Uma investigação sigilosa coordenada pelo delegado Vinícius Lourenço de Assunção culminou nessa segunda-feira, 3, na maior apreensão de drogas do ano no Rio Grande do Sul, dentre as realizadas pela Polícia Civil, e uma das maiores da história na região. Uma propriedade de seis hectares de Linha Herval, localidade do interior de Venâncio Aires, que fica a cerca de 20 quilômetros do centro da cidade, guardava mais de 220 quilos de maconha.
O proprietário da fazenda, de 33 anos, foi preso em flagrante. Além da droga, foram apreendidos um carregador sobressalente com capacidade para 50 cartuchos para pistola calibre 9 milímetros; um colete balístico pertencente ao Instituto Geral de Perícias (IGP); uma imitação de fuzil, tipo airsoft; uma touca ninja; uma balança digital e o telefone celular do investigado, além de plantas de maconha.
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Coordenados pelo delegado Vinícius, cinco agentes em duas viaturas cumpriram o mandado de busca no local às 14h30. O ponto foi descoberto a partir de uma investigação iniciada há três meses. “Recebemos algumas informações sobre supostos depósitos na nossa região em que estariam sendo mantidas armas de grosso calibre e drogas. Dentro desse trabalho, conseguimos identificar essa propriedade de Linha Herval, onde encontramos essa grande quantidade de entorpecentes”, relatou o delegado.
A ação representa um duro golpe na facção Os Manos, que domina o comércio de drogas na região, pois trata-se da maior apreensão realizada pela Polícia Civil de Venâncio Aires. “Esses pacotes saem do Paraguai custando cerca de R$ 1 mil o quilo. Chegam aqui já valendo R$ 5 mil. Por isso, falamos em mais de R$ 1 milhão em drogas apreendidas nesta operação, um valor bastante substancial”, frisou Vinícius.
DROGAS ESTAVAM EM TONÉIS ENTERRADOS
Ao todo, foram apreendidos 221,3 quilos de maconha. A droga estava embalada a vácuo em 343 tabletes. Trinta quilos estavam dentro da casa do investigado e o restante em quatro tonéis enterrados.
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Após a busca na residência, os policiais suspeitaram que poderia haver entorpecentes enterrados na lavoura de milho, que fica ao lado da residência. “Começamos a procurar e encontramos indícios e sinais de que essa droga poderia estar ali, como de fato estava”, relatou o delegado.
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Os tonéis contendo a maconha, lacrados com uma braçadeira de metal na tampa, estavam revestidos com manta asfáltica – um rolo do material também foi encontrado na propriedade.
Segundo o policial Paulo Ullmann, a manta é usada pelos bandidos para evitar que outros resíduos, água da chuva ou mesmo o forte calor estraguem a droga embalada nos pacotes, e também para que o cheiro não se propague e levante suspeitas.
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O experiente investigador relembrou ainda uma outra grande operação, que contou com o apoio da mesma equipe de policiais da Capital do Chimarrão, quando 450 quilos de drogas, entre cocaína, crack e oxi, foram apreendidos em Candelária, em junho de 2012. A ação desencadeou a prisão do líder do tráfico na região à época: um homem conhecido pelo apelido de “Sapinho”, que é natural de Venâncio Aires.
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Preso seria membro do alto escalão do grupo
A Polícia Civil não revelou o nome do homem de 33 anos preso na operação. Sabe-se que ele é conhecido no submundo do crime pelo apelido de Lebrão. De acordo com o delegado Vinícius Lourenço de Assunção, o investigado estava cumprindo pena restritiva de liberdade, através de monitoramento por tornozeleira eletrônica, por um crime de roubo, mas possui antecedente também por violência doméstica.
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A investigação que culminou na prisão e apreensão levou a polícia a crer que o indivíduo trabalha para a facção Os Manos em uma posição de destaque dentro da organização criminosa. “Na cadeia do tráfico, ele possui uma posição de grande destaque dentro da organização. Tudo leva a crer que tem uma posição de médio para alto dentro da facção, pois essa é uma quantidade de drogas que tu não entregas para qualquer um, a não ser pessoas de grande confiança dos chefes”, comentou o delegado.
Um mandado de busca já havia sido expedido ainda na semana passada para o mesmo local. No entanto, o Poder Judiciário negou. “Coletamos mais elementos para a investigação e assim o pedido foi acatado pela Justiça”, afirmou Assunção, que salientou o esforço dos agentes da DP de Venâncio. “É louvável o trabalho do nosso setor de investigação. Um local como esse não se acha ao acaso. Precisamos identificar, apurar evidências, comprovar as informações, para a partir daí conseguirmos o mandado, que resultou nessa apreensão histórica.”
O homem foi encaminhado à Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva) e vai responder por tráfico de drogas e posse de arma de fogo de uso restrito, pelo carregador de pistola.
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