Polícia

VÍDEO: uma promessa para sobreviver à correnteza


Imagem mostra bombeiros na travessia

“Dias intermináveis, de frio, fome e exaustão, em um cenário de guerra.” Assim define a bombeira Geniane Nascente de Oliveira, de 33 anos, o que foi sua atuação durante as enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul recentemente. O trabalho iniciou ainda na madrugada de 30 de abril e se estendeu ao longo de boa parte do mês de maio.

Convidada do podcast Papo de Polícia, produzido pela Gazeta Grupo de Comunicações em parceria com o videomaker Bruno Pedry, e lançado na noite da última terça-feira, ela detalhou muitos dos bastidores do trabalho realizado na região, sobretudo no interior de Santa Cruz do Sul, onde viveu momentos de emoção e tensão.

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Dentre vários episódios, Geniane detalhou aquele que ela considera como o mais perigoso da carreira e a única vez em que realmente teve medo de morrer durante o trabalho. A pé, na escuridão das 23 horas de 30 de abril, em meio às águas que ocupavam as áreas de Rio Pardinho, fez uma promessa para sobreviver, junto de colegas, à correnteza.

“Chegou um momento em que perdemos tudo. A caminhonete ficou ilhada num local, celulares lá e sem bateria, rádio não pegava e não tinha qualquer comunicação. A gente não sabia o que estava acontecendo na zona urbana, então não tinha como ficarmos em Rio Pardinho, porque os colegas podiam estar precisando da gente”, contou.

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Foi quando Geniane e outros cinco bombeiros decidiram atravessar a pé a região perto de Linha Ficht, na RSC-471, em Rio Pardinho. Eram 3 quilômetros. A força da correnteza, aliada ao peso do fardamento, a escuridão de todo o perímetro, além do sono após atuar em resgates de enchentes desde as primeiras horas da madrugada, eram alguns dos percalços enfrentados pelo grupo.

“Uma coisa é caminhar 3 quilômetros dentro da água, outra coisa é com correnteza. A água estava no meio da minha coxa. Eu pensava que não podia tropeçar, cair num buraco, torcer o pé, porque qualquer descuido a correnteza iria me levar. Se eu caísse, sabe Deus onde ia parar e quando iam me encontrar.”

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Após começar a rezar e ver que não poderia voltar e teria que seguir até cruzar a água, Geniane e os colegas formaram uma corrente humana para se segurar em meio à força da correnteza. “Foi quando fiz uma promessa, que se eu conseguisse chegar em solo firme e não acontecesse nada com ninguém, eu iria ajoelhar e agradecer.”

Foi o que aconteceu. Eles chegaram ao solo firme, onde estavam alguns moradores. A surpresa veio algum tempo depois, quando ela recebeu uma imagem feita por uma pessoa, do grupo tentando atravessar a água. “Essa foto me emocionou muito. Aparecem só os nossos vultos no meio da imensidão. Ao fundo tem uma luz, e era meia-noite. Aí pensei: é divino, era Deus que nos protegeu naquele dia. É uma passagem emocionante que vou lembrar no resto da minha vida.”

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Cristiano Silva

Cristiano Silva, de 35 anos, é natural de Santa Cruz do Sul, onde se formou, na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), em 2015. Iniciou a carreira jornalística na Unisc TV, em 2009, onde atuou na produção de matérias e na operação de programação. Após atuar por anos nos setores de comunicação de empresas, em 2013 ingressou no Riovale Jornal, trabalhando nas editorias de Geral, Cultura e Esportes. Em 2015, teve uma passagem pelo jornal Ibiá, de Montenegro. Entre 2016 e 2019, trabalhou como assessor de imprensa na Prefeitura de Novo Cabrais, quando venceu o prêmio Melhores do Ano na categoria Destaque Regional, promovido pelo portal O Correio Digital. Desde março de 2019 trabalha no jornal Gazeta do Sul, inicialmente na editoria de Geral. A partir de 2020 passou a ser editor da editoria de Segurança Pública. Em novembro de 2023 lançou o podcast Papo de Polícia, onde entrevista personalidades da área da segurança. Entre as especializações que já realizou, destacam-se o curso Gestão Digital, Mídias Sociais para Administração Pública, o curso Comunicação Social em Desastres da Defesa Civil, a ação Bombeiro Por Um Dia do 6º Batalhão de Bombeiro Militar, e o curso Sobrevivência Urbana da Polícia Federal.

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Cristiano Silva

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