Polícia

VÍDEO: primeira vítima dos crimes da Rua do Arvoredo foi uma santa-cruzense


A história dos crimes da Rua do Arvoredo, em Porto Alegre, já tornou-se lenda. O episódio é marcante na crônica policial estadual e ganha contornos cinematográficos apenas pelo seu contexto: consta que no século 19, um casal atraía e matava vítimas, e os corpos eram transformados em linguiça, consumida pela alta classe da capital. No entanto, a história é verdadeira, e documentos comprovam que a primeira vítima foi uma mulher que morava na então colônia de Santa Cruz do Sul. No podcast Papo de Polícia, produzido pela Gazeta Grupo de Comunicações, o jornalista investigativo e escritor Ricardo Düren revelou detalhes de uma pesquisa que realizou junto com o também jornalista José Renato Ribeiro.

“O José Renato descobriu o inquérito dos casos da Rua do Arvoredo. Os homicídios realmente aconteceram. Pessoas foram emboscadas, atraídas para a casa e mortas. E a primeira vítima era santa-cruzense. Consta no inquérito que foi assassinada “uma alemoa de Santa Cruz do Sul chamada Luísa, que estava em Porto Alegre vendendo uma partida de charutos’, tabaco santa-cruzense”, contou.

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Descobriu-se que entre 1863 e 1864 pelo menos nove pessoas foram assassinadas pelo açougueiro José Ramos, de 26 anos, que era ex-policial, considerado o primeiro serial killer do Brasil, após serem atraídas pela sua esposa, a húngara nascida na Transilvânia, Catarina Palse, de 27 anos, até o sobrado onde moravam na Rua do Arvoredo (hoje, Rua Coronel Fernando Machado, Bairro Centro Histórico).

No local, José Ramos as matava com um machado. “A carne era utilizada para fazer linguiça, que era muito consumida em Porto Alegre e teria um gosto muito bom, pois seria muito bem temperada”, detalhou Düren a respeito de sua pesquisa. A história do caso foi contada em um livro dos dois jornalistas, chamado Conspiração Geier – O Manuscrito de Aleixo, lançado pela Editora 24 Horas.

Escritor e jornalista foi entrevistado no Papo de Polícia | Foto: Rafaelly Machado

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Condenados

José Ramos foi condenado à pena de morte por enforcamento por seus crimes (a pena depois foi modificada para prisão perpétua). Ele negou os assassinatos até morrer internado na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, em 1º de agosto de 1893. Já Catarina Palse foi condenada a 13 anos e quatro meses de prisão. Deixou a cadeia em 1891, e não há relatos oficiais sobre sua morte.

No episódio do Papo de Polícia, Düren conta sobre as pesquisas realizadas por ele e José Renato nos cemitérios da região, em busca de tentar identificar quem era a Luísa assassinada em Porto Alegre. No mesmo podcast, o escritor revela bastidores de outros crimes que cobriu na região, como o Caso Kliemann; o Caso da Menina do Armário; o Caso João da Grama; os Irmãos Naricos e o terror da quadrilha de Seco nos assaltos a carros-fortes.

As mortes aconteceram na Rua do Arvoredo, atual Rua Coronel Fernando Machado | Foto: Divulgação

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Cristiano Silva

Cristiano Silva, de 35 anos, é natural de Santa Cruz do Sul, onde se formou, na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), em 2015. Iniciou a carreira jornalística na Unisc TV, em 2009, onde atuou na produção de matérias e na operação de programação. Após atuar por anos nos setores de comunicação de empresas, em 2013 ingressou no Riovale Jornal, trabalhando nas editorias de Geral, Cultura e Esportes. Em 2015, teve uma passagem pelo jornal Ibiá, de Montenegro. Entre 2016 e 2019, trabalhou como assessor de imprensa na Prefeitura de Novo Cabrais, quando venceu o prêmio Melhores do Ano na categoria Destaque Regional, promovido pelo portal O Correio Digital. Desde março de 2019 trabalha no jornal Gazeta do Sul, inicialmente na editoria de Geral. A partir de 2020 passou a ser editor da editoria de Segurança Pública. Em novembro de 2023 lançou o podcast Papo de Polícia, onde entrevista personalidades da área da segurança. Entre as especializações que já realizou, destacam-se o curso Gestão Digital, Mídias Sociais para Administração Pública, o curso Comunicação Social em Desastres da Defesa Civil, a ação Bombeiro Por Um Dia do 6º Batalhão de Bombeiro Militar, e o curso Sobrevivência Urbana da Polícia Federal.

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Cristiano Silva

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