tive a oportunidade de conhecê-lo e era um cara diferenciado. Ainda assisto aos vídeos dele e até hoje me emociono.”
Um hobby: “Além de leitura, jogar futebol com meus guris.”
Um defeito: “Muito ansioso. E perfeccionista. Me cobro demais.”
Publicidade
Uma qualidade: “Quando dou minha palavra uma vez, não volto atrás.”
Militante de fé
Em 15 anos, Fabiano sempre se dedicou intensamente à militância. Tanto que, em duas oportunidades no decorrer de campanhas, foi parar no hospital. Uma delas com um princípio de infarto. “Quando tu te entrega demais, tu não dorme direito, não come direito, o estresse aumenta. O médico me disse: ‘Teu botão desligou’”. Apesar da experiência, ser conhecido ainda é um desafio. “Meu trabalho sempre foi mais técnico e eu nunca fui de me expor”, conta.
Publicidade
Nos últimos meses, em meio à preparação para a corrida à Prefeitura, além da maratona de reuniões e visitas, passou a assistir debates de eleições municipais antigas que encontrava na internet. Outra mania é, após conceder uma entrevista, escuta-la seguidas vezes para identificar seus pontos fortes e fracos. “Às vezes, escuto mais de 10 vezes para ver onde estou indo bem e onde não estou.”
Pés no chão, mas confiante
Aos 39 anos, Fabiano não esconde que a ideia de um dia concorrer a prefeito já passava pela sua cabeça desde que se filiou ao partido. Foi ele, inclusive, o primeiro a defender internamente a candidatura própria. “Quando eu falei pro Ademar, ele disse: ‘É fria’. Depois comecei a buscar um consenso dentro do partido, que estava acostumado a sempre acabar apoiando o PTB”, conta. Embora outras possibilidades tenham sido estudadas, seu nome ganhou força exatamente por ser o único que podia ser apresentado ao eleitorado como uma figura realmente nova.
Tanto em entrevistas quanto em conversas reservadas, Fabiano procura manter os pés no chão e assume as dificuldades que enfrentará. Por outro lado, nega que não tenha pretensões reais de vitória e que sua candidatura seja “pro forma”. “Se eu perder a eleição, eu perco o quê? Nada. Vamos deixar uma semente plantada e se não for nessa, vai ser na outra. Mas ‘impossível’ é uma palavra que eu cortei do dicionário”, disse.
Na folga, atenção aos “guris”
Marcado pela experiência da separação dos pais quando tinha apenas 3 anos e acostumado a dividir-se entre Santa Cruz e Porto Alegre, Fabiano não abre mão de dedicar quase todo o seu tempo livre à família. “Sou muito família, o que até é um problema para um político”, observa.
Nas horas de folga, quando não está entretido com alguma leitura (hábito que intensificou enquanto cursava mestrado em Direito), está com os filhos Matheus, de 9 anos, e Arthur, de 6. Dentre os passatempos que divide com a prole estão futebol no pátio da casa onde moram, no Bairro Aliança, videogame, os cães de estimação (um yorkshire e um beagle) e passeios à beira do Rio Pardinho. “Eles estão orgulhosos de ter um pai candidato. Foram na convenção e acharam uma loucura”, conta.
O tempo também é dedicado à esposa Gabriela, que é concursada da Prefeitura e parceira inseparável das empreitadas políticas. Foi a política, aliás, que os colocou no mesmo caminho, em 2004. “Conheci ela na campanha do Carlão (Smidt) e do (Paulo) Beneduzi. Minha mãe é prima do Sérgio Moraes e os pais dela eram amigos dele”, relembra.
Leia as matérias com os outros candidatos:
>> Afonso Schwengber: homem das lutas e do campo
>> Gerri Machado: o acaso que virou um sonho
>> Sérgio Moraes: entre o plenário e a oficina
>> Telmo Kirst: o mais difícil veio depois