Pelo quinto ano consecutivo, o Projeto Gerir – Workshop de Gestão Organizacional, iniciativa da Gazeta Grupo de Comunicações, coloca em pauta temas da atualidade e com ampla repercussão comunitária. A primeira edição de 2021 foi realizada na última terça-feira, 30, à noite, em plataforma digital, formato adotado no ano passado em virtude do distanciamento social motivado pela prevenção à Covid-19.
Na ocasião, em transmissão ao vivo pelo Facebook e pelo YouTube do Portal Gaz, três painelistas debateram os “Novos caminhos para a educação”, diante das alterações provocadas no processo de ensino e de aprendizagem pela pandemia.
Os painelistas da primeira edição do Projeto Gerir em 2021 foram a reitora da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Carmen Lúcia de Lima Helfer; o secretário municipal de Educação de Santa Cruz do Sul, João Miguel Wenzel; e o coordenador da 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Luiz Ricardo Pinho de Moura. A mediação foi do comunicador Leandro Siqueira, gerente executivo de rádios da Gazeta.
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Além da transmissão em vídeo pelas plataformas de internet, a atividade igualmente pôde ser acompanhada pelo público regional através da Rádio Gazeta FM 107,9 e ainda pela Rádio Rio Pardo FM 103,5. O vídeo na íntegra, com todas as manifestações dos painelistas e debates, pode ser conferido abaixo.
Na abertura das atividades do projeto em 2021, Siqueira mencionou que a pandemia havia provocado (e também intensificado) mudanças muito significativas no ambiente da educação. A partir do momento em que foram suspensas as aulas presenciais, em todos os níveis de ensino, escolas públicas e privadas, de todos os níveis, da pré-escola ao fundamental, ao médio e aos cursos superiores e de pós-graduação, educandários, professores, funcionários, estudantes e pais passaram a experienciar uma nova realidade. E, diante das vivências de 2020, a rede escolar e universitária depara-se com mais um ano letivo em situação diferenciada, ainda sem a rotina das aulas presenciais.
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Diante desta realidade, a reitora Carmen Lúcia, da Unisc; o secretário municipal de Educação de Santa Cruz, João Miguel Wenzel; e o coordenador da 6ª CRE, Pinho de Moura, analisaram, a partir de suas instituições e de seu público, o que funcionou bem e o que não funcionou tão bem assim no ambiente educacional em 2020, e que serve como perspectiva para 2021.
Uma vez que os debates se voltavam ao contexto da aprendizagem, e a preocupação era a de permitir que esses debates pudessem ser acompanhados por toda a população, o Projeto Gerir introduziu uma novidade: a professora e intérprete de libras Daiane Kipper atuou, na transmissão pela internet, na comunicação de sinais para deficientes auditivos, promovendo assim a inclusão.
No formato do Gerir, Siqueira convidou a cada um dos painelistas que fizesse uma explanação individual, breve, sobre o tema, a partir de suas realidades de atuação. Posteriormente, indagou a cada um deles quais os aprendizados que ficaram, no universo do ensino, deste um ano de pandemia. E cada painelista pôde falar sobre formação continuada, políticas públicas para a educação, metodologias e pedagogias, o papel do Estado e da universidade nesse processo e investimentos em tecnologia, entre outros. A atividade se estendeu por cerca de uma hora e meia.
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O Projeto Gerir conta com o patrocínio de Unisc e Unimed VTRP.
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A necessidade de adaptação acelerou os processos
Para a reitora da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Carmen Lúcia de Lima Helfer, a pandemia do novo coronavírus e o cancelamento de aulas presenciais trouxeram o grande desafio de adequar o ensino às atividades virtuais em tempo recorde. Os professores, e a comunidade escolar como um todo, foram obrigados a reorganizar as aulas rapidamente em uma nova realidade que já se desenhava: a da inserção das tecnologias no ambiente de ensino.
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Apesar das perdas irreparáveis na questão humanitária durante a pandemia, o resultado em termos de avanços na educação, garante a reitora, pode ser bastante favorável, pois a necessidade de adaptação acaba acelerando os processos, como o da implementação da tecnologia.
