Eram 22h25 do último sábado, 14. “A ideia é essa, passar e bloquear!”, alertou um policial rodoviário federal, via rádio, dentro de uma viatura. Dois agentes estavam perseguindo um veículo de transporte coletivo na altura do quilômetro 235 da BR-290, em Cachoeira do Sul. “Passamos o ônibus agora. Vamos tentar bloquear a rodovia aqui na frente com um pesado (caminhão) para parar o ônibus. Brigada tá junto!”, complementou o policial.
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Um tempo depois, às 22h41, já no quilômetro 270, um motorista de caminhão é parado e os agentes solicitam para ele atravessar o veículo na BR-290, na tentativa de evitar a passagem do coletivo. Com a arma na mão, pista bloqueada e perímetro totalmente isolado, a equipe da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Pantano Grande iniciaria ali o que seria a abordagem a um ônibus de origem estrangeira.
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Uma hora antes, a Brigada Militar havia recebido a denúncia de que bandidos armados haviam tomado o coletivo na estação rodoviária de Pantano Grande, que o motorista havia sido trancado no porta-malas e a quadrilha seguia em direção a Cachoeira do Sul. A PRF foi avisada e partiu em direção ao veículo, que foi localizado.
“Conseguimos fazer o bloqueio, só que naquela situação, em que não está confirmado o crime e há uma fundada suspeita, precisamos elevar o nível da abordagem no tom que aconteceu, pedir para os passageiros descerem com a mão na cabeça e verificar a situação para minimizar os riscos”, comentou o agente Evandro Augusto Machado, que estava de plantão e atuou na ocorrência. Toda a abordagem foi gravada pela câmera corporal do policial rodoviário federal. Descobriu-se que, na verdade, era um ônibus que havia saído do Uruguai em direção a Florianópolis, Santa Catarina, e retornava ao país vizinho.
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Na rodoviária de Pantano Grande, após o jantar, um dos três motoristas do coletivo havia entrado no bagageiro para dormir enquanto seguia a viagem. O condutor que o colocou ali não estava com camiseta da empresa de ônibus, o que, aliado à visão do denunciante, de que esse homem teria um volume de arma na cintura, o fez interpretar que se tratava de um assalto.
Para agente, denunciante foi correto; motorista foi notificado
Após entender o que havia acontecido, a PRF notificou o motorista que estava deitado no porta-malas. “É proibido transportar passageiro em compartimento de carga. Ele deveria estar dentro do ônibus, lá em cima, no banco, com cinto de segurança. Ponderamos com eles esse fato e foi isso, inclusive, que gerou toda a situação”, comentou o agente Evandro.
“É importante se colocar no lugar do denunciante. Um ônibus estrangeiro, com um homem colocando outro dentro do porta-malas, fechando e saindo daquela maneira. Ele fez a interpretação e agiu correto. Foi certo fazer a denúncia que ele fez. Cabe a nós verificar a situação, filtrar informações que recebemos e fazer questionamentos para esclarecer”, complementou o policial.
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Como padrão, conforme a polícia, os sequestradores de ônibus, após tomar um coletivo, saem da rodovia muito rapidamente. Têm a estratégia de levar o veículo para uma estrada de chão, mais isolada, onde roubam os passageiros, colocam os itens na bagagem de um outro carro e fogem. “Por isso temos de ser muito rápidos em ações assim, para conseguirmos prender os criminosos”, salientou o agente.
Informações falsas podem gerar ações desnecessárias da polícia
Evandro Machado enalteceu o trabalho integrado entre as forças de segurança. Além da PRF, Brigada Militar de Pantano Grande e de Cachoeira do Sul atuaram na ocorrência. A Polícia Rodoviária Federal conta com a comunidade para fazer denúncias. Em alguns casos, no entanto, o agente admite que há exageros.
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Ele deu como exemplo um caso que aconteceu após a ocorrência do ônibus, de uma informação falsa. “Já era madrugada de domingo quando recebemos informação de um acidente que teria acontecido em Cachoeira do Sul, e que um casal estava preso nas ferragens. Deslocamos e os envolvidos estavam fora do carro, sem nenhuma lesão. Nunca estiveram nas ferragens. Já teve acidente que nos informaram um número de mortos e não havia nem ferido”, comentou o policial.
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Segundo ele, uma hipótese para explicar as informações falsas é que as pessoas acreditam que, quando ligam e repassam detalhes mais graves, podem gerar uma pressa maior na polícia para atender o fato. “De qualquer forma, vamos conferir sempre.” Para Evandro, a denúncia envolvendo o ônibus não foi falsa e tem relevância.
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“Foi verdadeira a partir do momento que tinha alguém dentro do porta-malas e a pessoa que viu fez a interpretação dela, o que é natural, e nós conferimos. O denunciante foi bem e fez a parte dele como cidadão. Mas alertamos que denúncia falsa é crime. É possível investigar e chegar na pessoa que fez, pois mobiliza as forças de segurança não sendo verdade.”
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