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VÍDEO E FOTOS: Solar do Almirante guarda 230 anos de muita história

A maior referência do período colonial em Rio Pardo. É assim que a arquiteta Vera Schultze define o Solar do Almirante Alexandrino de Alencar. O prédio é datado de 1790 e foi construído pela família de Mateus Simões Pires, um dos primeiros açorianos a fixar residência por aqui. A estrutura se mantém intacta no que tange à arquitetura e às características originais. “É um típico sobrado urbano do período colonial. A arquitetura luso-brasileira na mais perfeita concepção”, completa Vera.

Atualmente o Solar é o prédio mais antigo que ainda existe em Rio Pardo. E por isso também é uma marca de gerações, já que soma 230 anos de história. “Ele manteve a originalidade e hoje podemos ver alguns padrões, como as portas e as janelas na mesma altura no primeiro andar e janelas menores no segundo”, exemplifica o diretor de Turismo da Secretaria de Turismo, Cultura, Juventude, Esporte e Lazer, Flávio Augusto Wunderlich. Além, é claro, das paredes de pau a pique. Hoje apenas a caixa da escada mantém esta estrutura, e que conta com uma janela sem reboco em que é possível ver a forma original como foi construída.

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Vera conta que em 1982 uma intervenção foi realizada e foi preciso trocar as paredes internas, que eram de pau a pique – o assoalho estava cedendo e elas não aguentariam. Na época foram construídas estruturas de tijolos furados, o que mais tarde precisou ser trocado novamente devido ao peso. Em 2016, a arquiteta, junto com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado, optou por uma técnica moderna, o drywall, que é o gesso acartonado, um material leve e que não danificaria o piso. Apesar da modernidade, tudo se manteve: divisórias, vãos de porta e todos os detalhes do prédio.

Outra pequena mudança que o prédio teve, também nos anos 80, foi a colocação de tijolos no piso do primeiro andar, que antes era de chão batido, algo comum para a época em que foi construído. O primeiro andar abrigava o negócio da família e não tinha piso. No segundo, era construído um salão de assoalho e depois feitas as divisórias. O Solar preserva também o espaço onde funcionava uma senzala doméstica, junto ao prédio.

Wunderlich destaca alguns detalhes que podem ser vistos da rua, como as eiras e beiras e os vidros nas janelas. Tudo demonstrava posse e poder. As eiras normalmente eram características de prédios como o sobrado, que abrigavam comércio e residência. Já as beiras eram ainda de famílias que compravam grãos e tinham o local para secar este produto.

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Veja o vídeo:

Almirante

O Solar do Almirante leva o nome de Alexandrino de Alencar, militar da Marinha Brasileira que nasceu no local em 2 de outubro de 1848. Ele foi referência na época dos governos militares, chegou a ocupar simultaneamente dois ministérios e também apadrinhou João Cândido, que veio morar no prédio aos 8 anos. Mais tarde ele seria conhecido como Almirante Negro, apesar de nunca ter sido condecorado. Ele foi o líder da revolta da chibata em 1910.

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Adotado por associação

Em 2019 a Associação de Amigos do Solar do Almirante (Aasa) recebeu as chaves do prédio situado na esquina das ruas Almirante Alexandrino e São Francisco. O grupo de 12 mulheres detém a guarda do Solar, que pertence à União. A presidente do grupo é a advogada Patrícia Fontoura, uma rio-pardense apaixonada por história. “Sou movida a paixão e é fácil falar do que se gosta e fazer o que se gosta.” Foi ela quem deu o primeiro passo após assistir a um vídeo nas redes sociais e foi atrás de pessoas que topassem abraçar aquele prédio. “Fui atrás de quem tinha o mesmo amor, o brilho no olhar. O ser destemido diante das coisas que não estão corretas e podem ser mudadas”, conta.

A associação tem três pilares para o funcionamento do prédio: restauro, manutenção e sustentabilidade. Para desenvolver o projeto, conta com os associados e parcerias, como a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), por meio dos cursos de Arquitetura e Urbanismo e Engenharia Civil. O Solar já passou por restauro no telhado, que resolveu a parte das infiltrações e goteiras. Também foi recolocada toda a iluminação interna; partes das aberturas estão no marceneiro para o restauro e houve a descupinização.

O Solar já participou de um evento municipal este ano e deve abrir para outro em outubro. Mas os planos são para que ele seja um ponto de encontro e esteja sempre aberto à comunidade. “É um projeto coletivo, comunitário. Um espaço para que as pessoas se sintam à vontade e proprietárias do prédio. Sintam amor!”, diz Patrícia. A estrutura deve abrigar um café com pratos portugueses e açorianos, um memorial do Almirante Alexandrino com peças doadas pela família deste ilustre rio-pardense e ainda uma biblioteca virtual com a história do Município. Os próximos passos agora são o Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI) e a análise de patologias.

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Próximo episódio

Na próxima semana, o Relíquias do Rio Grande vai contar mais sobre a Igreja Senhor dos Passos e a Irmandade de mesmo nome, que marcou a história de Rio Pardo e ainda se mantém ativa.

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Naiara Silveira

Jornalista formada pela Universidade de Santa Cruz do Sul em 2019, atuo no Portal Gaz desde 2016, tendo passado pelos cargos de estagiária, repórter e, mais recentemente, editora multimídia. Pós-graduada em Produção de Conteúdo e Análise de Mídias Digitais, tenho afinidade com criação de conteúdo para redes sociais, planejamento digital e copywriting. Além disso, tive a oportunidade de desenvolver habilidades nas mais diversas áreas ao longo da carreira, como produção de textos variados, locução, apresentação em vídeo (ao vivo e gravado), edição de imagens e vídeos, produção (bastidores), entre outras.

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