E Temer, que alcançou 105 decibéis de vaia na abertura dos Jogos Olímpicos, picou a mula, se acovardou e sumiu das festividades olímpicas sem ousar um breve tchau aos visitantes. O presidente em exercício envergonha o Brasil e expõe o grotesco de um governo que precisa andar nas sombras. É bom lembrar que esta foi a primeira vez que o nome de um presidente anfitrião dos Jogos Olímpicos não pode ser anunciado na abertura. O constrangimento foi grande.
Sumida também esteve a classe média indignada com a corrupção. Onde foram parar as paneladas e as camisas da CBF que desfilavam nos domingos ensolarados em protesto contra a imoralidade da corrupção? O moralismo tupiniquim merecia medalha.
Como levar a sério os ideólogos da Escola Sem Partido? Amparados em estratégias fascistas e antidemocráticas, os propaladores da mordaça mostram a que vieram. Não é sem sentido que este tipo de proposta tenha nascido de uma iniciativa da família Bolsonaro, que no embalo reacionário que emergiu a partir de 2014, deu vida à esquecida e ridicularizada proposta do procurador de Justiça Miguel Nagib, que desde 2004 vinha com este delírio. A hipocrisia dos defensores desta ideia é evidente. É o que demonstra um de seus idealizadores e responsável pela bizarrice na Assembleia do Estado do Rio Grande do Sul, o deputado Marcel Van Hattem (PP), flagrado, recentemente, distribuindo folhetos de sua campanha em uma escola pública de Três Cachoeiras.
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Como diz a colunista Cláudia Laitano, “num mundo em que informar-se sobre virtualmente qualquer assunto é mais fácil e rápido do que aprender a jogar canastra, imaginar que se pode controlar as ideias e os pontos de vista a que os filhos estão expostos — na escola ou em qualquer outro lugar — não é apenas pueril, mas anacrônico. Essa é apenas uma das muitas inconsistências do projeto Escola Sem Partido, que de tão despropositado nem merecia estar sendo discutido com tanta seriedade. A lista de problemas na educação é grande para a gente se dar ao luxo de perder tempo com bobagem”. De fato, tem razão o historiador Leandro Karnal ao afirmar que a Escola Sem Partido “é uma asneira conservadora”. Escola sem “ideologia” é a aposta no antipensamento, é um atentado à inteligência, uma forma policialesca de silenciamento, censura e, ainda, de proteção a políticos corruptos e governos antidemocráticos. É a ideologia que sustenta o golpe que vem destruindo a democracia. Defender ideias desta natureza não é só lamentável, é de causar vergonha alheia.
E o golpe vai se explicitando. Segundo a revista Forum, “um procurador da Operação Lava Jato disse que o sentimento comum na força-tarefa hoje é de que eles foram usados para derrubar a presidente Dilma Rousseff e, agora que o impeachment está quase consolidado, estão sendo descartados”. Segundo o procurador, “éramos lindos até o impeachment ser irreversível. Agora que já nos usaram, dizem chega”. Mas qual a surpresa?
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