ATUALIZADO ÀS 14H42
Um edifício de 24 andares localizado no Largo do Paissandu, no Centro de São Paulo, desabou durante um incêndio de grandes proporções na madrugada desta terça-feira, 1º. Um edifício vizinho também pegou fogo nos três primeiros andares, mas não corre risco de colapso. Outra construção atingida foi a Igreja Evangélica Luterana, inaugurada em 1908 e que fica ao lado do prédio em chamas. Parte da sua estrutura desabou.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, um homem caiu do prédio durante o desabamento. Ele estava sendo resgatado por corda pelos militares quando a estrutura do prédio não resistiu. Os bombeiros abriram um acesso pelo edifício vizinho e a vítima já estava pronta para sair quando toda a estrutura colapsou e a corda que prendia a vítima se rompeu. O homem ainda é considerado desaparecido.
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Um vídeo do momento da queda do prédio circula nas redes sociais. Confira:
Um prédio do Largo do Paissandu desabando agora a pouco pic.twitter.com/wntceeK6w6
— Richard Paiva (@orichardpaiva) 1 de maio de 2018
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Segundo o secretário estadual de Segurança Pública, Mágino Alves, ao todo 270 bombeiros, policiais e agentes da Defesa Civil estão no local. Bombeiros fazem trabalho de rescaldo e remoção dos escombros. “Tudo isso precisa ser feito com muito cuidado porque há a possibilidade de pessoas estarem aí, sob os escombros”, diz.
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O prédio em frente ao que desabou voltou a pegar fogo. Bombeiros entraram para apagar o novo foco, que foi logo controlado. Vidros foram quebrados para o vento circular dentro da edificação.
Segundo o secretário municipal de Assistência Social, Filipi Sabará, 90 famílias já foram atendidas, no total de 248 pessoas. Elas serão encaminhadas para abrigos.
Segundo o secretário municipal de Segurança Urbana, coronel José Roberto Rodrigues, de quatro a cinco prédios foram interditados no entorno do edifício que desabou.
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Pânico
Comerciantes da região relataram correria nas ruas, com clientes deixando hotéis vizinhos às pressas. As testemunhas dizem que vidraças quebraram, espalhando-se rapidamente pelos andares e atingindo os prédios vizinhos.
“Eu estava em horário de serviço e escutei várias pessoas gritando, barulho de vidros caindo. Quando fui ver o que era, as ruas, que estavam desertas, ficaram cheias de pessoas desesperadas”, disse o recepcionista Flávio Gabia, que trabalha em um hotel no Largo do Paissandu. Segundo ele, vários clientes deixaram o estabelecimento quando viram o incêndio. Um hotel ao lado dos edifícios em chamas também foi esvaziado e interditado.
Chamas tomaram conta do prédio | Foto: Reprodução/Twitter
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Moradores
Elaine de Oliveira, moradora do prédio há mais de dois anos, estava com o marido e duas filhas, de 10 e 2 anos, no momento em que o incêndio teve início. Segundo ela, as chamas começaram no quinto andar, o mesmo onde ela morava.
“Não sei bem a hora, era depois da meia-noite. Escutei algo como uma explosão e depois só os gritos de fogo, desce, desce”, disse Elaine, que perdeu tudo que tinha no incêndio. Ela estava descalça, com a roupa de dormir, na frente da igreja do largo.
Elaine, de 32 nos, contou que sua maior preocupação era com seus remédios controlados e com um balão de oxigênio que usava devido a problemas de saúde. “Demorou um tempão para conseguir os remédios de graça, agora perdi tudo. Nenhum documento consegui salvar.”
Alexandro da Conceição, morador do edifício há três meses, estava dormindo no quarto andar na hora em que o fogo teve início. Ele contou que pagava um aluguel de R$ 150,00 para morar no local e que nunca havia percebido falhas na estrutura do prédio.
“Era pouco, mas eu pagava direitinho. Sou pedreiro e nunca tinha percebido qualquer problema na estrutura do prédio”, disse Alexandro, que vivia no local com a esposa e a filha. Ele contou ainda que tinha sido cadastrado pela Prefeitura há três meses, mas que, depois disso, não foi mais contatado. “Agora quero encontrar um lugar para levar minha família.”
Temer visita local do incêndio
O presidente Michel Temer visitou o local onde o edifício desabou. Ele estava na sua residência em São Paulo. Segundo Temer, como estava no município, não poderia deixar de ir ao local. Falou rapidamente com os jornalistas e deixou o centro sob protestos.
Temer confirmou que o prédio que desabou é da União. O presidente ressaltou que o governo federal dará suporte às vítimas. O governador de São Paulo, Márcio França, também esteve no local para acompanhar o trabalho de resgate.
O prédio
O edifício Wilton Paes de Almeida é um prédio de 24 andares e dois patamares de sobreloja, com 11 mil metros quadrados, localizado na esquina da Rua Antônio de Godoy com a Avenida Rio Branco, no Largo do Payssandu. O prédio foi sede histórica da Polícia Federal na capital durante 20 anos, com grandes casos de repercussão nacional.
Antes de ruir, algumas pessoas pediam socorro no último andar. As chamas começaram no quinto andar, alastrando-se rapidamente para os níveis superiores. O local estava em avançado processo de degradação. As salas, que antes eram departamentos da PF, se tornaram moradias separadas por madeira. A fachada tinha várias vidraças quebradas e a luz e a água foram cortadas.
O comando do Corpo de Bombeiros divulgou que o estado precário da estrutura do prédio, com a retirada dos elevadores, contribuiu para a propagação do incêndio, já que o fosso livre serviu como chaminé para o material inflamável, como papelão e botijão de gás,
presente nas moradias.
Em entrevista à Rádio Eldorado, o porta-voz do Corpo de Bombeiros, Marcos Palumbo, ressaltou que o prédio já havia passado por vistoria, na qual foram relatadas as péssimas condições do local às autoridades do Município. Em um segundo momento, o objetivo é apurar quais autoridades receberam as informações sobre as condições do prédio. De acordo com a corporação, os compartimentos entre os andares eram divididos por madeira, o que ajudou a propagar as chamas.
*Com informações do Estadão Conteúdo e da Agência Brasil