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PAPO DE POLÍCIA

VÍDEO: bombeira revela quase ter desistido da profissão após caso de machismo


Figura de destaque no combate ao incêndio no tradicional Restaurante Mafalda, em Santa Cruz do Sul, no dia 19 de janeiro deste ano, a bombeira Geniane Nascente de Oliveira contou, no podcast Papo de Polícia, alguns bastidores do atendimento da ocorrência, sobretudo qual a estratégia adotada para conter as chamas que se alastravam e podiam chegar a outros imóveis.

Orgulhosa da profissão, que tem este dia 2 de julho como data comemorativa no calendário nacional, Geniane também contou no programa produzido pela Gazeta Grupo de Comunicações um episódio que quase a fez desistir de se tornar bombeira. Foi durante seu curso de formação que ela foi vítima de um caso de machismo.

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“Essa pessoa hoje não trabalha mais, pois se aposentou. Ele veio até mim e me falou com toda as letras ‘eu sou o cara que fala que mulher não deve trabalhar na parte operacional’, que é no caminhão ou na ambulância. E disse ainda ‘mulher não tem força e vai deixar a gente mal numa ocorrência’”, contou a bombeira de 33 anos, que faz parte do 6º Batalhão de Bombeiros Militar, com sede em Santa Cruz do Sul e abrangência em toda a região.

Ela salientou a diferença entre o instinto protetor, quando, por exemplo, colegas homens acabam solicitando para carregar ferramentas pesadas como um desencarcerador, e de uma fala em que a capacidade feminina é questionada. “Isso é ferir diretamente. Eu não me igualo em força com meus colegas homens, mas isso não diminui minha capacidade. Tenho capacidade, sou formada técnica em enfermagem, e ele frisava o trabalho na ambulância, que era algo que eu gostava.”

Guarnição Rosa

Entre as falas, o autor do ato de machismo fazia questão de dizer que ela não iria conseguir levantar uma maca em uma suposta ocorrência em que estariam apenas os dois. “Esse caso isolado me feriu mesmo. Chorei muito e naquele dia fui para o quartel e cheguei a pensar em desistir. Mas a partir desse momento tem dois caminhos: ou vai à luta, encara e mostra que é capaz, ou assimila que não é capaz e se recolhe, e este último não é meu perfil”, disse a militar.

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Na conversa, bombeira detalhou casos em que atuou

“Sou bem braba. Tem até um colega que diz que se quiser ver eu fazer algo é só dizer que eu não consigo ou que é coisa de homem”, sorriu ela. “Fui atrás, me capacitei e sempre trabalhei no operacional. Só trabalhei na prevenção quando estive gestante”, contou a bombeira. Soldado há sete anos, atuando também como motorista de caminhão do batalhão, Geniane fez questão de deixar claro que não há nenhuma vinculação da instituição com o machismo.

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“O machismo é da pessoa. No meu trabalho, tenho colegas excepcionais, que apoiam o tempo inteiro. No curso de formação não há nada sobre menosprezar mulheres. Pelo contrário, somos muito incentivadas. Nossos colegas têm muito orgulho do trabalho que fazemos, e por isso não rotulo a instituição como machista e sim a pessoa que pode ser, como foi neste caso isolado”, contou ela, que nas últimas semanas vêm atuando em uma guarnição com uma outra colega.

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Em Santa Cruz do Sul, já existe uma equipe de mulheres bombeiras, chamada Fem (de feminino). O objetivo para os próximos meses, conforme Geniane, é instituir no município a ação Guarnição Rosa, que já é implementada no 8o Batalhão de Bombeiros Militar, com sede em Canoas, e consiste em ter um dia de serviço, 24 horas, com atendimentos de ocorrências somente por mulheres bombeiras.

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