Aproprio-me do título do belo livro de Liv Ullmann, Wandlungen (Mutações), para algumas reflexões. Por sinal, Liv diz que, ao nascer, a mãe dele perguntou ao médico se era menino ou menina. O médico disse contristado: lamentavelmente é uma menina. Digo a seu marido ou você mesmo diz? (“Es ist leider ein Mädchen. Möchten Sie es ihrem Mann vielleicht lieber selbst sagen.”) Tudo mudou, não é? E para o bem e para o mal. Cada dia em que observo crianças, me convenço de que as gurias são mais “haraganas” que os piás. Mais vivazes.
Conheço gente que tem pavor do novo; que vive uma vida no raio de 10 quilômetros e é feliz. E lhes dou razão. Importante é se respeitar e ser venturoso. E acatar o modo de vida dos outros. Olhando um pouco para o meu passado, constato um balanço positivo. Uma infância feliz. Bons colégios, vida normal. Mudança para Porto Alegre.
No meio disso Freiburg, na Alemanha, eu estagiando no Max Planck Institut für ausländisches und internationales Strafrecht (Instituto Max Planck para Direito Penal Estrangeiro e Internacional).
Lá conheci o famoso jurista Hans-Heinrich Jescheck. Por sinal, faleceu em 27 de setembro de 2009, data do meu aniversário. Logo que fui apresentado a ele, falei em alemão e ele disse: teus ancestrais vieram do Mosel. E acertou: vieram de Zeltingen-Rachtig. Não era tão difícil assim, pois quando se aproxima de nós uma pessoa chiando deve ser carioca; se tem um “r” caipira é paulista do interior. O jeito de os alemães falarem é muito diversificado.
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Muitíssimo aprendi com meu tempo na Alemanha. O Direito não é só “praxis”, mas muita teoria, que tantos desprezam.
A vida bucólica, mas dura, da pecuária. Mais mutações. Do charolês para o zebu; dele para o Angus, daí para o Brangus. Ovelhas, começando com Ideal e mudando para Ile de France.
E tempo para escrever, para ler? Para viajar, para ver filhos e netos? A gente tem que reconhecer os avisos do tempo.
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Como avô, achei por bem esses dias, ao contemplar esse mar azulzinho e manso, tomar um banho de mar com o Matheus (Ma + Theos = presente de Deus). Como meu genro se encontrava viajando, resolvi convidar o guri. Temperatura de uns 15 graus. Mas o piá não refugou, apesar das reprimendas de uma senhora que passava na orla: “Senhor, esse guri vai contrair uma gripe!”
Lamentavelmente, as cartas e os livros físicos agonizam. Vai tudo para uma tal de nuvem. Quem está certo? O ensino remoto ou como era desde séculos? Olho no olho? Amigos para sempre: o remoto nos dá isso? As mutações acontecem, queiramos ou não.
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