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EXEMPLO DE MONTENEGRO

VÍDEO: o que Santa Cruz pode esperar da Escola Sesi de Ensino Médio

A educação em Santa Cruz do Sul promete dar um passo além nos próximos anos, com a instalação de uma escola de Ensino Médio do Serviço Social da Indústria (Sesi-RS). O anúncio foi feito recentemente. Ainda em fase de procura pelo terreno ideal para o complexo educacional, a expectativa é de que as obras durem em torno de três anos e as aulas tenham início em 2026. A capacidade será para 360 alunos em turno integral. 

Conhecida por ter um método de ensino diferenciado, a escola do Sesi forma jovens com qualificação para a inserção no mercado de trabalho, principalmente nas indústrias. Uma das últimas do Estado a serem concluídas foi a Escola Sesi de Ensino Médio Heitor José Müller, de Montenegro. Para entender como funciona a instituição e como se define tal modelo inovador, a Gazeta do Sul foi até o município do Vale do Caí para conhecer a unidade e saber o que Santa Cruz pode esperar da sua própria escola.

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Ambiente acolhedor, amplo e moderno

Inaugurada em 2017, a Escola Sesi de Ensino Médio Heitor José Müller, de Montenegro, completou cinco anos de funcionamento. Foi a penúltima do Sesi-RS a ser inaugurada no Rio Grande do Sul. O modelo da unidade é um exemplo do que deve ser feito em Santa Cruz do Sul. Atualmente, são 254 alunos matriculados.

O prédio amplo e aberto é, ao mesmo tempo, acolhedor. Laboratórios, espaços e salas de robótica, biblioteca e refeitório, entre outros ambientes, compõem a estrutura moderna. O diretor da Escola Sesi de Ensino Médio de Montenegro, João Cunha, conta que o Sesi estruturou uma proposta pedagógica própria a partir de experiências inovadoras do Brasil e de outros lugares do mundo. 

“A escola tem um turno integral e, dentro disso, o aluno vai ter componentes como matemática, português, química. Em paralelo, também há outras atividades que são diferentes. Por exemplo, no primeiro ano temos o passaporte para o empreendedorismo, que é um movimento em que apresentamos aos alunos diferentes rotas empreendedoras. Eles visitam empresas, se interessam por uma rota que pode ser cultural, empresarial, acadêmica, e vão recebendo carimbos no passaporte.”

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Segundo Cunha, a escola entende que o importante são as competências relacionadas ao empreendedorismo. “Não necessariamente o aluno precisa ser empreendedor no futuro, mas essas competências vão ajudar em diferentes espaços e ambientes de trabalho.” O diretor completa que a escola trabalha com a tecnologia a serviço da educação e com a robótica.

Diferentemente das tradicionais, as salas de aula da Escola do Sesi em Montenegro trabalham com os alunos sentados em ilhas, e não em mesas e cadeiras enfileiradas. “A proposta é que dentro dessas ilhas eles tenham o desenvolvimento de competência socioemocional, tendo que se relacionar com pessoas diferentes, e também que consigam solidificar o aprendizado a partir do aprendizado do outro”, explica Cunha.

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Além disso, a instituição trabalha com “situações problema”, estimulando o debate e desenvolvendo o lado propositivo dos estudantes no ambiente escolar e no futuro.

Estímulo à inovação

Basta circular alguns minutos na Escola Sesi de Montenegro para observar jovens envolvidos em atividades que estimulam a criatividade e a inovação. O grupo “Mont” de seis estudantes do segundo ano, por exemplo, foi classificado na etapa nacional do “First Lego League”, com o projeto de uma bala de açaí destinada a caminhoneiros. 

“Pensamos em como poderíamos melhorar a vida e a qualidade de trabalho deles. Desenvolvemos a bala manualmente com a ajuda de química e dois nutricionistas. Como resultado, vimos que conseguimos melhorar o tempo de reação em 32 centésimos”, explica uma das integrantes do projeto, Micaela Meireles, de 16 anos. “Fizemos uma pesquisa de alimentos energéticos. Encontramos café, chocolate amargo e gengibre, entre outros. Escolhemos o açaí porque tem menos contraindicação”, complementa Micaela.

