De longa data sabe-se que a maioria do povo brasileiro não tem memória. Que não lê, que não sabe de nada, à exceção de telenovelas e bobagens do Facebook e do WhatsApp. Assim como a maioria não domina mais do que 400 palavras. Ou que há milhares de analfabetos.
Se a ignorância e a estupidez predominam, pergunto: como será possível promovermos a cultura da tolerância e uma virada estrutural no nosso destino republicano e nacional? Faz tempo que países como a Coreia do Sul, Irlanda e Chile, por exemplo, promoveram radicais e progressistas mudanças.
Faz tempo que – na última década, sobretudo – o mundo vivencia uma grande virada existencial, cultural, social e econômica. E não é apenas por causa do advento da definitiva emancipação feminina e da tecnologia digital, por exemplo.
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No campo socioeconômico, ainda que bastante desigual entre as nações, nunca dantes a humanidade experimentou tamanhas transformações positivas. Globalmente, milhões de pessoas saíram da miséria medieval. Da escassez à abundância, ainda que desigualmente distribuida.
É verdade que recrudesceram a xenofobia e o fundamentalismo islâmico. Porém, natural reação ao obsoletismo das fronteiras nacionais e a intensificação das migrações. O radicalismo de alguns deve-se muito mais à civilização do espetáculo, os excessos na guerra digital e, obviamente, a banalização das relações humanas.
Prosseguindo: com tudo isso acontecendo mundo afora, o que estamos fazendo internamente para promover a tolerância e uma virada comportamental? O que nos impede de organizar e definir uma agenda nacional de desenvolvimento integral e sustentável? De compreendermos a emergência das mudanças estruturais nas relações de trabalho e previdência, por exemplo, com tantos exemplos do que está acontecendo em temos de longevidade e transformações dos modelos tradicionais de trabalho e emprego?
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Não é à toa que o atual século é chamado de “século da vertigem”, da aceleração do tempo histórico e de “aldeia global”.
Se a dúvida acerca de comportamentos e reações necessárias e inevitáveis são perdoáveis ao homem comum e de poucas “letras e luzes”, repito, não é aceitável, porém, que doutores, acadêmicos e estudiosos estejam algemados aos grilhões do passado, na repetitiva retórica do vitimismo, do coitadismo e da teoria da conspiração.
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