Com 20 anos de atuação na Polícia Civil, 17 destes dedicados à Delegacia da Mulher, a delegada Lisandra de Castro de Carvalho, 47 anos, foi a convidada do quarto episódio do podcast Papo de Polícia, que é produzido pela Gazeta Grupo de Comunicações e tem gravação do videomaker Bruno Pedry. O episódio foi ao ar no último sábado, 23. Entre as muitas histórias contadas pela atual chefe da Delegacia de Polícia de Vera Cruz, uma remete à investigação do chamado Caso Margarete.
Citado por Lisandra como uma das investigações mais desafiadoras de sua carreira, o fato iniciou-se com o desaparecimento da assistente social Margarete Inês Lawisch, de 28 anos, em 1º de abril de 2009. O corpo foi encontrado apenas em 19 de abril, jogado em uma área de mata próximo ao Bairro Várzea, à margem da BR-471. Já estava em estado de decomposição.
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“Esse caso teve bastante repercussão na época e nos desafiou muito. Não tinha testemunha, não tinha câmera, e na época não tinha nem WhatsApp para averiguarmos mensagens. Tínhamos que buscar os recursos tecnológicos que tínhamos, fazer um estudo de rotina da vítima, e buscar elementos”, salientou Lisandra. O ex-companheiro da vítima, Luciano Pereira da Luz, na época com 30 anos, foi levantado como suspeito, mas negava as acusações.
“Em um dos mandados de busca que cumprimos na casa dele, encontramos recortes de reportagens de jornais das investigações do caso, o que mostrava que ele estava monitorando o que a polícia tinha descoberto. E a gente sempre dizia que estava avançando, mas sem dar muitos detalhes”, revelou a delegada. Na época, o caso era acompanhado de perto pelos repórteres Ricardo Düren e Jansle Appel Júnior, da Gazeta.
Segundo Lisandra, a prova principal da autoria se deu com a localização dos sapatos que Luciano usou no dia do crime, e que ele havia deixado em uma obra. “Nesse sapato, havia uma gota de sangue. Uma análise da perícia mostrou que era da vítima”, explicou a delegada, que revelou ainda outros bastidores do caso ao apresentador Cristiano Silva, no podcast.
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Em julgamento no dia 29 de novembro de 2011, Luciano Pereira da Luz foi condenado a 24 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e dissimulação) e ocultação de cadáver, com agravante de o crime ter sido cometido com violência contra a mulher – a lei do feminicídio entraria em vigor apenas em 9 de março de 2015.
A equipe de investigação recebeu uma homenagem em razão do caso e Margarete Inês Lawisch virou nome de rua do Bairro João Alves, em agosto de 2016, após projeto de lei protocolado pela então vereadora Rejane Henn. No episódio completo do Papo de Polícia, a delegada Lisandra de Castro de Carvalho revelou ainda detalhes de investigações históricas em que atuou, como os assassinatos de Ana Paula Sulzbacher, no chamado Caso da Cruz, em 2012; de Leodete Aparecida da Silva, em 2013, que teve o corpo queimado; o de Francine Ribeiro, em 2018, no chamado Caso do Lago Dourado; e também o primeiro homicídio investigado por ela, da adolescente Carla Tatiane Barros dos Santos, em 2005.
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