Foi no Dia Nacional de Enfrentamento ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, lembrado nesta quinta-feira, 18, que a Polícia Civil colocou atrás das grades um pai de santo acusado de ter cometido diversos abusos sexuais contra crianças de Vera Cruz. Foragido da Justiça há mais de um mês, o babalorixá Luís Carlos Soares, de 62 anos, foi capturado em uma operação traçada em sigilo pelos agentes.
Os policiais descobriram que o homem, que é proprietário de um centro religioso que fica no Bairro Araçá, em Vera Cruz, estava escondido em uma residência da Rua Alegrete, Bairro Planalto, em Encantado, no Vale do Taquari. Coordenados pela delegada Lisandra de Castro de Carvalho, os investigadores da Delegacia de Polícia (DP) de Vera Cruz foram até o local e ficaram monitorando a casa onde o investigado estaria. Quando o homem saiu para o pátio, foi efetuada a abordagem.
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Havia contra ele um mandado de prisão preventiva expedido pela juíza Fernanda Rezende Spenner no dia 13 de abril. A ação desta quinta-feira contou com o apoio de policiais da DP de Encantado. Aos agentes, o homem contou que estava há dois dias naquela residência, morando de aluguel. Antes, havia se escondido também no município de Taquara.
Durante este período, a defesa do investigado tentou entrar com um pedido de habeas corpus no Fórum de Vera Cruz, mas a ação foi extinta. Posteriormente, fez o mesmo no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, com sede em Porto Alegre, mas foi negado. “Neste dia importante de combate à exploração sexual infantojuvenil, conseguimos prender esse indivíduo que é investigado por estupro de vulnerável. A importância da prisão é a proteção da sociedade, a garantia da ordem pública e da própria credibilidade na Justiça e na polícia”, salientou a delegada Lisandra.
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A responsável pela DP de Vera Cruz optou por manter o investigado preso no Presídio Estadual de Encantado, em virtude de possíveis represálias que ele poderia sofrer de outro presos na casa prisional de Santa Cruz.
Investigação
Detalhes do inquérito foram revelados com exclusividade pela Gazeta do Sul em uma reportagem publicada em 15 de abril deste ano. As ações mostram uma sequência de denúncias de mães de meninas que frequentavam o centro religioso de propriedade de Soares. Elas afirmaram que as filhas foram vítimas do suspeito. Pelo menos três crianças teriam sido abusadas sexualmente.
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Em uma das ocorrências, registrada no dia 25 de março, uma mulher de 31 anos, mãe de uma criança de 10, relatou que Luís Carlos Soares abusou sexualmente da menina algumas vezes. Estes fatos estariam acontecendo há mais de um ano. Disse ainda que a criança já havia apresentado comportamento estranho, observado pela família, e que ela buscou de forma espontânea a mãe para falar.
Após o fato, uma amiga da mãe da menina, de 30 anos, também relatou para ela que o mesmo pai de santo havia abusado da filha de 8 anos. Disse ainda que a criança havia demorado a contar sobre o abuso para a mãe por ter medo de que o religioso pudesse fazer algo de ruim à família. Os nomes das vítimas e das mães foram mantidos em sigilo em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
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Segundo a delegada Lisandra de Castro de Carvalho, o pai de santo valia-se da confiança estabelecida pela religião e aproveitava enquanto as mães estavam nas cerimônias para seduzir as crianças desprotegidas e abusá-las. A delegada preferiu não revelar detalhes sobre quais ações o homem teria cometido contra as meninas. Segundo Lisandra, o abuso sexual contra menor de 14 anos não consiste somente na relação sexual consumada, de penetração. “O toque na região íntima, a manipulação de órgãos genitais, um beijo e outras carícias, ainda que sem penetração, caracterizam o crime. Que as mães deem ouvidos aos seus filhos e filhas e tragam os fatos para serem apurados na polícia.”
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