Nem só de patrimônio antigo se forma a história de Rio Pardo. Ela também é contada por meio de fatos bem mais novos. É o caso do Museu Zoológico Tenente Áureo Nicolau Müller, fundado nos anos 1980, quando a coleção particular de um rio-pardense nascido no distrito do Couto (hoje Ramiz Galvão) passou para a administração da Prefeitura. A historiadora Dariane Labres, da Gestão de Projetos e Curadoria de Museus Municipais na Secretaria do Turismo, Cultura, Juventude, Esporte e Lazer de Rio Pardo, conta que Müller sempre foi um apaixonado pela natureza, desde a infância. Mas foi quando estudou no Colégio Anchieta, em Porto Alegre, que se aprofundou e tomou contato com a taxidermia. “Lá ele conheceu o padre Pio Buck, fundador do museu de ciências, e desenvolveu mais o amor pela natureza e as espécies de animais.”
Até meados dos anos 2000 o Museu Zoológico ficava bem no Centro de Rio Pardo, no prédio da antiga Câmara, que foi tema do episódio 16 do Relíquias do Rio Grande. Estar na rua principal fez com que toda a história guardada ali fizesse parte da memória de quem foi criança nos anos 1980/1990 em Rio Pardo. “O Museu Zoológico passou por gerações, é mais uma questão de pertencimento que precisa ser resgatada”, explica o secretário de Turismo, Cultura, Juventude, Esporte e Lazer, Tiago Mello. Quando saiu da Andrade Neves, o acervo foi realocado na Rua da Ladeira e há cerca de quatro anos estava fechado para o público. Desde o início de outubro deste ano os animais estão expostos na esquina das ruas São João e Almirante Alexandrino.
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Quando Müller doou a coleção que tinha em casa, ele entregou ao Município cerca de 200 espécies e chamou de Museu das Aves, já que eram a maioria. A historiadora Dariane conta que Áureo foi um pracinha. Quando o militar voltou para Rio Pardo, foi recebido com festa no Grêmio de Ramiz Galvão. Neste retorno da Segunda Guerra Mundial ele trouxe na bagagem mais animais recebidos como presentes – um papagaio e duas araras. “Áureo era apaixonado pela natureza, não permitia a caça em qualquer uma das áreas que morou. A paixão pela natureza era de família.”
Logo que o acervo dos animais passou para o Município, o militar participava das visitas. Ele é mais um rio-pardense que faz parte da lista de pessoas importantes para a história e o patrimônio da Tranqueira Invicta. Flávio Wunderlich, diretor de Turismo, conta que ele entregou os animais à Prefeitura com uma condição: “Que eles ficassem expostos, como um museu, para que as pessoas pudessem conhecer as espécies.” Algumas até já estão extintas. Hoje quem visita o museu pode ver muito além das aves: há animais conservados como o terneiro de duas cabeças, uma das peças mais procuradas.
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Apesar de não ser histórico, o Museu Zoológico faz parte da gama de possibilidades que Rio Pardo tem para o ensino. Mello, que é professor de História, cita isso como uma peculiaridade da cidade. “Os professores podem falar na sala de aula e levar os alunos para conhecerem no museu.”
A lenda da “mula sem cabeça”
Há muitos anos, no Bairro Fortaleza, morava um americano, dono de algumas mulas. O estrangeiro costumava permanecer na frente da casa observando os animais, enquanto pastavam. Uma noite, um morador passava pelas proximidades, altas horas da noite, quando algo intrigante aconteceu. Ao olhar para uma das mulas, viu uma grande bola de fogo no lugar da cabeça. O homem ficou apavorado. No dia seguinte, ele mesmo se encarregou de contar a história da assombração para todo o bairro. Os moradores, intrigados com a história, não comentavam outra coisa. Logo, passaram a espalhar que a aparição significava que alguma moça estivera namorando um padre. E as moças da cidade, que zelavam pela sua reputação, tinham receio de se aproximar dos padres e levantarem suspeitas de terem sido dominadas pela maldição.
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