Candidatos à direita do espectro ideológico têm encontrado mais apoio em Santa Cruz do Sul nas disputas presidenciais nas últimas décadas. A tendência conservadora do eleitorado local se manifestou na maioria das eleições recentes. Às vésperas do pleito mais polarizado do período democrático, a Gazeta do Sul analisou os resultados das seis votações desde 1998. Os santa-cruzenses deram mais votos a presidenciáveis à direita em quatro oportunidades: 1998 (FHC, que venceu em primeiro turno), 2006 (Geraldo Alckmin), 2014 (Aécio Neves) e 2018 (Jair Bolsonaro). Em duas, os candidatos mais votados em Santa Cruz não venceram a eleição: Alckmin foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva e Aécio perdeu para Dilma Rousseff.
As duas únicas vezes em que Santa Cruz se inclinou à esquerda foram em 2002 e 2010, quando Lula e Dilma, respectivamente, tiveram mais votos. Conforme o historiador Olgário Vogt, porém, esses movimentos não foram determinadas por votos ideológicos. Em ambas, o candidato derrotado foi José Serra, ex-ministro da Saúde conhecido pela militância antitabagista e que, por isso, colheu derrotas na maioria dos municípios onde a fumicultura detém relevância. “2002 e 2010 são pontos fora da curva. Não foi um voto na esquerda ou no PT. Foi muito mais um voto anti-Serra e contra o que ele representava para a cultura do tabaco”, observou.
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Para Vogt, a explicação para o viés conservador é complexa, mas não está necessariamente no perfil econômico ou no histórico de predominância da etnia germânica. “A esquerda, de maneira geral, é fraca em Santa Cruz. Nem o PT, nem os outros partidos e nem os movimentos sociais conseguiram gestar lideranças fortes e persistentes”, avaliou.
Os resultados também revelam que, embora desde 2006 os candidatos à direita tenham sido mais votados no Rio Grande do Sul nas disputas presidenciais, na maioria das vezes a adesão dos santa-cruzenses foi superior à média do Estado. Em 2018, por exemplo, Bolsonaro recebeu 63,2% dos votos válidos no Estado, enquanto em Santa Cruz chegou a 66,7%. Aécio em 2014 e Alckmin em 2016 também obtiveram margens maiores no município. Além disso, em 1998, quando FHC ganhou em Santa Cruz, Lula foi o mais votado no Estado.
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De acordo com Vogt, não é possível afirmar que o Rio Grande do Sul como um todo é mais conservador do que outras regiões do Brasil. Porto Alegre, por exemplo, foi administrada pela esquerda por 16 anos consecutivos. “As tendências mais à esquerda, ao centro e à direita são determinadas por fatores conjunturais e também cíclicos. Há alternâncias no comportamento do eleitorado”, acrescenta.
Apesar da tendência histórica, Olgário Vogt acredita em uma corrida bem mais acirrada neste ano em Santa Cruz. Os dois candidatos que devem disputar o segundo turno são justamente os que obtiveram as maiores vantagens já registradas em eleições presidenciais no município. Em 2002, Lula recebeu nada menos do que 71,9% dos votos válidos. Já em 2018, Bolsonaro alcançou 66,7%.
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Vogt observa que o atual presidente possui um volume significativo de apoiadores fiéis no município. Além disso, os dois principais grupos da política local estão mais próximos de Bolsonaro: a família Moraes filiou-se ao PL e é defensora ferrenha do governo, e o Progressistas, partido da prefeita Helena Hermany, integra a coligação governista.
Por outro lado, o cenário de 2022 é diferente de 2018, quando o PT enfrentava o desgaste do impeachment de Dilma e Lula estava preso. Tudo indica que o petista irá catalisar votos da parcela que rejeita Bolsonaro. “O voto em Lula não será um voto de esquerda e muito menos um voto no PT. Vai representar um voto anti-Bolsonaro”, observa.
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