Domingo acordei de ressaca. Achei que ainda dormia. A temperatura despencara de 36 para 26 graus, provocando um choque térmico e comportamental. Ao invés do bafo de calor que me recepcionava no banheiro todas as manhãs, depois da noite dormida sob o salvador ar-condicionado, fui recebido por uma brisa quase gelada.
Cético em relação às catastróficas previsões ambientais, confesso que começo a rever minha posição sobre aqueles que garantem que a natureza, de alguma maneira, começa a se vingar. A quantidade de absurdos cometidos contra o ambiente é colossal.
Os Estados Unidos enfrentam um onda de frio sem precedentes. Pessoas morrem congeladas em consequência de poucos minutos ao relento, apesar das roupas pesadas. Aqui, no nosso mundinho da bota e bombacha, o verão está inclemente como nunca.
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As enxurradas, tempestades e enchentes se repetem com uma frequência atroz. Deixam como rastro prejuízos e dor, especialmente entre as populações carentes residentes em regiões desprotegidas e que vivem sem infraestrutura para o enfrentamento de episódios naturais.
Viver no ambiente urbano é uma tortura nesta época de temperaturas escaldantes. O asfalto, o vidro e o concreto transformam as cidades em estufas, com temperaturas que chegam a 40 graus com facilidade. Hidratação e cuidados com a saúde se impõem, sob pena de graves resultados. E se o vivente for sedentário – como este que vos digita –, os transtornos podem ser ainda mais graves.
As mesmas árvores que ornamentam a nossa Capital, por exemplo, são armadilhas em dias de vento forte. Redes de energia, telefone e internet são rompidas. Carros e residências são atingidos e não raro pessoas são vitimadas pelas forças da natureza.
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A administração municipal não dispõe de meios – e muitas vezes vontade – para exercer o poder de fiscalização do mapa vegetal de Porto Alegre. Isto acontece em muitas cidades. Há muitas árvores podres, tomadas por ervas daninhas e outras pragas, com riscos iminentes de queda.
Os sinais sobre o desrespeito reiterado à preservação do equilíbrio do ecossistema são evidentes. Muitos duvidaram dos alertas, creditaram os avisos ao fanatismo de ecologistas, rechaçaram estudos, ignoraram comparativos.
Um alento é a consciência dos jovens em relação ao convívio com a natureza. Defendem o uso de canudos ecológicos, defendem os animais e nos advertem para vícios consolidados. Mas não é fácil mudar comportamentos e modernizar hábitos. Se não aderirmos à nova ordem de respeito à natureza nosso netos dificilmente terão do que cuidar.
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