Rapidez e inteligência são algumas das características do cachorro Barney, de 2 anos. O cão bombeiro é treinado e faz parte do efetivo do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Cruz do Sul, pertencente ao 6º Batalhão de Bombeiro Militar (6º BBM). Na última semana, a perspicácia do labrador foi testada em uma prova aplicada em 21 cachorros de todo o Rio Grande do Sul. Pela atuação, Barney e seu condutor, o soldado Manoel Batista Neto, foram uma das cinco duplas do Estado aprovadas e que receberam certificado e troféu.
O binômio – nome que se dá à parceria entre cão e homem – destacou-se na prova de busca urbana por vítimas vivas. O soldado Manoel, de 37 anos, militar do 6º BBM, conta que Barney foi reconhecido pelo seu desempenho em uma área de escombros. “O destaque foi principalmente pela rapidez com que ele encontrou a primeira vítima, em apenas um minuto e 57 segundos. A avaliadora me explicou que assim que Barney saiu da área de escombro, ela achou que ele havia se perdido. Mas Barney tinha ido direto para a segunda vítima, foi muito bonito. Acredito que o destaque foi dado pela rapidez e pela forma com que ele encontrou a segunda vítima”, conta o condutor.
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Manoel explica que os cães são eficientes em escombros porque conseguem se deslocar com facilidade nestas áreas. “O cão tem quatro patas e é mais leve, evita o risco para o condutor. O cão dá o primeiro passo e os bombeiros só acessam após ele marcar e apresentar um comportamento diferente.” De acordo com o soldado, Barney é treinado, em média, a cada três dias, às vezes em horários de folga do militar.
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“Se tu não abdicares do tempo livre, não vai conseguir, porque o cão precisa te olhar e se identificar contigo. Eu o peguei com 49 dias. Hoje ele mora aqui no quartel, mas até os quatro meses dele eu o levava para casa todos os dias, para criar esse vínculo, para ele virar minha dupla e termos uma amizade boa”, relembra. A norma interna do Corpo de Bombeiros diz que um cão deve se aposentar entre os 8 e 10 anos. Depois dessa idade, Barney deve retornar ao lar do condutor.
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Salvar está no nome
Nascido em 7 de abril de 2019, Barney foi assim batizado em homenagem a um cão que levava o mesmo nome e que morreu enquanto participava de buscas por uma vítima desaparecida no município de Içara, em Santa Catarina, no dia 3 de maio de 2019. “O cão Barney também era um labrador preto. Fiz essa homenagem porque era um cão muito bom, que morreu em uma ocorrência, cumprindo seu dever”, conta Manoel.
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O militar adotou o cão com 49 dias, idade em que já é possível ter uma noção de como será a atuação do cachorro. “O treinamento começa na ninhada. Você submete o cão a vários testes, vira ele de barriga pra cima na palma da mão para ver a sensibilidade, a patinha, tudo faz parte de um teste e tem uma pontuação. O cão não pode ter uma pontuação muito alta, porque isso indica que ele é muito alfa e vai querer te dominar, o que vai criar uma dificuldade futuramente. Mas também não pode ser uma pontuação muito baixa, porque isso diz que ele é muito submisso. Na minha anotação, o Barney ficou com 4 a 5 pontos, que é o ideal. Ele tem uma predisposição, tenho certeza que escolhi certo”, garante.
Conforme o soldado, por ser um cão jovem, Barney ainda precisa evoluir, pois é muito ativo, costuma marcar território a todo momento e às vezes até briga com outros. Oriundo do policiamento, o bombeiro já trabalhava com cães na Brigada Militar. Hoje, além de ser o condutor do cão, Manoel está no oitavo semestre de Medicina Veterinária na Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc).
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