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Vencendo o tempo: o moinho de pedra da família Schneider sobrevive

Uma polenta com carne de porco ou um molho de galinha caipira. Um pão de milho com melado e nata. Deu água na boca? Dois pratos à base da farinha de milho, algo que faz parte da família Schneider, residente em Linha Turvo, na divisa entre Arroio do Tigre e Segredo, há mais de quatro décadas. Tudo começou em 1955, quando Elíbio Schneider (in memoriam) decidiu criar o moinho. No início, as máquinas eram movimentadas a água para que o moinho de pedra funcionasse. A dificuldade era grande quando o arroio baixava e a escassez de água chegava. Até um barragem foi criada para que o moinho funcionasse algumas horas por dia. “A chegada da energia elétrica possibilitou que essa tradição pudesse se manter e a gente continuou com o moinho”, conta Eluí Schneider, hoje responsável pela produção da farinha de milho Schneider.

Ele e o irmão, Elemar (in memoriam), seguiram os passos do pai e aprimoraram o sistema. Ao longo do tempo, o moinho que era tocado a água já não pode mais ser usado. Adquiriram um novo equipamento, também de pedra, para dar continuidade ao trabalho. Atualmente, a produção é a principal atividade da família. A esposa de Eluí, há muitos anos atuou como professora. Hoje, Clardes Schlosser também auxilia o marido.

Em 1996 começaram a comercializar o produto em supermercados da região. Junto vieram as exigências e precisaram aperfeiçoar o processo de fabricação. Junto com a farinha de milho são adicionados o ácido fólico e o ferro. A aceitação do produto surpreendeu. A qualidade da farinha é o diferencial. “Muitos até me questionam o porquê da minha farinha ter um prazo de validade de 90 dias, enquanto outras marcas são de 180. Eu explico que a minha farinha não é desgerminada, o que garante o melhor sabor e a consistência da farinha”, destaca. Outro ponto importante é que a família não mantém um estoque do produto. “A fabricação é conforme os pedidos chegam, pois sempre queremos entregar um produto novinho”, garante.

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A farinha que nasce na lavoura

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Antes do grão virar farinha há muito planejamento e processos a serem feitos. Tudo começa com a escolha da variedade do milho, o cuidado e os manejos, além do auxílio do tempo para que a produtividade seja boa. Após a colheita, o grão precisa ser seco para que possa virar farinha. As sementes são depositadas em um sacador que funciona através de túneis de ar, que são aquecidos pelo sol. Esse ar é puxado por um exaustor. Esse processo, segundo Eluí, é muito importante, pois o milho precisa ser seco em um processo lento. No inverno a dificuldade é maior, pois há muita umidade. Por isso a família adaptou uma fornalha para garantir o aquecimento. Após muitos processos de limpeza, o grão chega até o moinho feito de pedras de areia.

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