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RECOMEÇO

Voluntários levam móveis e eletrodomésticos para comunidade isolada em Sinimbu

Foto: Rafaelly Machado

Voluntários da organização Nova Acrópole enfrentaram as dificuldades do local para entregar doações em Rio Pequeno

Passados 30 dias do início do maior desastre natural registrado no Rio Grande do Sul, um dos municípios mais atingidos da região, Sinimbu, vive o momento de reconstrução, mas muitas famílias ainda estão sem documentos, móveis e um lar para chamar de seu. Tornam-se ainda necessárias – e extremamente bem-vindas – iniciativas como a da organização internacional Nova Acrópole. Com apoio das unidades de todo o Brasil e até de fora do País, os voluntários conseguiram atender 49 propriedades da localidade sinimbuense de Rio Pequeno.

Uma das líderes, Sofia Bittencourt, conta que o grupo instituiu o programa “Tá na Mão”, como forma de incentivar as doações e trazer condições mais dignas para aqueles que tiveram perdas nas enchentes. O primeiro passo foi fazer um levantamento com todos os moradores, para identificar o que precisavam de forma mais imediata. Mapeadas as dificuldades, o grupo mobilizou as unidades no País e no exterior para conseguir móveis, eletrodomésticos e material para a estrutura das residências.

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Um dos exemplos bem-sucedidos foi a equipe de Curitiba, liderada pelo diretor Oscar Guimarães. Eles conseguiram 66 portas, além de 400 cobertores. Nessa quinta-feira, 30, 30 paranaenses chegaram em Sinimbu para auxiliar na entrega e montagem dos móveis. “Locais muito distantes encaminharam doações em dinheiro, que usamos para comprar equipamentos, como geladeiras. Foram 24 adquiridas aqui no comércio local, como forma de incentivar o recomeço”, afirma Sofia.

A Nova Acrópole conseguiu centenas de itens para serem entregues na localidade de Rio Pequeno. Antes disso, no entanto, já havia feito a distribuição de 200 cestas básicas. “Mas só trazer e deixar não dilui a dor. O que está chegando é importante, mas não é a sua coisa; o que era seu foi embora com a enchente”, diz Sofia, ao reforçar a importância de um suporte psicológico e das outras frentes disponibilizadas pela instituição, como atendimento às crianças, com ações lúdicas, e aos doentes.

Voluntários enfrentaram a dificuldade do local para entregar à comunidade as doações vindas de todo o Brasil e do exterior | Foto: Rafaelly Machado

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Programa é dividido em três frentes de apoio

Com o programa “Tá na Mão”, cerca de 70 pessoas estão colocando a “mão na massa” desde essa quinta na distribuição e na montagem de móveis nas residências. Uma delas é voltada às crianças, com profissionais orientando brincadeiras, peças teatrais e entrega de brinquedos e material escolar. Aqueles que têm alguma enfermidade integram a segunda frente – enfermeiros, médica e mais profissionais de saúde já fizeram a triagem, conseguiram medicamentos e estão levando até os moradores de Rio Pequeno.

O terceiro momento, que ocorre desde quinta, é o da logística para entrega e montagem dos móveis nas casas das famílias atingidas pelas enchentes. Para isso, contam com apoio de pessoas da comunidade, como a técnica em enfermagem e ex-agente de saúde do município, Silvana Beatriz Roesch. Ela cedeu sua residência para o grupo usar como QG. Mesmo tendo perdas e visto parte da estrutura de seu terreno ir com a água, ela juntou forças para ajudar.

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“Foi muito devastador. Ninguém imaginou que aconteceria. Sempre disse, sobre a minha casa, que se viesse água aqui toda Sinimbu estaria embaixo d’água. Foi o que aconteceu”, relembra. Ela estava no hospital, onde trabalha, e ficou “presa”, pois a ponte que permite atravessar o rio teve parte arrancada. Assim, por um período, não teve informações da mãe e da filha. Ambas conseguiram se salvar.

Mesmo sendo uma das vítimas, Silvana Roesch cedeu sua casa para ser QG do grupo | Foto: Rafaelly Machado

A família Silveira

Há cerca de 40 anos os pais de Airton, Milton, Paulo e Pedronila adquiriram uma área perto do rio, em Rio Pequeno, que serviria de recanto para a família. Até a cheia de maio eram três residências. A água subiu, baixou e voltou a se elevar de forma devastadora, fazendo com que duas das moradas fossem ao chão. A outra teve danificadas portas e janelas, além dos móveis. Sobrou o fogão a lenha e, agora, começam a reaparecer itens como a televisão e o colchão, resultado de doações.

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Pedronila conta que foi trabalhar e não conseguiu voltar para casa. Quando retornou, deparou-se com tudo devastado: seus documentos e até o salário, que guardava em casa, foram com a enchente. Os irmãos e o pai, Mário, estão dormindo na casa de um vizinho, que chegou a receber cerca de 50 pessoas nos primeiros dias da cheia. Nessa quinta, feliz com as doações que receberia, Pedronila estava orgulhosa, porque o feriado inspirou um almoço melhor, que perfumava a moradia e até espaços vizinhos.

Família de Pedronila perdeu duas casas | Foto: Rafaelly Machado

Histórias de vida

Em uma ponte que está aos pedaços e isola parte da região, no acesso a Sinimbu, Claudete Jackisch observava nos caminhões da Nova Acrópole quais itens poderiam ser encaminhados para sua moradia, como forma de resgatar um pouco do que tinha. Atingida pela água, a casa onde morava, perto do Clube Cruzeiro, acabou deslocada e não oferece mais condições de moradia.

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Próximo, um chalé foi erguido por amigos e familiares para que tivesse onde morar. A estrutura tem frestas e ainda não conta com fornecimento de energia e água, mas ela adianta que nem pensa em deixar o local. “Gosto daqui e de viver em meio à vegetação, ao verde, de forma mais livre”, destaca. Depois da chegada do grupo de voluntários, terá um pouco mais de conforto, mas ainda será preciso muito para retomar como era.

Claudete: sem luz e água há 30 dias | Foto: Rafaelly Machado

Na Vila do Romeu, que ganha esse nome por causa do proprietário do bar no início da rua, um exemplo de preocupação com animais. Natália Fernandes, com apenas 19 anos, morava com a mãe. A água invadiu a casa já pela segunda vez, o que deixou a mãe temerosa e motivou a mudança para a residência de outra filha, em local seguro. Natália, porém, ficou. Tem um fogão a lenha e uma cama.

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Durante alguns dias, não conseguiu abrir as portas, devido à quantidade de lama dentro da residência. Além desses móveis e do que ganhou do grupo da Nova Acrópole, tem o carinho daqueles que motivaram sua permanência: cinco gatos (Tio Pula, Mimi, Pretinha e dois Mitsis). O sexto, Paçoca, sumiu na cheia. Também conseguiu salvar dois cães. “Voltei por causa dos bichos, e vou ficar.”

Natália ficou na casa pelos animais | Foto: Rafaelly Machado

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