O Ministério da Agricultura reconheceu na última terça-feira, 11, o Rio Grande do Sul como zona livre de febre aftosa sem vacinação. A Secretaria Estadual da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural informou que mudança em nível comercial passa a vigorar já no mês de setembro.
A medida é vista como um grande avanço pelos sindicatos rurais e entidades do setor no Vale do Rio Pardo. Segundo o presidente do Sindicato Rural de Santa Cruz do Sul e representante local na Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Marco Antonio dos Santos, a medida é positiva e tem o apoio da Farsul. Ele afirma que o reconhecimento como zona livre de febre aftosa sem vacinação será um grande incentivo para a exportação de carne bovina e suína e de aves e aumentará a possibilidade de venda dos produtos para 70% do mercado mundial.
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“Existem mercados que só compram onde não existe vacinação. Parte do Japão, por exemplo, adquire alguma coisa de carne bovina desossada, mas o frango e o suíno têm uma importância muito grande nessas cadeias que são livres de febre aftosa.” O dirigente projeta que o reconhecimento aumentará a possibilidade de exportação da carne gaúcha para países com maiores restrições, como Estados Unidos, Canadá e membros da União Europeia.
Santos explica que o mercado de carne bovina não será imediatamente afetado, pois o Brasil já vendia o produto para regiões que não possuem maiores ressalvas em relação à febre aftosa, como China, Hong Kong, Tailândia, países árabes e México. Mas para o comércio de carne suína e de aves, será um grande passo. Apenas no setor de suínos, a Secretaria Estadual da Agricultura espera um incremento anual de R$ 600 milhões nas exportações.
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Segundo Aline Correa da Silva, da Inspetoria de Defesa Agropecuária de Santa Cruz do Sul, muitos países faziam restrição à carne gaúcha, pois o Estado, apesar de ser livre da febre aftosa há muito tempo, precisava vacinar o rebanho. Com a ratificação de zona livre de febre aftosa, o mercado de carnes alcança um novo status, mas o produtor precisa seguir alerta para as medidas sanitárias. “Não vamos precisar vacinar mais para febre aftosa. Isso não quer dizer que não tenham outras obrigações com a inspetoria. Ele (o produtor) continua tendo a necessidade de vir fazer a declaração anual, porque agora vamos focar muito na fiscalização do rebanho.”
Expansão do mercado
Para o presidente do Sindicato Rural de Rio Pardo, Luiz Henrique Miguel Lau, o reconhecimento de zona livre da febre aftosa é um grande avanço e fruto de um esforço de muito tempo, com o cumprimento de diversos protocolos de saúde. Ele alerta que, no médio ou curto prazo, os frigoríficos irão vender mais ao mercado externo e o preço pode aumentar em virtude da menor oferta ao mercado interno. Já o presidente do Sindicato Rural de Santa Cruz do Sul, Marco Antonio dos Santos, ressalta que o preço interno é influenciado pela procura do produto. Ele diz não acreditar em uma alta significativa em virtude do aumento da exportação.
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O que é unânime entre os dirigentes sindicais é que os cuidados para evitar um novo surto de febre aftosa deverão ser redobrados sem a vacinação anual. O presidente do Sindicato Rural de Santa Cruz do Sul lembra que o Rio Grande do Sul possui uma vasta área de fronteira com Argentina, Uruguai e Paraguai, e os rebanhos gaúchos não estão livres de um novo contágio por contato com animais selvagens.
Para o Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Santa Cruz do Sul, o fim da vacinação contra a febre aftosa significa um problema a menos para o produtor, já que a imunização pode trazer complicações ao rebanho. O presidente da entidade, Renato Goerck, informa que o município possui em torno de 3,4 mil propriedades rurais, e cerca de 36 mil animais deixarão de ser vacinados no próximo ano. Na última campanha, entre abril e maio, foram cerca de 60 mil doses repassadas a produtores do Vale do Rio Pardo.
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A doença
A febre aftosa é uma doença infecciosa que pode ser transmitida pela saliva, leite e fezes do animal, alimentos ou objetos contaminados. Afeta bovinos, búfalos, caprinos, ovinos e suínos. A transmissão para humanos é raríssima, segundo o Ministério da Agricultura. O último foco de febre aftosa no Brasil foi registrado em 2006, no Paraná e no Mato Grosso do Sul.
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