Por mais de dois anos a ordem de ficar em casa impôs uma mudança inimaginável na rotina de todos nós, do mundo. É impossível mensurar os prejuízos causados na formação de várias gerações de estudantes, por exemplo, além dos reflexos pela interrupção na convivência social dentro das escolas. Sem falar dos impactos econômicos causados pelo fechamento de milhares de empresas e a consequente extinção de inúmeros empregos, com reflexos jamais vistos.
Com o passar do tempo, tornam-se públicos estudos relativos à saúde mental dos brasileiros. Pelos próximos anos teremos levantamentos científicos mais apurados, capazes de dar a dimensão exata do que realmente aconteceu em diversos segmentos. Depressão, comportamento bipolar, desânimo, tristeza profunda e sentimento de solidão são sintomas que impuseram um duro golpe na saúde mental da população. Será uma sombra a nos acompanhar por muito tempo.
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No Rio Grande do Sul, o Setembro Amarelo foi concebido para combater a depressão, moléstia silenciosa que vitima milhares de vida a cada ano. Nosso Estado detém as mais altas taxas de suicídio do Brasil. Antes da pandemia, estudos científicos indicavam que 13,5% da população gaúcha sofria da doença. Esse índice pulou para 16% durante e no pós-pandemia. Trata-se de uma doença que atinge mais intensamente a população localizada entre 18 e 24 anos. No rastro da depressão vem o aumento dos suicídios, considerada a quarta maior causa de mortes no Brasil na faixa etária de 15 a 19 anos. Um alerta que exige atenção, cuidados e ações concretas.
Os jovens sofreram intensamente ao longo da pandemia. Sem vida noturna ou namoro presencial, além de outros prazeres da idade, foram confrontados pelo espelho. Eles não tinham com quem dividir as angústias de forma presencial. Para eles, ficou consolidada a ideia de que “o tempo parou”, aumentando sentimentos de ansiedade, depressão, desespero e o crescente sentimento de solidão.
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No Rio Grande do Sul, Venâncio Aires registra os maiores índices de suicídios. “Dar um fim em tudo, principalmente no sofrimento muito intenso”, leva as pessoas ao gesto extremo de acabar com a própria vida.
Na retomada da normalidade da rotina, é fundamental oferecer apoio e tratamento a quem sofre em consequência de decisões nem sempre baseadas na ciência. O empirismo de algumas determinações marcou o pico da pandemia. E cobrará elevado custo humano por muito tempo. Salvamos vidas, mas outras tantas foram comprometidas de forma irreversível, obrigadas a conviver com o fantasma da solidão compulsória.
Vamos recuperar a economia. Mas os milhões de desempregados e afetados pela pandemia que mergulharam na depressão algum dia terão vida normal? Isso não tem preço.
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