Na carona da Jung Balonismo Aventura, a reportagem da Gazeta do Sul sobrevoou, por 75 minutos, a área central de Santa Cruz do Sul. Abraçada pelo verde e pelo esmero de seus moradores, a viagem é um passeio pela beleza do município e pela hospitalidade de seu povo. A Gazeta do Sul, acostumada a chegar à casa de seus leitores por meio do jornal, nessa sexta-feira, 24, diante da proximidade do dia em que celebra seus 75 anos, esteve ainda mais próxima da comunidade. Flutue conosco nesta reportagem, que conta a aventura de voar sobre Santa Cruz do Sul, um serviço que começa a funcionar a partir deste domingo, 26.
O relógio marcava 6h23 e um dos maçaricos do balão anunciava que a sexta-feria seria especial. Inaugurando o serviço de voos panorâmicos de balão em Santa Cruz do Sul, a Jung Balonismo Aventura abriu o espaço aéreo para os passeios. Partindo do campo de futebol Konzen, de Linha João Alves, o primeiro voo tripulado chamou atenção nos céus da cidade, que despertou com a imagem do balão colorido voando baixo, perto de sacadas e janelas de casas e prédios no município.
Quem foi criança nos anos de 1980 certamente lembra do Lindo Balão Azul, trilha sonora que abria o programa infantil Balão Mágico, da TV Globo. Impossível não voltar no tempo e relacionar a imagem do balão com a memória afetiva da infância, para voar no céu como em uma história de criança. A viagem que marcou o início deste serviço em Santa Cruz tem este sabor.
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Sérgio Jung tem 50 anos e sempre quis voar de balão. Várias tentativas frustradas – pois o serviço necessita de condições favoráveis do clima – fizeram dele piloto. Habilitado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), ele comprou um balão e criou a sua empresa. Especializada em passeios aéreos em Lajeado e Venâncio Aires, a Jung agora é também santa-cruzense. “A partir deste domingo vamos começar com os voos aqui em Santa Cruz do Sul. Estamos muito otimistas, pois a cidade é linda, cheia de locais especiais para pouso e decolagens”, disse Jung, ao descer do cesto de vime, depois do voo tripulado pela Gazeta do Sul.
Para voar, a estrutura que decola pesando mais ou menos uma tonelada – 500 quilos de equipamento e 500 quilos de tripulação -, precisa de força. Em 75 minutos de voo, foram consumidos 25 quilos de gás propano, pressurizado, para assim dar mais força ao par de maçaricos. O balão, feito de nylon revestido, precisa ser inflado com 4.000 metros cúbicos de ar quente. Quando este ar chega à temperatura de 70ºC, começa a sua subida suave.
Um voo dura de 50 a 75 minutos, em média. “Se estamos voando há 50 minutos, e estamos próximos de um local seguro para a descida, a gente encerra o voo. A segurança sempre vem em primeiro lugar”, garante o piloto. O balão também voa alto. A altitude que fica no limite da segurança é 3.200 metros do chão. No voo inaugural, o balão de Jung alcançou 650 metros. Mas voou baixinho também, sobre o Parque da Oktoberfest e parte da Rua Tenente Coronel Brito, a apenas 40 metros acima do asfalto.
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Ouvintes da Rádio Gazeta, que acompanhavam a aventura pelas ondas do rádio, ou em imagem pelas redes sociais do Portal Gaz, acenavam de sacadas e pátios. Nas redes sociais pipocavam fotografias e vídeos do balão que trouxe o amanhecer de sexta-feira. Não há como controlar o voo. Com vento soprando em direção Oeste, o ponto de descida seria Vera Cruz. Ao ver a interação dos moradores, Jung decidiu ficar e tentar dar mais uma volta por Santa Cruz. O balão subiu para pegar carona no vento, que o empurrou para o Bairro Country, próximo do ponto de partida.
Sem ter como pedir licença, o voo terminou em uma propriedade privada, no Bairro Country. A ideia inicial era descer em Vera Cruz, para onde, de fato, o vento empurrava o balão. No entanto, a interação com a população do Centro de Santa Cruz fez com que a viagem fosse alterada. “Por isso, ficamos um tempo maior sobrevoando o Centro”, justificou o piloto.
Para recolher o balão, a equipe que acompanha o voo em solo se mobiliza. A meteorologia, consultada com precisão para marcar o passeio, havia alertado para risco de chuva fraca, no fim do percurso. “Foi um voo muito tranquilo, mais um para a conta” define Jung, que tem no currículo mais de 200 horas de voo e uma formação de piloto concluída em São Paulo.
