Depois da vitória em uma das apurações com final mais emocionante na região, o prefeito eleito de Venâncio Aires, Giovane Wickert (PSB), começa a preparar o processo de transição na Prefeitura e montagem da futura equipe de governo. Com votação expressiva no interior do município, que garantiu a virada nas últimas urnas sobre o candidato que representou a situação, o atual vice-prefeito pretende dar atenção especial à área rural, sem deixar a cidade de lado. “Vamos procurar equilibrar o que estava desequilibrado”, afirma Wickert, destacando que o interior estava muito abandonado.
A definição do vencedor na disputa para prefeito apenas saiu após a computação dos votos das últimas seções no domingo. Wickert lembra que com 65% das urnas apuradas, ele estava com 1.600 a 1.700 votos de desvantagem. “A situação ficava cada vez mais difícil de reverter, mas com a entrada das urnas do interior, a vantagem começou a encolher e conseguimos virar”, recorda. Quando faltavam as últimas nove urnas, o candidato do PSB ainda estava com 16 votos atrás. “Em dois minutos, houve o anúncio sobre a vitória pela diferença de 254 votos em um universo de 54 mil eleitores”, ressalta.
Entre as ideias que o futuro prefeito pretende colocar em prática está a descentralização da administração municipal, com o atendimento em uma localidade a cada sábado de manhã, com a participação de toda a equipe de governo, para ouvir a comunidade. Wickert observa que o vice-prefeito eleito e atualmente vereador Celso Krämer (PTB) é um dos maiores produtores de tabaco no município, que possui a maior área de cultivo em todo o País e é o segundo em número de pequenas propriedades rurais. Por isso, vai acompanhar de perto todos os trabalhos no interior com a sua experiência no setor.
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O prefeito eleito diz que o objetivo é colocar um técnico agrícola em cada localidade, supervisionado por engenheiros agrônomos, para dar assistência aos agricultores a fim de aumentar a produtividade. “Com agricultura forte, teremos retorno maior com impostos e isso vai gerar mais renda e empregos”, afirma. “Precisamos saber dosar o sal e o açúcar no bolo”, compara.
Equipe de governo com técnicos e políticos
O futuro prefeito de Venâncio Aires pretende montar a equipe de governo com o equilíbrio entre técnicos e políticos. Embora a coligação tenha dez partidos na composição, Giovane Wickert afirma que não prometeu cargos e conta com as siglas como aliadas para ajudar. “A receita é saber liderar com capacidade para formar um bom governo”, diz. Lembra que o governador José Ivo Sartori foi bem avaliado quando foi prefeito de Caxias do Sul, com apoio de 19 partidos. E o prefeito de Canoas, Jairo Jorge, tinha 17 siglas na coligação e terminou com 19, também com alto índice de aprovação.
A definição dos nomes dos futuros secretários deve ocorrer entre o final de novembro e início de dezembro. Mas a ideia é cortar cargos em comissão (CCs) e secretários adjuntos para economizar recursos.
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Wickert disse que o prefeito Airton Artus (PDT) ligou na segunda-feira de manhã e solicitou dez dias para o início do processo de transição. Afirma que está ciente de que existem atrasos no pagamento do transporte escolar, na merenda escolar e outros setores, por isso haverá dificuldades para o fechamento das contas no fim do ano.
Com oito vereadores dos partidos aliados eleitos, dentre eles o mais votado – Gilberto dos Santos (PTB), Wickert começará com maioria na Câmara e com a possibilidade de ampliar ainda mais o apoio diante da articulação com outros dois parlamentares. O futuro prefeito considera a decisão de migrar para o PSB como coerente, observando que diversos outros líderes do PT no Estado fizeram o mesmo. E com os partidos integrantes da coligação que vai governar o município, terá como aliados os dois deputados federais da região e diversos outros políticos para buscar recursos em Brasília.
Obstáculos no caminho quase tiraram a vitória da coligação
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Sobre a eleição, o prefeito eleito de Venâncio Aires afirma que tirou no interior a desvantagem que teve na cidade, que representa 60% do total de eleitores do município. A votação na área rural foi de dois por um a favor dele, conforme Giovane Wickert. Explica que a perspectiva inicial era ganhar com a diferença de 10%, mas alguns episódios interferiram, como o envolvimento do candidato a vice na chapa, Celso Krämer, com informações de ter recebido doação de beneficiária do Bolsa Família para a campanha eleitoral de 2014 – problema gerado por um erro no sistema de cruzamento de dados do Ministério Público Federal (MPF).
Wickert lembra também que uma pesquisa qualitativa nos últimos dias de campanha apontou que o candidato da situação nada fez por Venâncio Aires, mas estava se apropriando das conquistas, enquanto ele tinha participação em quase todas as obras nos últimos oito anos, quando foi vice-prefeito. “Isso mudou o foco do nosso discurso e conseguimos diminuir um pouco a desvantagem na cidade”, afirma. As regiões onde ocorreram as maiores vitórias foram Mariante, Estância Mariante, Barro Branco, Vila Arlindo, Palanque e na área serrana.
Atual vice-prefeito de Venâncio Aires, Giovane Wickert entrou na disputa oficialmente pela Prefeitura após se desfiliar do antigo partido, o PT, e ingressar no PSB. Antes, no ano passado, o prefeito Airton Artus rompeu a coligação com o PT. O futuro prefeito, de 37 anos, também já tem em seu currículo mandato como vereador e atuação em assessoria parlamentar e secretarias municipais de Planejamento, Cultura, Esporte e Turismo, além de ser formado em Gestão Pública. A trajetória política começou com 21 anos de idade.
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