Profissional com mais de 15 anos de experiência no setor armamentista, o empresário e instrutor de tiro Rafael da Rocha Corrêa, de 35 anos, foi o convidado do quinto episódio do podcast Papo de Polícia, que é produzido pela Gazeta Grupo de Comunicações e tem gravação do video-maker Bruno Pedry. O programa foi ao ar na última terça-feira. Entre as muitas histórias contadas pelo armeiro, que é proprietário da loja MR Hunter, uma remete a um episódio no ano de 2016, em que ele, enquanto funcionário da empresa Taurus, foi realizar a manutenção de armas de fogo de um batalhão da Polícia Militar, na zona central do Rio de Janeiro.
“Nossa equipe estava lá e chegou um policial, mais gordinho, com uma camiseta mais aberta, daquelas de botão, com corrente e relógio de ouro. Começou a perguntar o que a gente queria ali, arrumando as armas da Taurus, que ele disse que não prestavam. Do nada, ele falou que a gente deveria era arrumar as armas do Playboy”, contou Corrêa.
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O policial se referia a um dos principais traficantes do Rio de Janeiro na época, Celso Pinheiro Pimenta, conhecido pelo apelido Playboy. Ele comandava uma das maiores facções do estado, com poder bélico estimado em mais de 300 fuzis. Condenado por crimes como tráfico de drogas, roubo e homicídio qualificado, o homem de 33 anos era foragido do sistema penitenciário e a polícia oferecia R$ 50 mil por informações que levassem a sua captura.
Playboy, último remanescente da quadrilha de Pedro Machado Lomba Neto, o Pedro Dom, que durante anos aterrorizou moradores do Rio de Janeiro, morreu em 8 de agosto de 2015, após ser baleado durante troca de tiros com agentes da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) da Polícia Civil, em uma operação no Morro da Pedreira, na Zona Norte do Rio.
“Um colega meu, que já estava bem estressado no dia, disse que não tinha nada disso do Playboy, que ele já era, morreu. Aí o cara comentou: ‘agora quem manda sou eu’. Aquilo criou uma tensão, nós ficamos nos olhando, clima estranho, e logo depois mudamos de assunto”, relatou Rafael Corrêa.
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Complexo da Maré
Mais tarde, ao perguntar se os armeiros da Taurus precisavam de algo, o mesmo PM tirou uma grande quantidade de notas do bolso da camisa. “Ele contou notas de R$ 50,00 e R$ 100,00, deu para um soldado e disse: ‘compra lá tudo que eles precisam’”, lembrou o armeiro. O subordinado trouxe lâmpadas e fios de luz para instalar iluminação adequada aos funcionários da Taurus.
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“Imagina um policial que tirou dinheiro do bolso para comprar essas coisas e falou para fazer arma do Playboy. O que vai se pensar de um cara desses?”, comentou Corrêa no podcast. Ele ainda detalhou outra situação de tensão vivida no Rio, desta vez junto ao 22º Batalhão de Polícia Militar. A visita da Taurus naquela sede da polícia, que fica às margens da Linha Vermelha, na entrada do conjunto de favelas do Complexo da Maré, zona norte do Rio, aconteceu no dia seguinte a uma operação em que cinco criminosos do local haviam morrido em confronto.
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No episódio completo do Papo de Polícia, Rafael Corrêa ainda falou sobre a necessidade de manutenção nos materiais bélicos e a baixa incidência de policiais que cuidam de suas armas. Ainda explicou quais os pré-requisitos para quem deseja ter uma arma de fogo e o que mudou na legislação do armamento.
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