Passava pouco das 5h30 da madrugada dessa quinta-feira, 23, quando mais de 60 policiais ocuparam o Bairro Ewaldo Prass, em Candelária. A área, conflagrada pela criminalidade, foi alvo de mais uma operação deflagrada pela Polícia Civil, com apoio da Brigada Militar, que colocou atrás das grades membros da facção Bala na Cara.
Conforme a delegada Alessandra Xavier de Siqueira, responsável pelas investigações, a ação dessa quinta-feira é um segundo desdobramento da megaoperação Pac Man, deflagrada em 29 de outubro do ano passado, quando 130 policiais cumpriram 31 mandados de busca e apreensão, terminando com um saldo de 12 presos e apreensão de armas, munições e drogas apreendidos. Ainda em dezembro de 2021, em nova ofensiva – primeira sequência da Pac Man –, a Delegacia de Polícia (DP) de Candelária cumpriu nove mandados e apreendeu dinheiro e joias na casa da esposa de um investigado.
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Nessa quinta-feira, 12 mandados foram cumpridos. Delegacias de Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires, Passo do Sobrado e Sinimbu, além de diversas guarnições ostensivas e de elite do 23º Batalhão de Polícia Militar (23º BPM), participaram das ações, que terminaram com o saldo de sete presos, além da apreensão de porções de entorpecentes, duas armas de fogo e dinheiro ilícito apreendidos. “Se o tráfico não para, a gente também não vai parar”, enfatizou a delegada. A reportagem da Gazeta do Sul acompanhou as ações com exclusividade e traz detalhes da operação deflagrada na quinta-feira.
Ainda estava escuro quando agentes da Polícia Civil e da Brigada Militar cercaram as vielas do Bairro Ewaldo Prass. As ações concentraram-se nas imediações da esquina entre as ruas Professor Aloísio Schmitt e Castelo Branco, onde os principais alvos da operação, ligados à facção Bala na Cara, moravam. Das cercanias, foram sete presos. Um homem de 28 anos, com antecedentes por homicídio, porte ilegal de arma de fogo e roubo, foi preso em uma residência. De outro imóvel, uma dupla tentou fugir ao ver a aproximação das viaturas, mas foi capturada por uma guarnição da Brigada.
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Um dos homens tem 26 anos e possui registros por homicídio, roubo e receptação. Já o outro, de 42 anos, tem antecedentes por homicídio, receptação e furto. Em outra residência, um casal foi preso: a mulher de 31 anos por porte ilegal de arma de fogo, pois estava com dois revólveres calibre 38; e o homem, de 27, entrou por tráfico, em razão de porções de maconha e crack que tinha na casa. Ainda foram detidos uma mulher de 29 anos e um homem de 25. Os nomes dos envolvidos não foram revelados. Os agentes apreenderam munições de calibre 38, balança de precisão, R$ 3.197,30 em dinheiro e um colete balístico.
Além de policiais civis e militares de Candelária, as ações contaram com apoio da 1ª DP, 2ª DP, Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) e Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), todas de Santa Cruz. Agentes das DPs de Venâncio Aires, Passo do Sobrado e Sinimbu também participaram do trabalho. Agentes da BM, Força Tática (FT) e Canil da FT, do 23º Batalhão de Polícia Militar (23º BPM), realizaram abordagens.
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O nome da operação, Pac Man, faz referência a um dos jogos eletrônicos mais populares do mundo, no qual um personagem percorre um labirinto sendo perseguido por fantasmas. O objetivo do jogador é comer todos os objetos sem ser alcançado. A investigação da primeira operação começou em uma ocorrência da BM, na qual um traficante, para não ser pego com drogas durante uma batida, engoliu um invólucro de entorpecente.
Um fato ocorrido durante a tarde de 24 de maio, na Rua Zenith Heinze, imediações da Rua Professor Aloísio Schmitt, no Bairro Ewaldo Prass, foi o estopim para desencadear a terceira fase da operação Pac Man. “O que culminou na materialização das prisões preventivas foi a tentativa de homicídio registrada ao final do mês passado. Um rapaz teria ido até uma boca na vila para comprar drogas e, durante a venda, o traficante identificou um desafeto dentro do veículo e disparou. A vítima sobreviveu. Conseguimos identificar os envolvidos nesse fato e representar pelas prisões”, comentou a delegada Alessandra Xavier de Siqueira.
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Segundo ela, as pessoas que participaram desse episódio, usuários e vendedores de drogas, possuem relação com a organização criminosa. “Ali é tudo interligado, são envolvidos com os Bala na Cara. Outra mulher que foi presa na Pac Man foi solta após a operação, continuou traficando, e agora foi pega de novo”, complementou Alessandra.
Segundo ela, as abordagens recentes das forças de segurança têm sido determinantes para coibir o tráfico de drogas na região. “Esses traficantes estavam enraizados na vila. Alguns alvos da ação de hoje também foram identificados na operação de outubro. A gente começou a bater em cima, fazer uma investigação qualificada e produzir bastante prova, o que culminou nessas prisões. Mas o trabalho tem de ser constante”, disse.
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A Brigada Militar participou das abordagens em que traficantes foram presos e drogas, armas e dinheiro ilícito do tráfico apreendidos. Em um dos alvos, o cão Radar, do Canil da Força Tática, chegou a localizar entorpecentes dentro do cano de uma pia. Segundo a comandante da BM em Candelária, capitã Michele da Silva Vargas, o trabalho que vem sendo realizado no município, com uma série de abordagens, está surtindo efeito. “É um excelente trabalho que a delegada Alessandra e sua equipe vêm prestando à comunidade. Pretendemos dar sequência a essas ações integradas das forças de segurança, pois é possível notar que os indicadores criminais vêm caindo no município a partir das abordagens”, comentou a capitã.
Abnegada contra toda a cadeia que envolve o tráfico de drogas, a comandante faz um apelo à comunidade. “Todos precisam refletir sobre o prejuízo que a dependência química causa aos usuários e para suas famílias. Essa pessoa, usuária, em algum momento vai precisar de tratamento, que será prestado pelo Estado, ocupando o lugar de atendimento de alguém que pode ter uma doença grave”, ressaltou a comandante.
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“Depois esses usuários não conseguem mais sustentar o vício, ficam devendo para as organizações criminosas e geram uma onda de outros crimes, como furto e roubo, para tirar o prejuízo. Consequentemente, também vêm os homicídios. Tráfico não é saudável, é um crime muito complexo e a comunidade precisa começar a ter esse entendimento”, finalizou a capitã Michele.
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