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Agricultura

Volta da chuva ameniza estiagem, mas não resolve problemas em Santa Cruz

Foto: Lula Helfer

Feirante Rosane Niedersberg, da Assafe, conta que a oferta de alimentos nas feiras rurais começa a se recuperar pouco a pouco

Os produtores rurais comemoram o retorno da chuva mais regular e a queda nos termômetros. Após amargar prejuízos desde o fim de novembro de 2019 com a estiagem e as altas temperaturas, a expectativa é de que o clima volte a ajudar quem depende da agricultura. A Defesa Civil de Santa Cruz do Sul calcula que choveu 51 milímetros no município entre terça-feira, 21, e quarta-feira, 22, enquanto o acumulado mensal é de 140 milímetros. Apesar de amenizar o problema, essas incidências não recuperam produções como milho e soja, mais afetadas.

O técnico agropecuário da Emater/RS-Ascar, Vilson Piton, explica que os problemas nas lavouras começaram a se intensificar em dezembro, quando as plantas começaram a secar. Na oportunidade, muitos agricultores não conseguiram concluir o plantio da soja, que foi replantada em algumas propriedades ao longo do mês de janeiro. “A semeadura acontece fora de época, por isso o sucesso da colheita depende do clima daqui para a frente”, esclarece. Em Santa Cruz, a cultura mais assolada até o momento é o milho, com média de quebra estimada em 35%.

Piton reforça que o milho plantado em setembro foi o mais afetado, mas nem mesmo as áreas implantadas em agosto fugiram dos estragos. “Em algumas lavouras, nós registramos perda total. Muitos produtores estão acionando o seguro agrícola para contornar os prejuízos”, afirma. A situação também é grave no leite, em que a queda no volume produtivo é de 20% no município. De acordo com o técnico agropecuário, o calor excessivo e a falta de chuva comprometeram o desenvolvimento das pastagens e provocaram o estresse térmico dos rebanhos.

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Outras culturas
Hortaliças: a Associação Santa-cruzense de Feirantes (Assafe) comemora a chegada da chuva no município. Os produtores começam a plantar com mais intensidade e a planejar novos ciclos produtivos. A presidente da entidade, Rosane Niedersberg, conta que o calor intenso queimou as plantas nas lavouras e até mesmo nas estufas. A consequência foi menos oferta nas bancas e produtos com qualidade inferior, especialmente folhosas. “Agora começamos a normalizar pouco a pouco a produção”, comenta. Hoje, a maioria dos 80 associados possui sistemas de irrigação e celebra também a recuperação dos reservatórios de água.

Caminhão-pipa: a falta de chuva e o forte calor provocaram problemas de abastecimento de água em diversas localidades do interior de Santa Cruz. O secretário de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade, Raul Fritsch, afirma que em dezembro a zona rural recebeu uma média de 40 mil litros diariamente por meio de caminhões-pipa. Hoje o abastecimento ocorre com menor intensidade, mas ainda é necessário. “As captações de água de moradores do interior que ainda não têm água distribuída pelo município através da rede hídrica melhoraram com as precipitações pluviométricas”, revela.

Tabaco: a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) estima que em Santa Cruz os produtores colham 1.725 quilos por hectares na safra 2019/20, 25,4% de quebra em relação à média das safras normais, que é de 2.313 quilos por hectare. Em algumas localidades, o presidente da entidade, Benício Albano Werner, ressalta que os produtores chegam a somar 35% de quebra. Além das perdas em produtividade, a tendência é de que os fumicultores amarguem prejuízos com a qualidade do tabaco – inicialmente pelo excesso hídrico registrado no começo da safra e depois por causa da estiagem e altas temperaturas.

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