Uma bela iniciativa, protagonizada por moradores do bairro Rauber, está chamando a atenção. O prédio, onde funciona a Estratégia de Saúde da Família, na Rua Rosalvo Antônio de Borba, nº 737, vai ficar mais bonito nos próximos dias. Voluntários estão pintando a fachada. Um morador, que não quis se identificar, fez a doação dos galões de tinta e pessoas da própria comunidade se dispuseram a colocar a mão na massa.

Mas quem está mesmo a frente da iniciativa é o aposentado Francisco Tutenhagen, 60 anos, morador há 34 anos do bairro. Após trabalhar anos como operador de empilhadeira e também fazer biscates como pintor, hoje ele prefere seguir se sentindo útil e ocupa o tempo ajudando a própria comunidade. “Esses dias eu vim medir a pressão e vi a Rose saindo com um pincel. Perguntei o que ela ia fazer e ela disse que ia pintar a parede, aí eu disse, larga isso deixa que eu faço”, contou ele referindo-a à técnica de enfermagem Rosilene Gonçalves.

Seu Francisco conta que nem todo mundo aprova o trabalho voluntário que faz. “Tem gente muito revoltada que diz deixa de ser bobo, não vai. Mas se todo mundo fizesse isso, com certeza o mundo seria outro”, fala convicto.  “Vou ficar em casa sozinho, eu e  a esposa, ou então bebendo por aí?”, indaga ele.  Enquanto dava suas pinceladas do lado de fora, no interior da unidade  a esposa participava de uma oficina de prevenção em saúde, o que faz toda sexta-feira.

Semana que vem, quem for até a ESF Rauber/Carlota vai notar a diferença. As cores azul, branco e cinza claro vão estar mais vivas. Esse pequeno mutirão  teve início na semana passada, quando outros moradores limparam a parede com lava-jato e depois lixaram. Já a pintura começou nesta segunda-feira e deve terminar logo. A tinta é suficiente para a fachada, mas Seu Francisco já adianta que se “algum empresário” quiser doar mais um pouco, ele “pinta tudo”.

Segundo a coordenadora da Atenção Básica, Raquel Roseno, a contribuição da comunidade na prestação de algum serviço de manutenção nas unidades de saúde não é incomum. “Volta e meia acontece de alguém ajudar a consertar um trinco de porta, confeccionar uma prateleira nova ou fazer uma limpeza com lava-jato, mas uma ação deste tamanho é mais difícil a gente ver”, conta.

Raquel disse que uma pintura nova estava nos planos da prefeitura, porém, sem orçamento, seria preciso esperar mais um pouco. “A comunidade manifestou a vontade de pintar, se mobilizou, foi lá e fez”.

Já a técnica de enfermagem da ESF Rauber/Carlota, Rosilene Gonçalves, ressalta o forte envolvimento dos usuários com a unidade de saúde. “Nem deu tempo, nem chegamos a pedir a pintura para a prefeitura. Nossa comunidade é bastante participativa, até a sombra foi uma  doação”, brinca ela, referindo-se a única árvore que sombreia o prédio e que foi plantada ali por um morador.