O Parque da Gruta, em Santa Cruz do Sul, é um dos pontos de lazer mais populares do município. Lá fica a popularmente conhecida Gruta dos Índios – apesar de não ter mais este nome oficialmente. Isso porque há milhares de anos preguiças-gigantes, que hoje já estão extintas, habitavam a região. E foram elas as responsáveis pela escavação, atribuída erroneamente à população indígena.
Foi pensando nas curiosidades semelhantes a esta que o geógrafo Jossano de Rosso Morais, mestrando em Biodiversidade Animal na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), começou a criar conteúdos para as redes sociais.
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Através do Twitter, o membro do Centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica da Quarta Colônia (Cappa) realiza trabalhos de divulgação científica. Ele conta com mais de 6,5 mil seguidores na rede social e suas postagens frequentemente atingem centenas de curtidas. Entre os conteúdos, está uma série de publicações onde Morais produz montagens com fotografias de localidades do Rio Grande do Sul editadas com animais já extintos.
Em uma das postagens, publicada em janeiro deste ano, o geógrafo mostra uma montagem dele, na entrada da “Gruta dos Índios”, ao lado de uma preguiça-gigante. Ao longo da thread, o pesquisador apresenta evidências de que, ao contrário do que indica o nome popular, a Gruta não foi escavada por povos indígenas, mas sim pelos mamíferos que viveram na Era Cenozoica. Entre as evidências citadas por ele estão o tamanho da caverna, a falta de possíveis ferramentas para que povos nativos tenham escavado os abrigos, a localização de possíveis marcas de garras das preguiças, proximidade com curso d’água e similaridade com outras escavações ligadas às preguiças gigantes, inclusive na região.
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Em 1968 foram localizados objetos indígenas na área do Parque da Gruta, possivelmente de tribos nômades. Por isso, durante muitos anos o lugar foi denominado Gruta dos Índios. Mais tarde, em 2012, contudo, pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) constataram que a estrutura era uma paleotoca, um abrigo subterrâneo cavado por preguiças-gigantes da chamada megafauna.
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O Megatherium, nome científico da preguiça-gigante, habitou a América do Sul desde a extinção dos dinossauros até cerca de 10 mil anos atrás. A espécie é parente das preguiças atuais e atingia até seis metros de comprimento, pesando quatro toneladas. As paleotocas, como a popular “Gruta dos Índios”, serviam de abrigo para o animal. Fósseis de preguiça-gigante já foram encontrados em Caçapava do Sul, região central do Estado.
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Conforme o site Fauna Digital do Rio Grande do Sul, ligado à Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), esses animais utilizavam as cavernas como abrigo para proteção, especialmente dos filhotes da espécie. Pesquisas indicam que as preguiças-gigantes cavavam as próprias cavernas caso os abrigos fossem limitados – como aconteceu em Santa Cruz do Sul. Os locais também eram utilizados para estabilizar a temperatura corporal dos animais, o que seria essencial para a sobrevivência da espécie.
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