A maquiadora Natasha de Almeida Dresch, de 24 anos, aproveitou a manhã ensolarada do último domingo, 20, para pegar a bicicleta e ir até a academia. O trajeto quase que diário de três quilômetros, entre o Bairro Avenida e o Centro, é feito com a irmã de 15 anos. Era para ser mais um dia corriqueiro mas que foi interrompido por um ato obsceno.
Em um vídeo postado no Instagram (confira abaixo), Natasha conta que por volta das 9h40, em um determinado ponto da Rua Assis Brasil, em Santa Cruz, um homem de mais idade, visivelmente embriagado, estava atrás de um contêiner quando chamou pelas duas. “Ele disse: Olha meninas o que eu sei fazer! E começou a urinar na nossa frente.” Ela disse que ficou em choque e começou a chamar a atenção dele, porque estava com a irmã, menor de idade. “Parei na esquina e pensei: mas isso não pode ficar assim, pois mais pra frente ele pode fazer com outra pessoa que não terá como fugir, não terá como se defender.”
Foi então que Natasha pegou o celular e entrou em contato com a Brigada Militar. Enquanto isso, o homem ainda chamava por elas. A guarnição prontamente atendeu o chamado e esteve no local. Um boletim de ocorrência foi registrado.
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Nojo e medo
Horas após a cena, Natasha diz que só consegue sentir nojo e medo. “Vemos tantas coisas acontecendo e eu já passei situações semelhantes outras vezes. São momentos que deixam traumas, ferem, a gente sente nojo, não aceita, é difícil passar por isso. Não sei explicar, mas o sentimento que tenho é nojo e medo.”
Mesmo assim, ela acredita que deve se criar, cada vez mais, uma rede de apoio entre as mulheres, pois lembra que no momento do assédio pediu ajuda para um rapaz que passava pelo local. “Ele disse que não poderia ajudar. Você homem, se ver uma mulher chorando, pedindo ajuda, ofereça apoio.”
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Passado o susto, Natasha orienta que as mulheres tenham cuidado e que lutem pela liberdade de ir e vir “sem se sentir ferida”. “Que bom que foi comigo, que não me calei. Vamos criar essa rede de apoio, ajudar a divulgar, fazer alertas, lutar pela nossa liberdade, pelo direito de andar tranquilamente sem ninguém mexer conosco, sem sentir medo.”
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O que diz a BM
Segundo a Brigada Militar, o homem tem 59 anos e não teve a identidade divulgada. Foi confeccionado um termo circunstanciado no local, o qual é realizado para crimes de menor potencial ofensivo quando há autoria no local. Dessa forma ele responderá criminalmente pelo crime do artigo 233 que é praticar ato obsceno em lugar público, aberto ou exposto ao público. A pena é de três meses a um ano ou multa.
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