Após mais de 16 horas de negociação em Bruxelas no domingo, líderes da zona do euro chegaram a um acordo para iniciar as negociações para um terceiro pacote de empréstimos com duração de três anos, que permitirá à Grécia permanecer na zona do euro. Segundo documento da Comissão Europeia sobre a decisão, a necessidade de ajuda financeira da Grécia está entre 82 de euros e 86 bilhões de euros (cerca de R$ 341 bilhões), que seriam concedidos pelo MEE (Mecanismo Europeu de Estabilidade). O documento afirma que, caso aprovado, um resgate incluiria a liberação “imediata” de 10 bilhões de euros para o setor bancário grego.
Para que as negociações continuem a avançar, a Grécia deverá implementar uma série de reformas classificadas pelo jornal britânico “Financial Times” como “o programa de supervisão econômica mais intrusivo jamais estruturado na União Europeia”. Parte delas precisam ser aprovadas pelo Parlamento grego até quarta-feira, 15. Dentre os pontos está um novo fundo de 50 bilhões de euros, que seria criado a partir da privatização de ativos gregos. Metade desse valor será utilizado para o pagamento e recapitalização dos bancos, 25% para o pagamento da dívida e 25% para investimentos.
O fundo será baseado em Atenas, e não em Luxemburgo -uma exigência inicial dos alemães à qual o primeiro-ministro grego Alexis Tsipras se opôs frontalmente. Também estão previstos aumento e simplificação de impostos, reforma no sistema de pensão, relaxamento a restrições ao comércio aos domingos e “modernização” das leis de negociação e demissão coletivas. O anúncio do acordo grego impulsionou os principais mercados europeus. Às 9h52, a Bolsa de Londres tinha alta de 0,69%, para 6.719 pontos, enquanto em Paris o índice CAC-40 tinha valorização de 1,78%, para 4.990 pontos. Em Frankfurt, o DAX subia 1,22%, para 11.453 pontos.
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Às 8 horas (horário de Brasília), o índice MSCI, que reúne ações da região Ásia-Pacífico com exceção do Japão, avançava 0,88%, e o índice japonês Nikkei subiu 1,6%. Em entrevista coletiva, o presidente do Conselho Europeu Donald Tusk afirmou que “acertamos em princípio que estamos preparados para começar as negociações para levar um programa ao MEE, o que em outras palavras significa continuar o apoio à Grécia”. Quando questionado se não seriam “leoninas” as condições do acordo para Atenas, o presidente francês François Hollande destacou a concessão do programa negociado de 80 bilhões de euros e “o programa de investimentos de 35 bilhões de euros” No dia 20 de julho, os gregos têm que pagar 4,2 bilhões de euros de juros para o Banco Central Europeu.
Só a reestruturação do sistema bancário custaria entre 10 bilhões de euros e 25 bilhões de euros. Há duas semanas, os bancos gregos estão fechados e com os saques limitados. “Enfrentamos dilemas e tivemos que fazer concessões difíceis para evitar a aplicação dos planos de alguns círculos ultraconservadores europeus”, disse o premiê grego Alexis Tsipras ao término do Conselho Europeu, no qual foi acertado iniciar negociações para o terceiro resgate.
Para chanceler alemã Angela Merkel, o acordo “está em linha com os programas que acertamos com outros países. Enda Keny [Irlanda], Passos Coelho [Portugal] e Mariano Rajoy [Espanha] falaram muito de seus programas e que este não era nada especial, com exceção dos valores que envolve”, acrescentou. Merkel afirmou que vai recomendar “com total convicção” ao Parlamento de seu país que autorize as negociações assim que a Grécia aprovar o pacote e promulgar as leis iniciais.
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