A curiosidade para saber o que os outros pensam fez os brasileiros entrarem na moda do Sarahah. O aplicativo é a “febre da vez” e estimula os usuários a falarem com sinceridade. Criado por um saudita, o termo Sarahah é árabe e remete a “franqueza” e “honestidade”. E tudo isso anonimamente. O aplicativo permite que somente o alvo leia os comentários.
O site da plataforma indica que com o Sarahah você vai obter comentários honestos de seus colegas de trabalho e amigos. O aplicativo é um dos mais procurados no Brasil nos últimos dias e isso tem explicação. Segundo a psicóloga do Núcleo de Pesquisa da Psicologia da Informática, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), “as pessoas gostam de saber, de ter uma ideia, sobre o que os outros acham dela. É uma curiosidade para saber a imagem que passa, como é vista e sentida pelos outros”.
O músico santa-cruzense Moisés Schmidt entrou na onda e começou a usar o app. Mas ele não está curtindo tanto assim. “Recebi muita coisa legal, gente boa elogiando o meu trabalho, só que também tem muita mensagem maldosa”, explica.
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Outro ponto negativo, segundo Moisés, é que não pode responder aos comentários recebidos. E essa é uma reclamação geral dos usuários. O Sarahah não permite respostas no aplicativo, ainda assim ele oferece recursos como “favoritar”, bloquear ou denunciar os comentários recebidos. Também é permitido o compartilhamento da mensagem em outras redes sociais. Para usar o app, disponível para Android e iOS, basta baixar, fazer seu registro e divulgar o link do perfil para que qualquer pessoa possa acessar, mesmo fora do aplicativo.
Não é unanimidade
A aceitação do Sarahah não tem sido unânime. Nas redes sociais, usuários dizem que o aplicativo é “covarde” e outros indicam que ele é uma possibilidade de cyberbullying. No Google Play, por exemplo, o app tem nota 2,9. De tempos em tempos, aplicativos com opção de textos sob anonimato caem no gosto popular. É o caso, por exemplo, do Secret, lançado em 2014, em que os segredos publicados anonimamente ficavam expostos para qualquer usuário ler.
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Para Carlos Affonso Souza, diretor do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio (ITS-Rio), o risco de exposição da intimidade alheia do Sarahah é menor. Segundo ele, o uso da ferramenta implica registro do IP usado para acesso do aplicativo. Por isso, de acordo com Souza, “com a guarda do IP de quem postou as mensagens, a empresa cumpre a obrigação constitucional de levar à identificação de quem disse o quê”. “Essas informações estão sendo coletadas e armazenadas e poderão ser repassadas às autoridades competentes.”
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