Entre abril e maio de 1752, iniciou-se a construção da Fortaleza Jesus Maria José do Rio Pardo. O local escolhido foi o alto de um penhasco, com vista para o Rio Jacuí, dominando, assim, a várzea fronteira ao sul. Essa construção começou por conta da missão de demarcação de fronteiras determinada pelo Tratado de Madrid, quando o General Gomes Freire de Andrade mandou construir no Passo do Jacuí um pequeno forte, ou tranqueira.
“Tranqueira é sinônimo de forte”, explica Flávio Augusto Wunderlich, diretor de Turismo da Secretaria do Turismo, Cultura, Juventude, Esporte e Lazer de Rio Pardo.
De acordo com pesquisas feitas pela professora Sílvia Barros, o plano inicial da obra, feito pelo engenheiro João Gomes de Mello, foi realizado em dois meses por contingentes dos Dragões do Rio Grande, comandados pelo tenente coronel Thomaz Luiz Osório, com o auxílio de 60 aventureiros de Viamão, comandados pelo tenente de Dragões Francisco Pinto Bandeira. Em 1754, após um ataque dos índios missioneiros liderados por Sepé Tiarajú, foi reforçado pelo engenheiro José Fernandes Pinto Alpoim.
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Durante a Guerra Guaranítica, a Fortaleza de Rio Pardo concentrou as tropas portuguesas que lutaram contra os índios missioneiros. Resistiu às investidas dos indígenas e, após a anulação do Tratado de Madri, foi um obstáculo intransponível às tentativas espanholas de conquistar as terras gaúchas – o que lhe valeu o título de Tranqueira Invicta. Wunderlich elenca alguns breves motivos que fizeram os espanhóis não chegarem até o forte. “Uma região alta, mais de 15 metros para chegar. Um rio para atravessar, não saberem nadar e terem armas à base de pólvora.”
Segundo a professora Sílvia, é possível afirmar que a resistência da Fortaleza Jesus Maria José do Rio Pardo consolidou a conquista e a colonização das terras do sul do Brasil pelos portugueses. A historiadora Dariane Labres, da Gestão de Projetos e Curadoria de Museus Municipais na secretaria, complementa que, afetiva e politicamente, é importante o título de Tranqueira Invicta: mesmo que algumas batalhas tenham sido perdidas, a guerra foi vencida. “Foi importante o papel destes soldados que aqui estavam”, completa.
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OS TÚNEIS EXISTIRAM?
O imaginário popular rio-pardense difunde em rodas de conversa o mistério dos túneis que teriam existido no município. Dariane Labres explica que Rio Pardo, como qualquer outra cidade que passava por ameaças de guerra, tinha algumas áreas de segurança. Principalmente próximo a locais de grande concentração de pessoas, fossem eles religiosos ou militares, essas áreas poderiam ser pequenos porões ou dutos, por exemplo. Ali serviriam para a salvaguarda de mulheres, crianças e objetos de valor.
A partir daí, surgem os rumores de que as três principais igrejas – Nossa Senhora do Rosário, São Francisco e Senhor dos Passos – teriam ligações e espaços de fuga, que nunca foram encontrados. Já Wunderlich indica que os rumores da existência de túneis podem ter surgido por brincadeiras, “aventuras de crianças”, que adentraram tubulações mais antigas, utilizadas no primeiro esboço de saneamento básico assim que Rio Pardo começou a ser ocupada.
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Outra possibilidade seria uma figura de linguagem e os túneis poderiam ser aéreos. Wunderlich explica que as três igrejas estão em pontos estratégicos e os túneis seriam a comunicação pelas torres, por exemplo, pelo badalar.
Se de fato as passagens existiram, não sabemos, mas que a história movimenta a imaginação popular, isso movimenta.
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Na próxima semana, vamos contar a história da Igreja São Francisco e a lenda do Fogo Morto.
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