Eram 17h30 da última segunda-feira, 25, quando quatro policiais da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de São Leopoldo entraram em uma loja especializada na venda e manutenção de celulares, em Santa Cruz do Sul. Os investigadores haviam descoberto que o dono do estabelecimento, um empresário santa-cruzense, de 24 anos, teria feito a receptação de uma carga de aparelhos telefônicos roubados.
Ainda durante a tarde, antes da abordagem ao estabelecimento, os agentes fizeram o monitoramento da loja, que fica bem no Centro, e identificaram diversos modelos supostamente oriundos de um assalto na região do Vale do Sinos, investigado pela delegacia especializada há cerca de um mês. O proprietário da loja foi preso em flagrante por receptação qualificada.
A qualificadora – dispositivo que pode ampliar a pena – foi o fato de o investigado ter adquirido produtos com origem de crime no exercício de atividade comercial. O caso foi revelado em primeira mão pela Gazeta do Sul na edição dessa terça-feira, 26. Previamente, ainda durante a estadia em Santa Cruz, os investigadores descobriram que dois moradores do município haviam adquirido três aparelhos da loja, sendo dois iPhone último modelo e um Samsung, sem saber que eram de procedência ilícita.
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Conforme o delegado Ayrton Figueiredo Martins Júnior, que chefiou a chamada Operação Easy, o caso começou a ser investigado a partir de um roubo com proporções cinematográficas, ocorrido no Bairro Arroio da Manteiga, em São Leopoldo, na madrugada de 24 de setembro. Oito homens fortemente armados com fuzis calibre 556 e espingardas calibre 12, usando roupas falsas da Polícia Civil e capuzes, invadiram o depósito de uma empresa que faz a distribuição de eletrônicos para todo o Vale do Sinos e Região Metropolitana.
Os assaltantes dominaram os funcionários com violência e recolheram grande quantidade de eletrônicos, enchendo a traseira de dois veículos, um Volkswagen Tiguan e um Hyundai HB20, e também de um furgão Fiat Strada roubado da própria empresa atacada. As vítimas foram trancadas em um caminhão-baú, enquanto os ladrões roubavam os objetos.
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Foram 34 aparelhos apreendidos na loja do Centro
A ação em Santa Cruz contou com o apoio de agentes da Draco local e da Delegacia de Repressão a Roubo e Furto de Cargas (DRFC) do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) da Polícia Civil. “Quando fizemos o monitoramento da loja, os policiais identificaram no mostruário três aparelhos cujos números de série correspondiam aos celulares roubados. A partir disso, 34 aparelhos foram apreendidos e encaminhados até a Draco de São Leopoldo para verificação, que aconteceu ainda durante a madrugada dessa terça-feira”, explicou o delegado Ayrton Martins Júnior.
Até a tarde dessa terça, dez celulares já haviam sido identificados como itens roubados da empresa, e outros ainda estavam pendentes de verificação. Sobre o empresário santa-cruzense preso, o delegado revelou que ele não possuía antecedentes. Durante a abordagem na loja, ele se mostrou colaborativo e não resistiu à prisão.
No entanto, em São Leopoldo, a cooperação mudou. “Na delegacia, ele se negou a prestar informações e sempre se manteve em silêncio. É uma empresa renomada, em um ponto comercial excelente de Santa Cruz, acima de qualquer suspeita”, afirmou o delegado.
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Os valores dos celulares giram entre R$ 1,5 mil e R$ 5 mil. “Na verdade, nos chamou a atenção que os valores de venda dos aparelhos praticados eram o mesmo valor de mercado, sendo que normalmente, em casos como esse, costumam vender por preços mais baixos.”
O jovem de 24 anos passou a noite na cela da Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) de São Leopoldo. O nome dele é mantido em sigilo.
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Empresário foi solto nessa terça
O empresário foi liberado da prisão nessa terça, a partir de um alvará de soltura assinado pelo juiz Assis Leandro Machado, da 2ª Vara Criminal da Comarca de Santa Cruz do Sul. A Gazeta do Sul localizou o advogado responsável pela defesa do santa-cruzense investigado, que preferiu não entrar em detalhes no momento. “Ainda estamos nos inteirando da totalidade do inquérito e nos resguardaremos a nos manifestar apenas nos autos do processo”, afirmou Roberto Weiss Kist, sócio fundador da Agostini Kist Böhm & Kist (AKBK) Advogados.
A investigação, segundo o titular da Draco de São Leopoldo, terá continuidade. “Segue sob sigilo. Conseguimos elucidar o assalto e evitar que os produtos roubados fossem entregues ao mercado. Agora, iremos atrás de outras questões que ainda ficaram em aberto”, finalizou o delegado Ayrton Figueiredo Martins Júnior.
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