A cor da pele influencia o rendimento médio dos trabalhadores brasileiros. Foi o que divulgou recentemente o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Brancos receberam, em média, R$ 3.099 em 2021. O valor é 75,7% maior do que a média registrada entre os negros, que é de R$ 1.764, e supera em 70,8% a renda de R$ 1.814 dos trabalhadores pardos (conforme a classificação adotada pelo IBGE).
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Números novos, mas nada de inédito. Essa disparidade salarial é quase tão antiga quanto o Brasil, e é uma das razões pelas quais se fala tanto hoje em “racismo estrutural”. “Ah, mas lá vem o mimimi do racismo”, alguém vai dizer. Para variar. Não custa observar que “mimimi” é a expressão infantil da moda. Lembra um pouco aqueles sons emitidos por crianças de colo, que ainda não são capazes de articular palavras e pensamentos. Elas falam dessa maneira, repetindo as sílabas.
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Então, quando surge alguém decidido a pôr os negros “no seu devido lugar”, as pessoas sensíveis se assustam. Ora, mas o racista fanfarrão só age dessa forma porque se sente respaldado – com razão – pelo ambiente social. A regra é “clara”: eu sou melhor, muito melhor do que você, seu preto. Foi o que aconteceu em Santa Cruz na semana passada. Não conheço, nada sei sobre a mulher que despejou insultos sobre um garçom negro. Talvez ela estivesse bêbada e “fora de si”, como se costuma dizer. Mas é justamente quando as pessoas estão fora de si que conseguimos ver o que elas têm por dentro. Como justificativa, desculpe, não serve.
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Sempre aconteceu. A diferença é que hoje temos celulares para documentar os destemperos racistas Brasil afora. Vídeos e mais vídeos. ‘Tu acha que ser negro é bom?”, questiona a mulher, já presa. “Tu vai mudar de cor? Vai fazer uma plástica?” É de se pensar. Será que eu tenho a cor errada? Como Seu Jorge frente ao espelho no filme Medida Provisória, não seria melhor encher o rosto de creme de barbear? Ou coisa que o valha?
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Bobagem. Mas aquela senhora é a cara de Santa Cruz, ou pelo menos de uma certa Santa Cruz, muito preocupada com as suas fantasias de “pureza”. Ao mesmo tempo, existe a cidade do mundo real: repleta de rostos negros.
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