Escolhemos um restaurante no centro fervilhante de Berlim para almoçar. Pedi um joelho de porco (eisbein), acompanhado de um enorme copo de cerveja. Influenciei outros colegas, que solicitaram o mesmo cardápio. Arrependimento… Um joelho seria suficiente para quatro pessoas saírem satisfeitas do almoço.
Fizemos um tour completo nos ônibus turísticos de dois andares. Estava um dia ensolarado e quente. Os alemães gostam de aproveitar ao máximo possível esses dias maravilhosos levando seus familiares a fazer piquenique nos amplos gramados.
Preguiçosamente estirados nos gramados, saúdam a chegada da nova estação meteorológica, recém-findo o rigoroso inverno. Até os vendedores ambulantes, pedalando suas bicicletas, aproveitam o dia para vender lanches, refrigerantes e água. Algumas mulheres fazem topless, algo normal para os costumes da população.
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Cansados, mas felizes, saltamos do ônibus perto da estação de trem. Faltavam algumas horas para o nosso trem retornar à Niemburg. Aproveitamos para fazer um lanche e tomar cerveja long-neck por apenas cinco euros a garrafa. Ora, ora, o que são cinco “pilas”!
Tivemos a companhia de um jovem brasileiro, sobrinho do nosso guia, que mora na Alemanha. Sua esposa faz um estágio no país e ele está aprofundando seus conhecimentos em tecnologias virtuais. Entre uma cerveja e outra, fizemos diversas indagações sobre como funcionam alguns costumes da maioria desse povo ordeiro e cumpridor dos seus deveres de cidadão, e em que entre o “sim” e “não” inexiste o meio-termo.
Perguntei como conseguem conservar as suas estradas asfaltadas perfeitas, sem buracos como no Brasil. Explicou que a empreiteira contratada para determinada obra tem um contrato de responsabilidade de cinco anos para quaisquer avarias. Um eventual buraco deve ser consertado e o remendo terá mais cinco anos de garantia, dentro dos padrões exigidos no contrato original. Essa responsabilidade está enraizada na cultura alemã.
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No entanto, alguns alemães comentam que gostariam de mesclar a sua seriedade e rigidez com a espontaneidade do brasileiro, povo que admiram pela alegria de viver e essas pequenas irresponsabilidades no modo de levarmos a vida. Mas reprovam a malandragem.
Estava quase na hora de embarcar. Outro grupo de colegas de viagem ocupava outras mesas da lanchonete. Saíram antes de nós. Notamos que a atendente estava contrariada. Reclamava, encarando-nos com um olhar de reprovação. Haviam deixado o ambiente completamente desarrumado. Pratos, copos, guardanapos e cadeiras. Alemão nenhum admite que não entregue o ambiente em ordem. Ainda bem que o nosso guia e seu sobrinho nos salvaram do vexame. Fizemos a faxina. Reorganizamos a nossa bagunça e a dos colegas.
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