A morte de um bebê de 1 ano e 3 meses após ataque de um cão acendeu um alerta sobre a criação dos animais e sobre o convívio com crianças. O caso ocorreu na última terça-feira, 8, em Novo Hamburgo, enquanto a criança estava na casa da avó que, ao tentar defender o neto, também sofreu escoriações.
O veterinário da Prefeitura de Santa Cruz do Sul, Tiago Alberto Haas Marques, diz que o ataque de cães tem mais a ver com o meio onde o cão vive, assim como a forma como é criado. “Um cão que é maltratado, que é preso a uma corrente ou em um canil minúsculo, que não é socializado com outros cães ou com pessoas, que não recebe atenção, que não recebe os cuidados e acompanhamentos básicos que necessita, pode por diversas vezes demostrar-se mais agressivo. Ainda, animais que sofrem maus-tratos podem ser determinados como mordedores viciosos, em que atacar e morder é uma atitude normal, isso tudo devido as situações impostas a eles pelos seus tutores”, ressaltou
Segundo Tiago, cães de diversas raças ou mesmo os considerados sem raça definida podem ser autores de ataques a pessoas ou outros animais. Além disso, o veterinário lembra que os cães têm um instinto ancestral de caça e de territoriedade intrínsecos, o que lhes transfere características e comportamentos próprios da espécie. “Outro ponto importante a enfatizar é que os cães em seu ambiente natural e de origem vivem em matilha, com uma organização hierárquica muito bem definida em que o Alfa, cão em nível hierárquico mais elevado, geralmente é o mais forte e destemido, sendo responsável por defender a matilha, bem como providenciar a alimentação”, falou.
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Em muitos casos os cachorros que cometem estes ataques acabam tornando-se os Alfa da matilha formada entre eles e seus tutores. “Muitas vezes, devido ao seu instinto de caça, qualquer indivíduo, principalmente pequeno como crianças, podem ser considerados como presas. O mesmo vale para os territorialistas, aqueles que tomam conta de um certo espaço físico. Estes identificam como seu o território e irão atacar quem invadir seu espaço”, ressaltou.
Convívio com crianças
O veterinário salienta que é importante, ao decidir ter um animal, estudar e conhecer as características da raça. No caso dos destinados à guarda e proteção, é importante ter o apoio de um adestrador. “Com o animal escolhido o fundamental é a socialização dos entes da família com o cão, bem como a adaptação com o ambiente. As atenções entre filhos, crianças e os cães deve ser dividida igualitariamente, para não criar vínculos de ciúmes.”
Qualquer que seja a raça, tamanho ou porte do cão, crianças ou idosos nunca devem ficar sozinhos com os animais. “Não se deve deixar crianças perto dos cães enquanto eles estão se alimentando. Passeios e brincadeiras devem ser acompanhados de adultos. Se o cachorro se sentir agredido ou acuado a reação é de defesa, que muitas vezes pode ser o ataque.”
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