Em 1853, Frederico Augusto Hannemann partiu da Alemanha, junto com a esposa e mais 332 agricultores, para uma viagem ao Brasil que duraria três meses. Na bagagem, ele trouxe duas caixas de palha com abelhas negras. Ali era dado o início da apicultura no Brasil.
Primeiro, Hannemann desembarcou onde hoje é o Vale do Sinos, próximo a São Leopoldo. Ficou por um tempo, mas não se agradou. Subiu pelo Rio Jacuí até encontrar a área onde, em 1868, nasceria a Fazenda Abellina.
Quando Hannemann desembarcou, além da esposa Frederica Guilhermina, ele trazia também a pequena Cosmopolitina, que tinha nascido durante a viagem. Ela ganhou esse nome em homenagem ao navio no qual atravessaram o oceano. De acordo com a professora Neuza Quadros, quando a família se fixou em Rio Pardo, em área que fica a cerca de nove quilômetros do Centro, o agricultor logo começou as plantações de parreiras e outras árvores frutíferas, além de cinamomos e eucaliptos, por causa da floração.
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A historiadora Dariane Labres, da Gestão de Projetos e Curadoria de Museus Municipais na Secretaria do Turismo, Cultura, Juventude, Esporte e Lazer de Rio Pardo, conta que esse movimento fez parte do pioneirismo de Hannemann. “Ele se instalou na localidade conhecida como Picada do Mel e fez ali a primeira criação em larga escala de abelhas, com caixas que ele mesmo adaptava.”
Frederico Hannemann é considerado o primeiro apicultor do Brasil. Todo o trabalho e as técnicas que ele usava eram registradas em textos e artigos científicos. A primeira centrífuga construída na América do Sul para separar as abelhas-rainhas do mel foi criada por ele. A peça hoje está exposta no Arquivo Histórico Municipal de Rio Pardo.
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Hannemann era uma pessoa à frente no tempo, um visionário, como define Dariane. Hoje sabemos a importância das abelhas para manter a vida na terra. “A polinização daquelas abelhas negras que ele trouxe garantiu a fartura que temos hoje aqui na região”, enfatiza.
Além da referência em produção de mel, a Abellina produzia vinho em tanques construídos por Hannemann no porão da propriedade. Esses produtos e o ambiente faziam com que famílias inteiras se deslocassem da cidade para aproveitar o ar do interior.
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Segundo a professora Neuza Quadros, esse movimento também incentivava moradores locais a venderem produtos coloniais, como bolos e doces. Para Dariane, o encantamento em poder ir até a Abellina e aproveitar tudo já era um fomento importante para o surgimento do turismo como fonte de renda. “Hoje o turismo rural, o turismo de experiência, é um dos preferidos.”
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Frederico Hannemann chegou ao Brasil com 34 anos, ainda com o nome Friderico. Vinte e um anos depois, prestou juramento para ser naturalizado brasileiro. Na Fazenda Abellina, ainda nasceram a filha Maria Othilia e o filho Alexandre Maximiliano. O apicultor faleceu no dia 26 de julho de 1912 e foi sepultado no cemitério da propriedade, que existe até hoje. Junto dele também está enterrada a esposa Frederica Guilhermina, que morreu em janeiro do mesmo ano.
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Em altas horas da noite, passava pela Rua Andrade Neves um vulto negro, coberto com uma capa preta, que sumia ao dobrar uma esquina. Todos temiam o “fantasma” e ninguém ousava dele se aproximar. Viam-no apenas de longe.
A assombração durou alguns meses. Certo dia, um cabo muito corajoso esperou-o em determinado ponto do trajeto e segurou-o firmemente. Foi então descoberto o mistério: era um capitão que se disfarçava para realizar suas conquistas.
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