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O projeto de inovação foi com a bala, mas para as missões os alunos precisam utilizar o robô, por isso o projeto foi desenvolvido nas aulas de robótica. Todo o trabalho foi desenvolvido em torno de um ano. Além de Micaela, integram a equipe “Mont” Matheus Dorneles, Francisco Kremer, Caroline Cunha, Arthur de Azevedo e Yago Barreto.

Em um dos laboratórios da escola de Montenegro, um grupo de alunos do primeiro ano trabalha em um projeto de aquaponia. “Consiste, basicamente, na ideia de alimentar o peixe que, no final das contas, vai liberar nutrientes para as plantas. Estas vão crescer e produzir uma planta orgânica sem necessidade de ter agrotóxico ou fertilizante”, comenta um dos envolvidos no trabalho, José Luis Flores, de 15 anos.

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Carlos Walter, professor de Química, afirma que os próprios alunos mostraram interesse em participar. “Não é algo forçado neles, foi um projeto que iniciamos na nossa área de Ciências da Natureza e também na questão do passaporte, que eles têm que ir desenvolvendo ao longo dos anos. Foi algo que os instigou e começamos a desenvolver.”

Inserção no mercado

De acordo com o diretor da unidade de Montenegro, no primeiro ano do Ensino Médio todas as atividades são no ambiente escolar. No segundo ano, os estudantes têm parte delas no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), com opções de cursos profissionalizantes. 

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“No momento em que iniciam o curso no Senai, eles podem receber uma cota de Jovem Aprendiz. Hoje, todos os alunos do segundo e do terceiro ano aqui da escola têm cota, porque as próprias indústrias da região fazem esse movimento. Mas eles não vão para dentro da empresa, o horário de trabalho deles é o curso. Paralelo a isso, são estimulados a conhecer empresas da região. No fim do terceiro ano, já se inserem no mercado de trabalho”, observa Cunha.

Outro movimento percebido é que há cada vez mais meninas no ambiente escolar do Sesi. “As primeiras equipes de robótica eram prioritariamente masculinas; hoje já é quase meio a meio. Temos o estímulo de ter professoras técnicas de equipes de robótica e isso incentiva as meninas a pensarem mais sobre”, salienta João Cunha.

João Cunha, diretor da Escola Sesi Heitor José Müller: alunos têm opções de cursos profissionalizantes no segundo ano | Foto: Rodrigo Assmann

ENTREVISTA

Sonia Bier

Gerente da área da Educação do Sesi-RS

Gazeta do Sul – Qual o diferencial do método de educação no Ensino Médio nas escolas do Sesi?

Sonia É a condição que nós temos de atender o nosso aluno em tempo integral, fazendo uma articulação entre os conhecimentos que são tratados curricularmente e contextualizando isso dentro do mundo do trabalho. E, ao mesmo tempo, dando consistência suficiente para que ele possa se colocar numa condição de empreendedor ou de seguir seus estudos, seja no ensino técnico ou universitário. Isso se faz porque trabalhamos muito a questão da associação e relação entre teoria e prática, o que permite ao aluno conhecer e reconhecer como se fazem as condições para que o conhecimento se construa.

Além do trabalho na indústria, ele estará preparado também para outras oportunidades?

Os alunos que são formados nas escolas de Ensino Médio estão aptos a ingressar no mercado de trabalho porque desenvolvem as competências que são extremamente necessárias para essa inserção. Além de iniciação em uma área de conhecimento e um trabalho específico junto com o Senai, eles desenvolvem as competências de comunicação, de trabalho em grupo, de planejamento, de poder estabelecer relações entre o que existe no mundo, das questões que estão presentes no dia a dia e aquilo que estudam. Eles trabalham situações para que todos possam enxergar de forma mais completa o contexto onde estão inseridos e propor situações de melhoria para esse contexto.

Hoje há um mercado de trabalho cada vez mais competitivo. Com que vantagens o aluno egresso do Sesi entra nesse meio?

As vantagens são muitas, mas destacamos: a condição criativa e contextualizada de resolver problemas relacionados ao seu entorno ou ao mundo do trabalho, utilizando para isso soluções permeadas pela tecnologia.

Sonia Bier | Foto: Divulgação

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