Uma mensagem que circula em mídias sociais e grupos de WhatsApp recomenda o consumo de alimentos alcalinos como forma de proteção contra o novo coronavírus. A mensagem atribui a uma instituição chamada Virology Center, de Moscou (Rússia), a informação de que “a Covid-19 seria imune a organismos com um pH superior a 5,5”. “Precisamos consumir mais alimentos alcalinos que nos ajudem a aumentar o nível de pH para combater o vírus”, diz. Na sequência, são listados uma série de alimentos – limão, abacate, alho, manga, tangerina, abacaxi e laranja – com os respectivos valores de pH.
A informação, porém, é FALSA e não deve ser compartilhada. A Gazeta do Sul encaminhou a mensagem para o professor do departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), Fredi Quijano, que identificou diversos erros técnicos. O primeiro é que o coronavírus seria “imune” a organismos com determinados valores de pH. Conforme Quijano, o conceito de imunidade não se aplica a vírus, apenas a organismos mais complexos. O que pode ser discutido, portanto, é se o coronavírus resiste a determinadas condições.
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Além disso, a informação de que o coronavírus não resistiria a um pH superior a 5,5 não faz sentido, já que o pH médio do sangue humano é 7,4. Os próprios valores de pH atribuídos aos alimentos listados na mensagem estão incorretos, segundo o artigo “O pH de frutas nacionais”, publicado na Revista da Faculdade de Medicina Veterinária da USP. A mensagem aponta que o pH do limão, por exemplo, seria 9,9, bem acima da realidade (2,17 em média). “Esses valores de pH que estão na mensagem são de soda cáustica, são pHs muito altos, que acabariam com o sistema digestivo da pessoa”, explica Quijano.
A origem da suposta informação também é duvidosa, já que não há registros de alguma instituição chamada “Virology Center” em Moscou.
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