Fruto de um trabalho conjunto de investigação das delegacias da Polícia Civil de Vera Cruz e de Santa Rosa do Sul, Santa Catarina, uma operação prendeu cinco pessoas na madrugada de quarta-feira, 25. Foram quatro presos em Santa Cruz do Sul – dois homens, de 22 e 36 anos, e duas mulheres, de 30 e 31 – e um homem de 27 anos em Sombrio (SC).
Segundo a polícia, o quinteto integra a maior facção de traficantes em atividade no Vale do Rio Pardo. Também foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão, seis em Santa Cruz e um em Vera Cruz. Aparelhos celulares e cadernos de anotações foram apreendidos. Segundo o delegado Paulo César Schirrmann, a investigação iniciou-se a partir de um homicídio em Vera Cruz, quase na divisa com Candelária, em 23 de maio, quando um corpo foi encontrado dentro de um veículo carbonizado.
Duas semanas depois, a descoberta de um outro cadáver, às margens de uma rodovia de Santa Catarina, daria início à investigação conjunta entre as delegacias de Vera Cruz e de Santa Rosa do Sul, que identificaria os responsáveis pelo assassinato no estado vizinho. Denominada Revanche, a operação revelou um plano de vingança levado a cabo pelos parentes do homem morto em Vera Cruz, contra o indivíduo que teria cometido esse crime.
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Segundo a Polícia Civil, o primeiro homicídio teve relação com a disputa por um ponto de venda de drogas na zona rural de Vera Cruz. “Não é fácil chegar à autoria em crimes de execução, com mortes encomendadas. Nesse caso, conseguimos em virtude de algumas diligências. Compartilhamos as informações que tínhamos com a equipe de Santa Catarina, para que chegássemos ao desfecho de hoje”, comentou Schirrmann.
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“O rapaz que havia cometido o primeiro homicídio fugiu, com medo de represálias, e conseguiu abrigo em Balneário Gaivota, no litoral de Santa Catarina. Em seguida, pessoas estiveram lá, tiraram ele de casa e o executaram a tiros. Fizemos a investigação, angariamos provas e viemos para o Rio Grande do Sul realizarmos esta operação”, complementou o delegado catarinense André Coltro.
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Os quatro presos de Santa Cruz do Sul foram levados a Santa Catarina, onde cumprirão prisão temporária no Presídio Estadual de Araranguá, assim como o preso em Sombrio. Eles irão responder por homicídio qualificado. Conforme o delegado Coltro, não está descartada a possibilidade de mais qualificadoras serem elencadas no decorrer do inquérito e ampliarem as penas. Ao todo, 25 agentes trabalharam na Operação Revanche, que contou com o apoio das DPs de Santa Cruz.
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BEGO E DIGO: AS HISTÓRIAS POR TRÁS DAS PRISÕES
As investigações da Polícia Civil iniciaram-se logo após o corpo de Silvio Vieira, conhecido como Bego, de 37 anos, ter sido encontrado dentro de um Palio Weekend, às 7h30 de 23 de maio deste ano, em Rebentona, a 100 metros da divisa entre Vera Cruz e Candelária. Na oportunidade, a Brigada Militar havia sido acionada para atender uma ocorrência de incêndio em veículo.
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Constatou-se, então, que um corpo estava no interior do carro. Era Bego. A necropsia apontou que o homem havia sido assassinado a tiros e facadas. Depois disso, o cadáver foi carbonizado junto ao veículo. A polícia apurou que na noite anterior, 22 de maio, teria ocorrido uma desavença em um bar entre Bego e Rodrigo da Silveira, conhecido como Digo, 30 anos.
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Segundo a polícia, os dois pertenciam à maior facção criminosa da região. A disputa por um ponto de tráfico de drogas que funcionava no bar de Digo, na Travessa Becker, interior de Vera Cruz, teria sido a causa do crime. Bego teria interesse em dominar o local, o que teria provocado uma rixa interna entre os traficantes. De acordo com as investigações, Digo teria assassinado o homem de 37 anos.
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Contudo, a morte de Bego desencadeou a fúria de uma parte da facção ligada à vítima. Dos presos na quarta, ele era irmão da mulher de 31 anos e cunhado do homem de 36, conhecido pelo apelido de Gordo. O casal, detido na própria residência, na Rua Bruno Agnes, altos do Bairro Bom Jesus, é apontado como o atual líder da facção.
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Investigação rastreou veículo utilizado pelos assassinos
Um homem de 22 anos, conhecido pelo apelido de Bebê, foi preso pela Operação Revanche em casa, na Travessa Krug, Bairro Pedreira. Ele teria sido o autor do assassinato de Digo. A outra mulher presa, de 30 anos, é a viúva do homem encontrado carbonizado e foi presa no local de trabalho, no Bairro Várzea.
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Na mesma noite da morte de Bego, o bar de Digo foi incendiado em represália ao assassinato. Com medo, Digo fugiu para Novo Hamburgo e seguiu para Torres, ainda no Rio Grande do Sul. Na sequência, foi para o litoral catarinense, em Passo de Torres, vindo a fixar residência em Balneário Gaivota. O quinto homem preso, em Sombrio, conhecido como o Tatuador, teria indicado, mediante pressão de criminosos, o lugar onde Digo teria se escondido.
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Os investigadores rastrearam o Chevrolet Celta branco, com placas de Vera Cruz, que pertencia à mulher de Bego e foi utilizado pelos criminosos no deslocamento até Balneário Gaivota, onde eles sequestraram Digo. “Esse veículo pertencia, inicialmente, a um morador da zona rural de Vera Cruz. Descobrimos essa pessoa, para quem havia vendido o carro e em qual revenda, chegando ao nome da pessoa envolvida no crime”, explicou Schirrmann.
O vera-cruzense foi arrebatado de casa no dia 4 de junho, por volta de 0h50, por homens armados. Seu corpo foi encontrado com 50 marcas de tiros, em estado avançado de decomposição, por trabalhadores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que realizavam roçadas às margens da BR-101 em 19 de junho, próximo ao viaduto que dá acesso a Passo de Torres.
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