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Longevidade

Vida sofrida foi desafio para seu Valdevino

As dificuldades na infância, o frio, a fome e o trabalho pesado na lavoura, antes que provocar desânimo, foram um desafio para Valdevino Borges da Silva. Nesta segunda-feira, o aposentado estará completando 100 anos, lúcido e com muita saúde.

O ancião, que é chamado de Vozinho pela família e vizinhos, reside nos altos da Rua José do Patrocínio, no Bairro Senai, em Santa Cruz do Sul. Ele nasceu na localidade de Murta, no interior de Sobradinho, em 24 de agosto de 1915. Aos quatro anos, ficou órfão de mãe e foi criado pelo pai, por algum tempo. Depois, passou a viver com uma família de agricultores. Lembra que a infância foi difícil e que chegou a passar fome e frio. “O inverno não era como hoje. Peguei muita geada e até neve na serra de Sobradinho.”

Conta que o trabalho na lavoura era pesado, pois não havia máquinas e tudo precisava ser feito manualmente. Ele também morou na localidade de Lajeado-Sobradinho, onde o acesso era difícil. Para ir ao armazém, saía de casa por volta das 6 horas e só voltava à tarde. Tudo era  feito a pé, passando por trilhas no meio dos morros e nos sete passos do Arroio Lajeado. Em épocas de enchentes, não tinha como atravessar.

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Valdevino foi casado com Florinda Ferreira da Silva, que faleceu em 2013. O casal teve nove filhos, 16 bisnetos e um trineto. Desde 1986, quando se aposentou na lavoura, mora com a filha Francina Padilha. Ele garante não ter nenhum segredo para chegar saudável aos 100 anos.

“Nunca estive doente e meu pai Vitoriano faleceu com 110 anos. Isso é de família”, conta. Diz que seu prato predileto é o churrasco com carne gorda e a comida deve ser preparada com banha, para ter mais sabor.

Em família

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Francina explica que o pai gosta mais de ouvir do que falar. Muitas vezes, conta as dificuldades que enfrentou no passado. Hoje, gosta de assistir filmes na televisão, de ouvir música gospel e de acompanhar as pregações dos pastores na Igreja Brasil para Cristo.

Para a filha, a saúde física e mental do pai está muito ligada à vida que leva. Ele está sempre cercado pela família. “Diariamente, os filhos, genros e netos estão aqui, conversando com ele.” Neste domingo, todos se reúnem para comemorar o centenário do idoso.

Valdevino não bebe, mas come de tudo. Até os 70 anos, fumava cigarro de palha, com fumo em corda feito na colônia. Só uma vez, experimentou cigarro industrial e não gostou. Quando passou a ter dificuldades para encontrar o tabaco natural na cidade, decidiu parar de fumar.

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