Wagner Moura, protagonista de uma das séries mais comentadas do ano passado, Narcos, em que interpreta o über traficante colombiano Pablo Escobar, ilustra a capa da edição de setembro da revista GQ. De Los Angeles, onde estava para divulgar a segunda temporada da série, que estreia na madrugada do dia 2 de setembro, ele falou à GQ sobre a mudança da família para a Colômbia durante as gravações, de como está se livrando dos quilos extras adquiridos para a atuação e, claro, de política.
Nestes dois anos de sucesso da série, Wagner Moura passou metade deles na Colômbia, filmando em Bogotá e Medellín. A diferença é que, nesta segunda temporada, ele decidiu levar toda a família – a mulher, a fotógrafa Sandra Delgado; e os três filhos, Bem, de 10 anos, Salvador, de 6, e José, de 4 – para morar na capital colombiana por seis meses. “Neste segundo ano, a família foi comigo e foram meses maravilhosos. Os meninos aprenderam a falar espanhol, estudaram em uma escola de regime integral que ia das 8 da manhã e acabava às 5 da tarde, onde, além das aulas normais, praticavam esportes, tocavam guitarra, jogavam xadrez”, conta o ator.
Nesse período, ele precisou engordar 20 quilos para interpretar Pablo em fuga, nos seus últimos 18 meses de vida. “Me esforcei muito para engordar, porque meu corpo é de magro. Então, comi tudo que não prestava e era bom… Pizza, sorvete, cerveja, vinho, sobremesa todo dia. Cara, você não ia me reconhecer dois meses atrás”, disse o ator, que declinou o convite de atuar com Denzel Washington no remake de Sete Homens e Um Destino por causa disso. “Conversei com (o diretor) Antoine Fuqua e acertei tudo, mas notei que tinha aceitado naquelas de ‘não posso recusar isso’, mas meu coração dizia que não ia aguentar. Queria voltar para o Brasil, se o filme atrasasse ia ser um problema com a Netflix e ainda teria de emagrecer para engordar de novo. Não queria essa confusão.”
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Livrar-se totalmente de Pablo Escobar, no entanto, foi uma missão mais demorada. Moura entrou no boxe e iniciou uma dieta vegana radical. “Além de perder peso, queria tirar esses dois anos de maldade, tiros e morte de mim. Foram dois meses sem beber, fumar, comer carne e derivados de leite”, lista ele, que perdeu 13 quilos em dois meses. “Ainda faltam sete, mas já estou novamente no jiu jítsu. Voltei a tomar um vinhozinho, mas nunca mais vou comer carne ou frango”, diz.
O próximo projeto após o sucesso global de Narcos já está traçado: dirigir seu primeiro longa-metragem, contando a história do guerrilheiro comunista Carlos Marighella. “Para ser xingado ainda mais”, gargalha ele, um dos artistas mais explicitamente contrários ao afastamento da presidente Dilma Rousseff.
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“Dilma é uma presidente muito incompetente. Nunca votei nela e já batia no governo desde 2013. Reconheço o progresso que o PT fez para diminuir a desigualdade social, mas o ciclo do PT acabou, caiu de maduro, de corrupto e incompetente. Mas acho que o impeachment foi uma manobra de interesses escrotos com os mesmos atores de 1964, com exceção dos militares. Quando a bonança deixou de favorecer a esse segmento da elite, aplica-se a velha solução latino-americana: tirar e colocar quem eles querem. Isso é golpe. E não posso compactuar”.