“Tivemos que nos adequar com brevidade, nos colocarmos em mudança intensa do ensino presencial para o ensino remoto. Vocês imaginem fazer isso com mais de 1.200 disciplinas e 400 professores”, enfatizou Carmen em sua explanação durante o Projeto Gerir, na terça-feira. “Paramos três dias e reorganizamos nossas atividades, começamos a ofertar todos os cursos da universidade nas disciplinas teóricas na modalidade remota, cuidando sempre, tendo como foco a saúde dos nossos professores, dos nossos técnicos e nossos alunos.”
Antes uma tendência que seria aplicada com o passar dos anos, a necessidade do distanciamento social obrigou as instituições de ensino a utilizar as aulas em vídeo e as plataformas virtuais em tempo recorde. Além da adaptação ao uso das novas tecnologias, Carmen Lúcia destacou o trabalho que foi realizado para capacitar os educadores à nova realidade, para oferecer o conteúdo aos alunos com a mesma qualidade das aulas presenciais.
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“Fizemos horas e horas de capacitação docente, para que o docente pudesse acompanhar as mudanças que estavam sendo implementadas”, frisou a reitora. “Tivemos que conversar muito com nossos estudantes para ouvir quanto à satisfação em relação a essa modalidade remota e ao acesso que eles tinham através das aulas.”
O esforço para garantir a continuação da evolução dos estudantes durante o ano letivo atípico servirá de legado para qualificar a educação como um todo, garante a reitora da Unisc. O período de pandemia e os tempos que seguirão farão colocar em prática o discurso que já se pregava: de levar até o estudante, em todos os níveis, seja na educação básica ou superior, métodos que promovam a evolução do ensino.
“Uma certeza é que a mudança permanece. O que nós vamos ter para o futuro a gente não sabe, mas esse aprendizado que os docentes construíram eles vão levar”, ressaltou Carmen Lúcia. “Se o ensino vai ser presencial ou remoto, ou se vai ser híbrido, essa não é a questão. É a qualidade da interação que vai ocorrer tanto no presencial quanto no remoto, entre professores e seus alunos, o conhecimento e a própria comunidade. E essa interação deve ocorrer em todos os níveis.”
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“A tecnologia é importante, mas não substitui o presencial”
Anunciado em dezembro de 2020 como o novo secretário da Educação de Santa Cruz do Sul, o educador João Miguel Wenzel avaliou em sua explanação no Projeto Gerir que a pandemia do novo coronavírus destacou as enormes diferenças entre alunos que possuem e os que não possuem acesso à internet.
A pandemia trouxe perdas em todos os aspectos, segundo o secretário. Wenzel ressaltou o quanto seria importante para a educação brasileira ter encarado a pandemia em outro nível de desenvolvimento. “Seja qual for a situação que vamos procurar como solução, todas têm que passar pela educação, que permeia todas as soluções. Seria mais fácil se tivéssemos uma educação já forte, com vigor, e valorizada por todos. As ações seriam muito mais fáceis de se colocar”, disse.
Um dos entendimentos que o período sem aulas presenciais trouxe aos educadores, conforme Wenzel, foi o de desfazer a falsa sensação de que os jovens já tinham pleno conhecimento sobre a rede mundial de computadores. “A gente, como professor, tinha a percepção de que os alunos entendiam tudo sobre a internet. E a gente viu que não é bem assim”, avaliou. “Eles entendiam de entrar na rede social, de fazer um contato, mas não de usá-la como uma ferramenta real. Nesse sentido, vimos que os alunos estão muito aquém.”
Um dos desafios dos poderes públicos será aumentar o acesso à tecnologia. Nesse sentido, Wenzel adiantou que a Secretaria Municipal de Educação já está em ritmo avançado para garantir uma plataforma unificada para os estudantes de Santa Cruz do Sul. O processo irá auxiliar na diminuição do abismo entre os alunos com maior poder aquisitivo, que têm acesso pleno à internet, e os estudantes oriundos de famílias mais necessitadas.
Wenzel anunciou também um projeto que deve ser posto em prática ainda neste ano. A Prefeitura irá bancar a internet para alunos que não têm acesso às plataformas digitais, que poderão baixar e acessar a plataforma mesmo sem um plano de dados em suas casas. “O próximo passo, que para mim é importantíssimo, e vai demorar um pouco porque precisa de licitação, é o acesso ao que eles chamam de ‘patrocínio de dados’. Isso vai permitir que o aluno baixe o aplicativo mesmo sem internet e possa assistir às aulas. O município paga para essas operadoras e os alunos podem ter o acesso. Esse será um grande ganho na rede municipal neste ano”, enfatizou.