O “lindo” balão colorido também é fabricado no Sudeste. Segundo Jung, as empresas que trabalham na confecção deste meio de locomoção concentam-se entre São Paulo e Rio de Janeiro. O equipamento usado no voo panorâmico tripulado pela Gazeta do Sul foi preparado no Rio de Janeiro. “Foi uma ação feita para divulgar um aplicativo de transporte. Ele foi usado uma única vez, e depois colocado à venda. Nós o compramos para usar aqui na região”, revela Jung.
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O balão, um equipamento que é seguro
A prática do balonismo é orientada pela Anac. Para conseguir levantar voo, o equipamento, que tem documentação semelhante à de um avião, depende de um piloto formado. O certificado é concedido para quem tem coragem e sabe lidar com o imprevisto.
Feito com um cesto de vime, cordas e um nylon especial, o balão é um aparelho caro. Em média, custa R$ 90 mil e tem prazo de validade. Cerca de 400 horas de voo são suficientes para deixar o nylon permeável ao ar quente, fazendo com que se gaste mais gás do que o normal. Quando isso acontece, é hora de aposentar o balão.
Um voo de uma hora consome em média 25 quilos de gás propano, que custa caro. Uma carga para 60 minutos sai por R$ 450,00. “A formação também não é barata. Eu investi R$ 26 mil para ter minha habilitação de piloto. Isso precisa ser assim, pois a segurança é fundamental”, diz Sérgio Jung.
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Para contemplar a cidade a partir da vista do balão, a Jung Balonismo oferece dois tipos de planos. No balão maior – usado para o voo tripulado pela Gazeta do Sul – o passeio sai a R$ 350,00 por pessoa, com divisão do espaço para até cinco passageiros, mais o piloto. Há a opção de passeio exclusivo, para casais, por exemplo. Em um aparelho menor, o voo custa R$ 1,2 mil. Além do piloto, uma equipe de três operadores acompanha em solo. A navegação é feita por GPS, que indica a direção e mede a velocidade do vento. A partir deste domingo, a Jung Balonismo Aventura dará início aos passeios tripulados em Santa Cruz. A empresa atende pelo telefone 9 9877 6063.
Uma surpresa no seu quintal
por Paola Severo
paola.severo@gaz.com.br
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Posso imaginar a surpresa dos moradores quando olharam pela janela e viram um balão pousado do lado de fora da casa, entre as plantas ornamentais, em área residencial de Santa Cruz. Mais emocionada que a família, só a equipe da Gazeta que havia realizado um inesquecível passeio na manhã desta sexta-feira. Eu, Rodrigo Nascimento, Maria Regina Eichenberg, da Rádio Gazeta, e o fotógrafo Alencar da Rosa vivemos a experiência de nos aventurar pelos céus. No solo, a fotógrafa Rafaelly Machado viveu sua própria aventura, seguindo de carro a equipe de apoio do piloto.
Acordada desde as 5 horas da manhã, a equipe já estava a postos antes das 6 horas no local de onde o balão partiu, em Linha João Alves. E devidamente paramentada com celulares e câmeras para fazer os registros; e bonés, já que o calor das chamas pode ser forte e era indicado proteger a cabeça. A subida foi repleta de risadas nervosas por parte dos tripulantes de primeira viagem, mas o piloto nos transmitiu muita calma. Quando batia um leve desespero, a gente espiava o Sérgio e ele estava muito sereno; então, devia estar tudo certo.
Lá de cima, o vento e a imensidão do céu tomam conta. Só passando assim, de pertinho, dá pra ver como nós, santa-cruzenses, somos abençoados com uma natureza rica. A cidade tem tanto verde! Isso dá uma alegria quase tão grande quanto voar. Outra qualidade do passeio é ver a reação das pessoas, que saíam de casa ou paravam os carros para ver a novidade, alguns com o celular na mão e outros abanando. O grupo, claro, abanava de volta, cheio de simpatia.
Fiquei nervosa, mas confesso que foi muito tranquilo. O balão não balança muito e se move devagar. A música de fundo providenciada pelo Sérgio ajudou na sensação de calma. Enquanto o observava lidar com os equipamentos e os botijões de propano, pensava em quanto os seres humanos são capazes de fazer. Quantas gerações de pessoas não sonharam em ver o mundo sob a perspectiva dos pássaros e nunca tiveram esta chance? O sentimento final é de reverência pelo meio-ambiente lindo que temos e de gratidão pela chance de experimentar um voo diferente.
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