Aproveitando o período de celebração do Dia da Mulher, a presidente da Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul, Bruna Molz, cumpriu agenda em Porto Alegre e aproveitou para visitar a vereadora mais jovem a ocupar uma cadeira do Legislativo santa-cruzense. Isaura Vani Molz, hoje com 75 anos, vive na Capital e contou um pouco da trajetória política.
A presidente da Câmara disse que todas as pessoas que vão à Câmara de Vereadores e se deparam com a Galeria 8 de Março, lhe questionam em função do mesmo sobrenome. “Sempre quis conhecer a Isaura e ver as dificuldades daquela época e de hoje”, comentou Bruna.
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Isaura disse que ficou muito feliz em receber a visita da vereadora. “É muito bonito de ver o envolvimento das mulheres na política e a Bruna tem um espírito de liderança que cativa e que é importante para deixar o ambiente político mais leve, especialmente porque deu voz à causa animal”, ressaltou.
Isaura contou que entrou na política a convite do presidente do MDB, Ruben Sérgio Kaempf, para concorrer à vereadora em Santa Cruz do Sul em 1968, com apenas 21 anos, quando se elegeu. Natural de Trombudo, atual Vale do Sol, ela era neta de um imigrante e filha única de um casal de comerciantes. Ruben era primo do então noivo de Isaura, o também santa-cruzense Mário Riedl – com quem é casada até hoje.
A ideia de concorrer à vereadora partiu da necessidade de incluir mulheres entre as candidatas. “Eu estava na faculdade e já sabia que iríamos morar fora. Meu marido já estava terminando o Mestrado e estava num programa do Governo Americano, quando recebi o convite para concorrer, para fazer número. Meu sogro tinha uma gráfica e fez um material e, assim, acabei me elegendo”.
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Ele relação à dificuldade de ser mulher vereadora num ambiente masculino na política e o machismo, ela revela que elas precisam comprovar serem melhores. “É preciso ter uma certa empáfia, sem ser arrogante. Buscar conhecimento, ser inteligente para enfrentar as situações. O brasileiro faz um pouco por machismo, mas muito pela ignorância”, cita.
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Uma vez eleita, a vereadora Isaura se sentia perseguida pela Ditadura Militar. “Aquele tempo era diferente, pois foi no auge da Ditadura Militar. Eu tinha o DOPS na minha cola. Só éramos três vereadores do MDB e o restante da Arena, que era dos militares”, observa. Ela conta que havia um teatro político, pois não se elegia o presidente no voto, o governador. Apenas se votava o prefeito e vereadores, que não tinham muito poder. Mantinha-se aquela estrutura política local, que não existia em outras instâncias. “E tinha aquele controle sobre a gente, especialmente eu, que já era uma pessoa mais intelectualizada, então eu era um perigo”.
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Ela conta que recebeu duas cartas de ameaças de morte, escritas num papel. Havia um juiz eleitoral em Santa Cruz (de nome Libório, ela não se recorda o sobrenome), e ele colocou alguém de guarda de segurança. “Eu fazia a faculdade no Colégio Sagrado Coração de Jesus – havia a extensão de um curso de Santa Maria – e ia para a faculdade à noite e essa pessoa me acompanhava. Sempre havia um carro por perto, que era uma espécie de ameaça. Na própria Câmara de Vereadores havia uma pessoa – um militar – que gravava tudo que a gente falava”, relembra.
No pleito de 1968, Isaura somou 534 votos e conquistou uma das 13 cadeiras da Câmara, tomando posse em janeiro de 1969 – hoje é a única viva ainda do seu grupo de vereadores (veja a lista de vereadores abaixo).
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Casou com Mário Riedl logo após a posse no Legislativo e, com isso, mudou-se para Porto Alegre. Numa época em que o Legislativo não tinha orçamento próprio e os vereadores sequer tinham direito a salário, ela passou a vir de ônibus de linha toda semana para acompanhar as sessões. Além de não receber, tirava do próprio bolso para exercer a vereança. Ela renunciou antes de chegar à metade do mandato, sendo substituída por José Antônio Rohlfes.
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Neste curto período, acumulou dois feitos históricos: foi a segunda vereadora de Santa Cruz e até hoje a mulher mais jovem a se eleger para a Câmara. Isaura renunciou devido a uma proposta recebida pelo marido para cursar doutorado nos Estados Unidos. Há 30 anos, é integrante de uma organização internacional de mulheres que mantém programas sociais em Porto Alegre.
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