Inspirada por sonoridades espalhadas entre o Pacífico e o Atlântico e com a América do Sul sob os pés, a musicista, cantora e compositora colombiana Victoria Saavedra lançou na semana passada seu primeiro álbum, Remanso entre Raízes, em todas as plataformas digitais. Ouça clicando aqui.
Victoria nasceu em Neiva e anos depois se mudou para Bogotá, ambas cidades na Colômbia. Em 2010 veio para São Paulo a fim de estudar e se aprimorar na música, carreira que escolheu de modo muito natural desde a infância. De sua terra natal trouxe o apoio da família, os sonhos e uma variedade de sonoridades e influências musicais, oriundas do sul do continente até as ilhas caribenhas. Chegando aqui encontrou a música brasileira e a intensa saudade da casa, matéria prima de suas composições sobre lugares de origem, pertencimento e empatia.
Produzido pelo também arranjador e baixista Pedro Dona, no estúdio Outra Margem (São Paulo –SP), Remanso entre Raízes nasceu das ideias e o esforço coletivo da banda de apoio de Victoria, cuja formação fixa se completa com os músicos Luca Frazão (violão) e Mateus Prado (percussão).
De músicas cantadas ora em espanhol, ora em português, o disco abre com “Vuelos de Maria”, melodia com ares de lando peruano que honra a força e a essência feminina em sempre se reinventar. Na sequência, “Passam” oferece um embalo brasileiro, tomado emprestado do xote, sobre uma letra que evoca a beleza de não saber o que esperar do desconhecido. Carlinhos Antunes, pesquisador musical e amigo de Victoria, toca os instrumentos cuatro e korá aqui.
Gotas musicais feitas pela própria Victoria em sua kalimba dão o tom soturno da romântica “Manto de Luna”, uma declaração de amor da musicista para a Lua e seus poderes. A nostálgica “Cumbia Triste” se orienta mais para a MPB graças ao violão, mas sem tirar o pé da latinidade por meio do acordeon de Adriano Magoo.
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O arranjo sofisticado feito de instrumentos como o guasá, o violão de seis cordas e a marimba de chonta – esta reproduzida pelo convidado especial Adrian Sabogal – marca a quinta faixa, “Tiempo del Tiempo”, cuja letra remete a constância e permanência do tempo como uma linha reta e inalterável.
A sexta, “Sul do Mundo” sintetiza a unidade temática do álbum evocando a América do Sul como uma das maiores inspirações e paixões de Victoria, numa melodia baseada no baixo. “Semblante” é daquelas de arranjo ritmado e vocal crescente, como a pressa de um dia vivido numa cidade grande. O violino de Ricardo Herz aterrissa no final da canção e potencializa a atmosfera envolvente da melodia.
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“Paradoxo”, a primeira letra feita para Remanso entre Raízes, é um tango de ambientação pop que fala da significância de sonhos e vontades pessoais quando já não são mais prioridades. “Tristeloquente” é a mais melancólica do álbum, pois trata das dores e tristezas que sentimos enquanto sociedade, durante tempos tumultuados.
O álbum fecha com “El Árbol de Pomarrosa”, uma lembrança doce da compositora em relação a sua cidade de origem na Colômbia, Neiva e da casa de seu avô cuja frente vivia colorida pelos pedaços de jambo rosa que eram deixados pelas bicadas dos passarinhos.
“Um disco de canções latino-americanas, de ritmos e elementos diversos, de fácil identificação e leve de se ouvir”, reflete Victoria sobre Remanso entre Raízes. “Eu falo de encarar medos, falo de saudades e lugares de pertencimento. São assuntos presentes em todos nós, por isso mesmo é um álbum para poder se ouvir sempre”, pontua.
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