Polícia

William Ribeiro é condenado a dois anos e oito meses por tentativa de homicídio de árbitro

Um dos episódios de grande repercussão nacional no meio esportivo em 2021 ganhou desfecho no tribunal, na tarde desta terça-feira, 7 em Venâncio Aires. O jogador de futebol William Cavalheiro Ribeiro, de 32 anos, foi condenado a dois anos e oito meses, em regime semiaberto, por tentativa de homicídio contra o árbitro Rodrigo Crivellaro. A qualificadora apontada pelo Ministério Público (MP) – que podia ampliar a pena – elencada pelo motivo fútil, foi desconsiderada pelos jurados.

A sessão do Tribunal do Júri foi presidida pelo juiz João Francisco Goulart Borges e começou às 9 horas, no Fórum da Capital do Chimarrão. O crime pelo qual ele foi julgado aconteceu na noite de 4 de outubro de 2021. William atuava pelo São Paulo de Rio Grande em partida contra o Guarani, no Estádio Edmundo Feix, válida pela 12ª rodada da Divisão de Acesso do Gauchão. Aos 14 minutos do segundo tempo, a equipe de Venâncio Aires vencia por 1 a 0.

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Após ser advertido com um cartão amarelo, William desferiu um soco no rosto de Crivellaro, que apitava a partida. Com a vítima caída no chão, ele ainda chutou a cabeça dela. As imagens da gravação da partida, feitas pela Federação Gaúcha de Futebol (FGF), circularam pelo País. Crivellaro teve fratura nas vértebras e precisou usar colete cervical, fazer fisioterapia e ficar 90 dias afastado das atividades profissionais. Só voltou a apitar em 20 de abril de 2022.

Posteriormente, ele abandonou a arbitragem e hoje trabalha como professor de padel. William está suspenso das atividades no futebol profissional. Ele, que fez a base pelo Internacional e atuou em 2017 pelo Avenida, tem histórico de agressividade. Em 2021, antes do episódio em Venâncio, dois relatos de desavenças já o envolviam. Em jogo do São Paulo contra o Lajeadense, mesmo sem estar relacionado para a partida, agrediu um torcedor. Em outro caso, também teria brigado com um sócio.

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“Me arrependo bastante”, disse o réu

O Conselho de Setença que condenou o jogador William Ribeiro foi formado por três mulheres e quatro homens. Um dos momentos mais marcantes do julgamento foi quando o jogador William Ribeiro se voltou à plateia, onde estava Crivellaro, e pediu desculpa pela agressão. “Me arrependo bastante”, disse o réu. O promotor de Justiça Pedro Rui da Fontoura Porto, autor da denúncia contra o jogador, explicou que a acusação era de dolo eventual, ou seja, quando o agente assume o risco de matar.

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A tese era de que até o momento em que William deu o soco e derrubou o árbitro, era lesão corporal. Porém, quando chutou a vítima prostrada ao solo, ele assumiu o risco de matar, pois sabia a força do chute e visou região letal do corpo da vítima. O assistente de acusação foi o advogado Daniel Tonetto. A defesa de William foi feita pelos advogados Fábio Gonçalves, Luis Gustavo Bretana e Ana Paula Cordeiro Krug.

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Os três defensores pediram aos jurados que reconhecessem que não houve tentativa de homicídio, com a desclassificação do crime para lesão corporal. Bretana chegou a afirmar que “não houve risco de morte no local em que o chute pegou”. “Se havia previsão, é de que ia machucar o Rodrigo. Foi o que ele fez”, disse o advogado, sobre a ação do réu. “Jamais intencionou algo pior”, complementou.

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Ana Paula pediu o afastamento da qualificadora de motivo fútil e disse que o estopim da agressão não foi apenas a advertência do árbitro. “Partida valia muito. Ânimos estavam quentes”, salientou, acrescentando o fato de que atividade era o ganha-pão do réu. Na réplica, o promotor Pedro Rui da Fontoura Porto reiterou que a agressão praticada por William não podia ser considerada apenas como lesão corporal. Fábio Gonçalves, na tréplica, enfatizou: “Vamos sancionar William, sim, mas de uma maneira justa”, pediu aos jurados.

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Judiciário negou desaforamento do júri

William Ribeiro foi preso em flagrante pela Brigada Militar ainda no Estádio Edmundo Feix, em 4 de outubro de 2021, mas foi solto já no dia seguinte pela Justiça. Desde então, o Ministério Público (MP) de Venâncio Aires vinha pleiteando a prisão preventiva, principalmente porque nove meses depois do fato em Venâncio, em 24 de julho de 2022, o acusado reincidiu no mesmo delito.

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Em um jogo de futebol sete na cidade natal dele, Pelotas, após levar um cartão amarelo, agrediu com um soco o árbitro Jones Belém. Mesmo diante do histórico prévio e da reincidência após o fato em Venâncio, o Poder Judiciário negou todos os pedidos de prisão preventiva feitos pelo MP, e ele respondeu em liberdade pela tentativa de homicídio contra Crivellaro. Inicialmente, o julgamento era pra ter acontecido no dia 24 de novembro.

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Um dia antes, no entanto, o juiz João Francisco Goulart Borges acolheu o pedido da defesa, que apresentou um atestado médico que recomendava “repouso ao réu que manteve contato com pessoas infectadas pela Covid-19”. O Judiciário ainda negou o pedido de desaforamento do júri, pois a defesa queria levar o réu para ser julgado em Pelotas, cidade natal do jogador, e não em Venâncio, onde o fato aconteceu, pois sustentava que na Capital do Chimarrão ele “não teria um julgamento justo”.

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Heloísa Corrêa

Heloisa Corrêa nasceu em 9 de junho de 1993, em Candelária, no Rio Grande do Sul. Tem formação técnica em magistério e graduação em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. Trabalha em redações jornalísticas desde 2013, passando por cargos como estagiária, repórter e coordenadora de redação. Entre 2018 e 2019, teve experiência com Marketing de Conteúdo. Desde 2021, trabalha na Gazeta Grupo de Comunicações, com foco no Portal Gaz. Nessa unidade, desde fevereiro de 2023, atua como editora-executiva.

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Heloísa Corrêa

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