A série histórica de mais de sete meses sem assassinatos registrados em Santa Cruz do Sul foi rompida de maneira brutal nessa sexta-feira, 10. Em menos de cinco horas, duas mulheres, Mirian Terezinha Pinto Quevedo, de 57 anos, e Aline Viana Alencar, de 32, foram mortas – igualando o número de vítimas femininas assassinadas em todo o ano passado.
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Porém, diferentemente dos casos de 2022, que configuraram feminicídio, os de sexta-feira têm como pano de fundo o tráfico de drogas. E foi dobrando uma esquina de uma das vielas do Santa Vitória, bairro onde aconteceram os dois homicídios, que uma guarnição da Força Tática (FT) da Brigada Militar (BM) deparou com um veículo suspeito e desenrolou a conexão dos fatos, colocando um jovem de 17 anos, foragido da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase-RS), atrás das grades.
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A reportagem policial da Gazeta do Sul acompanhou com exclusividade os trabalhos do 23º Batalhão de Polícia Militar (23º BPM), Polícia Civil e Instituto-Geral de Perícias (IGP) nas duas cenas de crime, e detalha em uma matéria especial os desdobramentos e bastidores da sexta-feira sangrenta em Santa Cruz.
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O primeiro assassinato do dia aconteceu por volta de 10 horas. A Brigada Militar foi acionada por uma vizinha do chamado Mercado do Toco, na Rua Guilherme Keber, Bairro Santa Vitória. Mirian Terezinha Pinto Quevedo era proprietária do estabelecimento e havia transformado o ponto em uma espécie de bar, com mesas de sinuca para os clientes. Ali naquele cenário ocorreu o seu assassinato.
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Ela foi morta próximo ao caixa, com quatro golpes de picareta – dois na cabeça, um no ombro e outro nas costas. A BM acionou a Polícia Civil. Dois agentes da 2ª Delegacia de Polícia (2ª DP) foram ao local, apuraram informações e levantaram detalhes. Logo depois, chegou uma equipe do IGP, para fotografar e verificar vestígios que pudessem auxiliar na investigação.
Dois agentes da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) também compareceram. O corpo foi removido pela Funerária Halmenschlager. Muitas pessoas saíram de suas casas para acompanhar a movimentação policial. A Gazeta do Sul conversou com vizinhos que, consternados, não aceitavam que a mulher havia sido assassinada. “Era uma pessoa que não fazia mal pra ninguém. Que situação triste”, disse um morador, sob condição de anonimato.
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A polícia apurou que o filho de Mirian, Jimi Bauer, de 26 anos, havia sido preso no último sábado na casa da família, que fica na mesma rua do mercado, por uma guarnição da FT. Na oportunidade, quando foi detido por um mandado de prisão expedido pelo Poder Judiciário após ser condenado por crime de roubo, teria dito à guarnição da BM que, na vez anterior em que foi preso, furtaram a casa de sua mãe. Ele temia que poderiam fazer isso outra vez após nova prisão.
No início da tarde, Robinson Palomínio, titular da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) e atual interino da Deam nas férias da delegada Raquel Schneider, confirmou que detalhes estavam sendo apurados. “Nós obtivemos a informação de que ela era usuária de drogas. Não descartamos nenhuma hipótese no momento. Continuamos apurando os detalhes”, relatou para a reportagem da Gazeta do Sul.
Desde que aconteceu o primeiro crime, equipes do 23º BPM ocuparam a Zona Sul de Santa Cruz, sobretudo o Bairro Santa Vitória. Policiais do Setor de Inteligência começaram a ouvir informantes e apurar detalhes do que poderia ter acontecido. Foi quando, por volta de 14h30, uma guarnição da Força Tática – a mesma que havia prendido Jimi Bauer dias antes – adentrou a rua nas proximidades do Hospitalzinho e visualizou um carro.
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“Quando viram a gente, dispararam em alta velocidade, cantando pneu”, disse um PM que
participou da abordagem. Foi a deixa para os policiais seguirem a pista. Eles abordaram o automóvel, um Chevrolet Corsa prata. Dentro havia dois jovens, um de 21 anos no banco do motorista e outro de 17, no carona. Esse último estava sujo de sangue, principalmente nas mãos e pernas. Ele foi questionado pelos
policiais e confessou.
“Ele nos disse: ‘Eu matei quem matou minha mãe’”, explicou o PM. Esse adolescente,
que era filho de criação de Mirian, estava atualmente foragido da Fundação de Atendimento
Socioeducativo (Fase-RS), onde cumpria detenção pelo assassinato de Carlos William Oliveira de
Freitas, de 22 anos, ocorrido em 27 de outubro de 2021, no Bairro Margarida.
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Os policiais militares foram até o local apontado pelo autor confesso do crime. Foi quando encontraram o corpo de Aline Viana Alencar, de 32 anos, natural de Tupanciretã, em uma pequena cova, numa área de mata que fica junto a uma ponte na Avenida David Severo Manica, próximo à Escola Harmonia. Ela
havia sido morta momentos antes. O lugar foi isolado até a chegada dos investigadores e da perícia. De acordo com a Polícia Civil, o rapaz confessou ter assassinado a mulher a golpes de machado.
Havia marcas profundas no pescoço e no braço esquerdo, além de outras por várias partes do corpo. O jovem foi conduzido à DPPA, onde foi ouvido junto de um advogado e depois encaminhado para a Fase novamente. Seu nome foi mantido em sigilo pelas autoridades policiais em respeito ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O motorista, de 21 anos, foi ouvido como testemunha e liberado em seguida, permanecendo como investigado.
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