Wenzel ressaltou, porém, que, na sua visão, e independentemente de avanços em infraestrutura, nenhuma tecnologia é capaz de substituir o contato entre aluno e professor. “Nada substitui o presencial, aquilo de a gente receber o aluno, sentir o aluno, perceber as reações. É sentir o dia a dia, sentir as buscas dos estudantes. Isso talvez seja a parte mais importante da educação: ter esse contato real e verdadeiro com o aluno, quando se cria essa relação que só o físico traz”, referiu o secretário.
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A pandemia como um aprendizado
Com 31.800 alunos no início de 2020, a 6ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE) viveu momento de incerteza e apreensão entre professores e alunos em virtude da pandemia do novo coronavírus.
Segundo o coordenador da 6ª CRE, Luiz Ricardo Pinho de Moura, os professores iniciavam o ano se preparando para se adaptar ao novo referencial curricular gaúcho, um trabalho que seria realizado em rede entre escolas públicas e particulares. A necessidade de paralisar o ano letivo trouxe novos desafios para a educação, conforme ele. “No Estado, ninguém tinha essa fórmula mágica de como nós iríamos iniciar esse projeto. Precisávamos ser supercriativos, inovadores, e as escolas muito mais empreendedoras do que já eram”, destacou durante o Projeto Gerir.
Com 97 escolas em 18 municípios da região, Luiz Ricardo afirma que a Coordenadoria Regional de Educação precisou se reinventar. E a pandemia serviu para que a 6ª CRE identificasse novas necessidades na condução do ensino. “Como fazer para dar conta do ano letivo sabendo que estamos falando de escolas públicas da rede estadual, onde o aluno inicia aos 6 anos, vindo de outro mundo, da educação infantil?”, questionou.
O educador ressaltou que o período sem aulas serviu para que a coordenação regional identificasse novas necessidades. “O EAD não era comum dentro da educação básica, no ensino fundamental, no médio, dentro de nossas escolas tradicionais”, frisou. “Começamos o que chamamos de um ‘letramento digital’ para alunos e professores, porque alguns tinham esse conhecimento, e alguns estavam conhecendo pela primeira vez.”
A necessidade de criar uma estrutura que garantisse ao aluno o acesso à educação, aos equipamentos, à internet e ao conhecimento necessário para acessar o conteúdo online evidenciou as dificuldades de boa parte das famílias. Isso possibilitou à própria coordenadoria reconhecer necessidades que irão aprimorar o ensino.
“Quanto aprendizado para nós, enquanto mantenedora, enquanto CRE! Tivemos que conhecer, e conhecemos melhor nosso aluno. Percebemos que tínhamos uma ficha de matrícula falha, por exemplo. Que tinha dados que não eram interessantes para o momento, e precisávamos pensar em um novo modelo”, apontou o coordenador regional. “Percebemos que qualificávamos o nosso professor para uma educação continuada que não apontava para esse caminho.”
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Libras: inserção para pessoas com necessidades especiais
A live do Projeto Gerir teve um detalhe importante, que tem muito a ver com a educação. Pela primeira vez, uma professora e tradutora de Libras fez a tradução ao vivo durante a transmissão do programa. Segundo Edson Marques, coordenador de projetos da Gazeta Grupo de Comunicações, a intenção foi garantir a acessibilidade a todos, durante um importante projeto para a comunidade. A possibilidade partiu de uma sugestão do coordenador da 6ª CRE, Luiz Ricardo Pinho de Moura, durante outro evento de sucesso da Gazeta ligado à educação, o Palco do Saber, realizado junto às escolas.
“Nas classificatórias do Palco do Saber, na escola Rosário, por duas ocasiões se teve duplas de alunos com deficiência auditiva. Conversando com o Chiquinho (Luiz Ricardo Pinho de Moura), ele sugeriu isso, por ser pertinente a questão da educação. Então, entramos em contato com professoras.” Nesta edição, que pode ser conferida online, a professora Daiane Kipper foi a intérprete de Libras.
Momentos do Gerir
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