Em várias manifestações chamei a atenção para esse fenômeno de juízes que se exoneram ou se aposentam quererem entrar na política partidária. Conheço alguns raros que se aposentaram, concorreram a cargos eletivos e foram bem.
A maioria, porém, não sopesa suficientemente as circunstâncias. Enquanto envergam a toga são incensados, festejados com todas as galas. Aposentados, muitos retornam à advocacia, campo mais ameno.
Witzel deve ter somado os anos de outras atividades e assim se aposentou.
Publicidade
LEIA TAMBÉM
Salve, imigrantes!
Calma: um dia vai ter que passar
Com efeito, aos 20 anos foi fuzileiro naval. Ficou na Marinha até 1992, chegando ao posto de segundo-tenente. Formou-se em Direito apenas em 1996 por uma faculdade que não conheço. Foi defensor público entre 1998 e 2001. Só entrou na magistratura em 2001. Saiu em 2018 para se candidatar ao governo do Estado do Rio de Janeiro.
Dois episódios me balançaram.
Publicidade
Num, uma pessoa negociava sua rendição à polícia. Não sei se vi bem, mas o criminoso estava dominado, porém um policial deve ter recebido ordens e o matou. Witzel desceu do helicóptero pulando e vibrando. Dá para imaginar um juiz aposentado, um governador aos pulos na pista?
Corta.
Estádio do Maracanã, vitória importante do Flamengo. Witzel entra no gramado do estádio e se ajoelha na frente de um atleta do Flamengo, cujo nome não vou mencionar por ser um deslumbrado. Pois o atleta teatral o desconheceu, se desvencilhou. Ele e o Witzel patrocinaram uma comédia bufa.
Publicidade
Está em andamento um processo de “impeachment”. As acusações são graves e o governador teve que amargar uma maioria na Assembleia para que se abrisse o processo. Consta que há uma decisão suspendendo o andamento. Por isso que os processos não andam. Instâncias em demasia
O que me dói e deve doer a todos os juízes é o abalo que a credibilidade da magistratura sofre. E sofre a cidadania, pela terrível exposição e falta de postura.
Penso que se a pessoa aceita e conquista certos cargos, tem de se dar conta que, mesmo afastado, deve manter intacta sua reputação. Do contrário prejudica a imagem de toda a corporação.
Publicidade
Surge, agora, o triste episódio do desembargador que tentou humilhar um agente público.
Meu consolo é que esses episódios são muito raros. Tão raros que foram notícia.
Fosse um simples anônimo, uma pessoa sem muita proeminência, essa notícia nem seria veiculada. Mas era um magistrado.
Publicidade
Pena, manchou sua toga. Arrasou todo o conceito anterior da sua carreira. Se é que a honrou.
Juiz não tem que dar carteiraço, nem furar fila. Preceito, felizmente, que a maioria absoluta dos concursados segue.