Maria Cristina, hoje com 51 anos, já tinha um filho. E o nome dele é Frederico. Certo dia, a costureira Cristina, como é conhecida, chegou para o marido, o Paulo, e disse: “Uma criança precisa de outra criança para brincar. Filho único é muito solitário. Vamos fazer mais um?”. O argumento de Cristina sensibilizou o companheiro. E ela, então com 36 anos, teve o segundo filho tão desejado.
A escolha do nome veio depois. Ao ouvir o nome Josué em uma passagem bíblica, citada em um programa religioso da Rádio Gazeta, Cristina não teve dúvida: o segundo filho se chamaria Josué Augusto Severo. A principal preocupação do casal Paulo e Cristina sempre foi a de educar os filhos, desde muito pequenos, com firmeza, disciplina e respeito. Na casa dos Severo não é permitido, por exemplo, em hipótese alguma, falar palavrão, conforme o garoto mesmo especifica. Especialmente a mãe, Cristina, foi quem adquiriu experiência em educar crianças ainda adolescente. Aos 13 anos, e de família muito pobre, começou a trabalhar de babá cuidando de três crianças durante 12 anos. Aos 28, conheceu Paulo, com quem casou e se orgulha até hoje da família que tem.
Uma das regras, por exemplo, na casa que fica no Bairro Faxinal Menino Deus, é simples: lá, todos cozinham, todos lavam a louça, todos lavam a roupa e todos têm a obrigação de manter os quartos em ordem. “O trabalho em casa precisa ser equipe, senão a coisa não funciona”, diz Cristina.
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Há cerca de três meses, o jovem Josué resolveu se desafiar e fazer algo a mais além de estudar: ele decidiu ser empreendedor. Aluno do 8º ano da Escola Estadual Polivalente, o garoto passou a conciliar os estudos com o trabalho de vendedor de doces pelas ruas de Santa Cruz do Sul. Mais precisamente, de brigadeiros. “Olá, tudo bem? Vai um docinho da dona Jane?”, oferece ele. É assim, com simpatia e sutileza, que o filho mais moço de Maria Cristina vem conquistando a clientela. Jane, a pessoa a quem ele se refere, é a senhora que o orienta na produção. “Tem um segredo que não posso revelar, mas as pessoas gostam dos docinhos e sempre me elogiam”, comenta o menino.
Com o apoio familiar e com a nova oportunidade criada por ele mesmo, Josué agora alimenta outros anseios. “Meu sonho é ser cozinheiro e fazer cursos para ser um bom profissional”, revela. A postura do menino já é elogiada também em sala de aula. Segundo uma de suas educadoras, Dislaine Spengler, Josué é um estudante solícito e muito educado. “São gestos pequenos que ele faz e que deixam a gente muito feliz no dia a dia. Ele é um garoto que participa, que sabe agradecer, que chama atenção dos colegas quando é preciso, que sabe pedir desculpas quando erra, que pede licença. É um orgulho para nós, educadores, poder conviver com um aluno assim”, relata ela.
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